terça-feira, 30 de novembro de 2010

SERSE – Kungliga Operan, Estocolmo, Novembro de 2010


(review in english below)

Serse, uma ópera de G F Handel com libretto de Bononcini é uma obra não muito conhecida do compositor, embora contenha uma das mais belas árias operáticas alguma vez escritas – Ombra mai fu.



Xerxes (Serce), rei da Pérsia, goza a sombra de uma árvore quando chega o irmão Arsamene, procurando Romilda, por quem estão ambos apaixonados. A noiva do rei, Amastre, é preterida por Romilda, mas esta ama o irmão e recusa sempre Xerxes que, apesar dos seus esforços, não consegue ver o seu amor correspondido. Amastre e Arsamene provocam uma série de situações de intriga para conseguirem levar a bom termo as suas preferências amorosas. No final, Xerxes fica com Amastre, que o ama fielmente. Romilda e Arsamene casam e acabam como um casal feliz, abençoado por Xerxes.

Para além da Ombra mai fu, também conhecido como o Largo de Handel, a ópera tem várias outras árias de interesse, como Piu che penso e Cruda furia de Xerxes, uma notável ária de bravura. Para os apreciadores do barroco, entre os quais me incluo, a obra está muito acima do banal.


A encenação de Daniel Slater trás a acção para o início do Século XX. A ópera abre com a recepção de um hotel e a célebre ária de entrada (Ombra mai fu) tem como árvore alvo uma planta da recepção do hotel. Depois este transforma-se em spa, bar e aeroporto. Uma abordagem moderna com alguma graça, mas não mais que isso.
O maestro foi Andreas Stoehr que dirigiu com elevação a Kungliga Hovkapellet, uma orquestra barroca de qualidade. O Coro da Opera Real de Estocolmo também esteve bem.

As interpretações, todas por cantores desconhecidos para mim, foram de nível muito bom e dominadas por intérpretes femininas. Não houve intervenção de contra-tenores.

O mezzo-soprano Karolina Blixt foi um rei Xerxes de qualidade notável. Voz de grande potência e beleza, com graves possantes e agudos seguros foi a melhor em cena. O papel é muito exigente, está quase sempre em cena e, embora tenha começado com alguma intranquilidade (e o início é logo a ária Ombra mai fu), quando aqueceu cresceu em volume e qualidade.


((parte das fotografias são do programa da Ópera Real de Estocolmo)

Matilda Paulsson, mezzo-soprano, interpretou o irmão Arsamene. Também este globalmente bem, mas a voz era pequena e, nem sempre bem projectada.

Romilda foi interpretada pelo soprano Ida Falk Winland que foi outra grande da noite. Voz potente, timbre claro e bonito, agudos seguros e mantidos caracterizaram a interpretação ao longo da récita.

O mezzo-soprano Katarina Leoson fez a Amastre numa interpretação banal mas agradável, embora com pouca potência vocal.



***



SERSE - Kungliga Operan, Stockholm, November 2010

Serse, an opera of GF Handel with libretto by Bononcini is not one of the best known operas of the composer, although it contains one of the most beautiful operatic arias ever written - Ombra mai fu.

Xerxes (Serce), king of Persia, enjoys the shade of a tree when his brother Arsamene arrives, looking for Romilda. Both are in love with her. The bride of the king, Amastre, is changed by Romilda, but she loves her brother and always refuses Xerxes who, despite his efforts, can not see his love accepted by her. Amastre and Arsamene cause a range of intrigues to be able to reach their loved choices. In the end, Xerxes joins Amastre, who loves him faithfully. Romilda and Arsamene get married and end up as a happy couple, blessed by Xerxes.

Apart from Ombra mai fu, also known as the Largo of Handel, the opera several other arias of interest, such as Piu che penso and Cruda furia by Xerxes, a remarkable bravura aria. For lovers of the Baroque, including myself, the work is far above the banal.

The Staging of Daniel Slater puts the action at the beginning of the twentieth century. The opera opens with the reception of a hotel and the famous first aria from (Ombra mai fu) is dedicated to a plant from the hotel reception. The hotel reception becomes a spa, a bar and an airport. A modern funny setting, but not more than that.

The conductor was Andreas Stoehr who did a very good job with the Kungliga Hovkapellet, a baroque orchestra of quality. The Choir of the Royal Opera of Stockholm was also good.

The soloists, all unknown to me, showed a very good level and were dominated by female singers. There were no counter-tenors in the cast.

Mezzo-soprano Karolina Blixt was a king Xerxes of high quality. The voice had great power and beauty with powerful low range and steady top notes. She was the best on stage. The role is very demanding, she's almost always on stage and, although she started apparently with some discomfort (and the beginning is the aria Ombra mai fu) when she warmed up, the voice grew in volume and quality.

