Penso que se compreendeu hoje a razão pela qual a Missa em Dó Maior não é considerada entre as melhores criações de Beethoven.
À excepção do Kyrie, onde um motivo melódico simples lhe confere um carácter especial e curiosamente acima do vulgar (e que se repete no final da obra), tudo o resto não é mais do que uma sequência pouco emblemática de classicismo em jeito de "enche o tempo".
Talvez por tudo isto, não tenha vibrado particularmente com o concerto. Os solistas (Michaela Kaune, Simona Ivas, Noah Stewart e Philipe Fourcade) estiveram bem enquanto grupo, mas também, a par com a obra, não deslumbraram individualmente.
A segunda parte trouxe a música de cena para Egmont, da qual talvez conheçamos melhor a célebre abertura. Fernando Luís, excelente actor português, embora "clinicamente" rouco, conseguiu imprimir emoção a um texto que facilmente e nestes tempos de crise, podia ser ecoado em manifestações anti-Troika. Também aqui, na minha opinião (talvez inculta), à excepção da abertura, a grandiosidade criativa de Beethoven não se revela.
Também assisti À Missa em Dó Maior. Não foi nada empolgante e os solistas muito abaixo do que habitualmente se ouve na Gulbenkian. Nenhuma das vozes era bonita e o barítono mal se ouviu. Uma pena.
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