Matilda Paulsson, mezzo-soprano, played Arsamene, the brother. She was also well, although the voice was small and not always with good projection.

Romilda was interpreted by soprano Ida Falk Winland. She was another great singer. Strong voice, clear and beautiful timbre, top notes were strong and steady and characterized the interpretation along the performance.

Mezzo-soprano Katarina Leoson played Amastre in a normal but pleasant interpretation, though without a big vocal power.


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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

La Traviata, com Edita Gruberova - Hamburgische Staatsoper - 12 de Novembro de 2010






























No dia 12 de Novembro de 2010, a Ópera de Hamburgo recebeu uma das maiores cantoras líricas de todos os tempos - Edita Gruberova - que interpretou, alegadamente pela última vez em versão encenada, o papel de Violetta Valéry em La Traviata, de Giuseppe Verdi.

Como sempre, a presença da Primadonna Assoluta levou a que a casa estivesse esgotada, com inúmeras pessoas no exterior a desesperar por um bilhete. O ambiente era de grande expectativa. E, uma vez mais, a expectativa foi coroada de êxito e o milagre voltou a acontecer: Edita Gruberova revelou ser uma das maiores intérpretes de sempre deste papel, deslumbrando o público que enchia por completo a Hamburgische Staatsoper.

Os cenários eram clássicos e grandiosos. No primeiro acto, Edita surgiu com um vestido de noite branco, na sala de baile. Deslizava com graciosidade sobre o palco, enchendo de champagne os copos dos seus convivas. Enquanto o fazia, sorria e fazia soar as primeiras notas que, com a maior elegância, brotavam da sua voz cristalina.

E foi, precisamente, logo neste primeiro acto, que a Gruberova triunfou ao cantar com um vigor impressionante È strano! ... Ah, fors'è lui. Follie! Follie! ... Sempre libera. O público foi levado ao delírio, perante o desempenho não só vocal, mas também interpretativo, que foi verdadeiramente impressionante.

No segundo acto, Edita transmitiu duma forma absolutamente tocante a dor de Violetta ao aceitar a separação de Alfredo, a pedido de seu pai. As lágrimas brotavam verdadeiramente dos seus olhos enquanto cantava, num pianissimo arrepiante, Ah! Ditte alla giovane.

No terceiro acto, a Gruberova também arrepiou o público enquanto cantava, tombada no solo após a humilhação a que Violeta tinha sido submetida por Alfredo na casa de Flora, Alfredo, Alfredo, di questo core.

Mas o clímax do dramatismo interpretativo, surgiu no quarto e último acto. No final da leitura da carta, a Gruberova exclamou com uma profundidade e uma dor arrepiantes "È tardi", transmitindo um desespero imenso. Seguidamente, Edita Gruberova emitiu os mais supreendentes agudos em pianissimo, na ária Addio del passato. No final desta dificílima ária, houve uma ovação em cena impressionante, de vários minutos, em que o público não cessava de gritar "Brava! Brava!". Edita, reconhecida, inclinou-se em sinal de agradecimento.

Mas a ópera ainda não havia terminado. Seguiram-se duos formidáveis com José Bros (Alfredo). No final, Edita conseguiu comunicar ao público a sensação de que a sua alma principava a elevar-se, antes de tombar inanimada no solo, no momento em que a ópera termina. Notem que, apesar dos seus 64 anos, Edita Gruberova mantém uma capacidade física notável, não se coibindo de toda a gestualidade e actividade física cénica, tal como cantar em posições difíceis, inclinada ou deitada, bem como tombar no solo. Impressionante!

Após uma interminável sucessão de aplausos no final da ópera, em que Edita foi premiada com numerosos ramos de flores que lhe foram atirados pelo público, seguiu-se, no palco, uma homenagem prestada pela Hamburgische Staatsoper. Nesse dia (12 de Novembro), comemoravam-se exactamente 40 anos desde a primeira vez que Edita Gruberova actuou naquele palco. No palco foi colocada uma mesa e um pequeno canapé, no qual Edita se sentou. Atrás de si, estavam de pé todos os cantores. Ao lado de Edita e em pé, estava a maestrina titular da Orquestra Filarmónica de Hamburgo - Simone Young - que proferiu palavras de profundo agradecimento a Edita Gruberova por todos os magníficos momentos que tinha oferecido ao público, naquele palco, ao longo dos últimos quarenta anos. Enumerou os diversos papéis que Edita interpretou naquela casa. Por fim, ofereceu a Edita uma fotografia sua no papel de Zerbinetta (na ópera Ariadne auf Naxos de Richard Strauss), no início dos anos setenta, naquele palco. O público aplaudia de pé, vigorosamente.

Por fim, Edita Gruberova tomou a palavra para agradecer a homenagem e, entre outras palavras simpáticas, para dizer ao público "vamo-nos vendo por aí nos próximos... 40 anos?!". Com um enorme sentido de humor e, ao mesmo tempo, revelando uma energia fantástica, Edita disse assim ao público que pode continuar a contar com a sua presença. O público aplaudiu intensamente e Edita teve ainda de regressar inúmeras vezes ao palco, perante o público que gritava incessantemente pelo seu nome: "Edita!!!"
Ao lado de Edita, estiveram José Bros (Alfredo), Dalibor Jenis (Giorgio Germont) e Renate Spingler (Flora).

domingo, 21 de novembro de 2010

Strauss, Mozart & Mahler - Fundação Calouste Gulbenkian - 18 Novembro 2010

(review in english below)

Estive na 5ª feira passada neste concerto da Gulbenkian e vou ser muito breve na minha crítica a qual poderão ver também no post que fiz no blog Ópera Lisboa de Plácido Zacarias, em resposta à crítica deste blogger embora referente ao concerto de 6ª feira.


Confesso que ia com grande expectativa porque Mahler é uma das minhas paixões.

O maestro Jean-Claude Casadesus não nos deu um Mahler vibrante e memorável. O último andamento revelou uma Olga Pasichnyk (desconhecida para mim...) com timbre bonito mas incapaz de, na maioria do tempo, se sobrepor à intensidade orquestral.
Para quem ouviu Simone Young dirigir a 5ª de Mahler na temporada passada, esta 4ª na mão da mesma teria sido provavelmente excelente.
A ausência de utilização de tempo rubato na abertura de o Morcego trouxe uma métrica aritmética algo incomodativa. Não gostei.
O concerto para piano e orquestra nº 24 de Mozart não é, por certo, o meu favorito. Acho que o brilhantismo desde David Kadouch, a um mês de fazer apenas 25 anos, não sobressaiu durante o concerto por uma direcção de orquestra pouco dinâmica, empastelada. Não escutei o espírito Mozartiano na sua essência e a sempre praticamente perfeita Orquestra Gulbenkian também não esteve ao seu nível por esta razão. Daí possa dizer que o melhor do concerto tenha sido realmente o extra de Kadouch com Chopin. Magnífica interpretação. Gelou todos no auditório (e especialmente durante a execução da mesma... sem os barulhos adventícios habituais...).

Aproveito para lamentar o cancelamento de Thomas Quasthoff da próxima 2ª feira na Gulbenkian. Embora tivesse na minha ideia que iria cantar o ciclo “A Bela Moleira” o que é certo é que seria “A viagem de Inverno”. Christine Schäfer substitui o barítono alemão. Embora tenha tido uma experiência agradável com Schäfer no Tamerlano de Londres deste ano, não acredito que acabe por ser um concerto muito interessante. Isto porque o meu gosto pessoal leva a preferir, como interpretes para estes ciclos de canções de Schubert, barítonos e não sopranos.


Strauss, Mozart & Mahler - Calouste Gulbenkian Foundation - 18th November 2010


Last Thursday evening I went to Fundação Calouste Gulbenkian and I shall be very brief in my review. My opinion can also be seen at the blog Ópera Lisboa by Plácido Zacarias, in response to his review of the same concert but performed on Friday.


I confess I went with great anticipation because Mahler is one of my passions.

The conductor Jean-Claude Casadesus did not give us a vibrant and memorable Mahler. The last movement revealed a Olga Pasichnyk (unknown to me ...) with beautiful tone but unable to, most of the time, take precedence over orchestral intensity.For those who heard Simone Young directing the 5th of Mahler last season, this 4 th in the same hand would probably have been excellent.
The lack of use of rubato in the Ouverture of Die Fledermaus brought a too much metric pace somewhat annoying. I did not like it.
Mozart’s piano concerto nº 24 is far from being my favourite one. I think the brilliance of David Kadouch, a month away from completing 25 years of age, was not so evident due to a sluggish conducting. The Mozart essence and spirit were missing and the almost always perfect Gulbenkian Orchestra failed to perfection also by the conducting problem. It can be said that the best of the concert was really the extra by Kadouch (a Chopin’s Nocturne). Beautiful interpretation. It froze everyone in the audience (it really stopped the usual adventitious noises ...).


I would like to take this opportunity to inform and to sorrow the cancellation of Thomas Quasthoff's concert on next Monday at the Gulbenkian. I had the idea that he would be singing “Die schöne Müllerin”, but instead it was “Winterrreise”. Christine Schäfer replaces the German baritone. Although I have had a pleasant experience with Schäfer in Tamerlano this year, I do not believe it will eventually be a very interesting concert, mainly because my personal taste leds me to prefer baritones and not sopranos for these song cycles.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

19 de Novembro – Primeiro Aniversário do Fanáticos da Ópera


O blogue Fanáticos da Ópera faz hoje um ano!


Eu e o wagner_fanatic, dois colegas de profissão e amantes da lírica, tínhamos por hábito discutir as experiências operáticas que íamos vivendo. Por vezes recordávamos espectáculos antigos e lamentávamos não ter um registo mais objectivo de factos que evocávamos: uma récita fabulosa, uma (ou várias) interpretações arrasadoras, uma encenação marcante, um encontro inesperado (ou procurado na stage door) com um artista, um episódio insólito. Então surge a ideia de … um blogue! Assim poderíamos gravar de forma mais permanente as nossas memórias e estas poderiam ser lidas por outros.

Mas, como fazê-lo? O melhor seria, humildemente, assumir a nossa ignorância sobre como entrar activamente na blogosfera e pedir ajuda a amigos. Todos nos disseram que era facílimo! “Bastava seguir as instruções”. Resolvemos começar, a medo, e o início do Fanáticos da Ópera é um espelho da nossa total inexperiência.

Fomos fazendo os nossos relatos e eis que, quatro meses depois (!), surge o primeiro comentário de um desconhecido! O que fazer agora? Agradece-se? Responde-se?
Deixámos passar. Até que escrevemos sobre a uma ópera (de má memória) no São Carlos, Die Fledermaus. Chovem os comentários de diversas naturezas (a expressão parece exagerada mas, até aí, tínhamos recebido apenas um), o que foi uma revelação para nós e o primeiro indício que havia mais gente do que pensávamos a ler o blogue.

Em Julho dá-se uma grande mais valia – a inclusão de outro autor – o FanáticoDois. De agora em diante, passamos a ser três!

Entretanto, a chegada de comentários passou de rara a ocasional e, posteriormente, de ocasional a frequente. Com satisfação verificámos que alguns dos que comentavam o faziam repetidamente, o que indiciava visitas regulares, talvez por interesse ou curiosidade.

Verdadeiramente impressionante para nós foi o acesso à informação estatística que nos passou a ser facultada, já não me recordo quando, mas penso que no verão. Ficámos incrédulos com a quantidade e diversidade (geográfica) dos visitantes. Por curiosidade, vimos páginas do blogue traduzidas em inglês,



mas também em idiomas menos esperados como polaco, búlgaro,



hebraico, grego,







russo, chinês,



e japonês.



Ficámos contentes, orgulhosos e um pouco ambiciosos. Sim, ambiciosos porque introduzimos novidades, sempre pela mão do wagner_fanatic – em Agosto a inclusão de vídeos gravados no final dos espectáculos, em Setembro a tradução dos textos em inglês (o inglês "possível"!). E a coisa deu frutos porque recebemos referências no YouTube sobre os vídeos e apareceram os primeiros comentários em inglês (em Outubro), presumimos de quem não conheça a nossa língua.

Entretanto, ao fim de um ano de existência:
- Escrevemos sobre 72 espectáculos que vimos e ouvimos.
- Temos 27 seguidores “registados”, (incluindo nós próprios).
- Tivemos cerca de 23.400 visitantes desde o início de Julho de 2010.
- Verificámos que cerca de 45% das visitas foram de países estrangeiros (principalmente do Brasil mas no “top 10” estão também Alemanha, EUA, Reino Unido, Espanha, França, Áustria, Suiça e Itália).

Temos procurado acompanhar outros blogues escritos em português (e não só) que também dedicam parte significativa dos seus conteúdos à ópera. Da maioria dos seus autores e de outros comentadores temos recebido contributos muito enriquecedores. Mais uma vez os refiro:

- Paulo do Valkirio.
- Plácido Zacarias do Ópera Lisboa.
- Blogger do Ópera para Principiantes.
- Alberto Velez Grilo do Outras Escritas.
- Elsa Mendes do Ars Super Omnia.
- lotus-eater do Operasora
- Il Dissoluto Punito do Ópera e Demais Interesses (com pena nossa, do Dissoluto nunca tivemos um comentário, mas a elevada qualidade do blogue é sempre por nós salientada).
- Gus on Earth, demoura, Bartolomeu, Sr. José Mlinsky, e, os muito recém-aparecidos, Ali Hassan Ayache, LG, sonsprinter.

A todos, artistas dos espectáculos, autores dos outros blogues, comentadores e leitores, o nosso muito obrigado por enriquecerem este espaço com os vossos contributos! Bem hajam!

Quem diria, há um ano, quando começámos, que hoje estaríamos assim??




November 19th - The First Anniversary of OPERA FANATICS


Today is the first anniversary of The Opera Fanatics blog!


Wagner_fanatic and I, two colleagues in profession and opera lovers, had a habit of discussing the operatic experiments we were living. Sometimes we recalled old performances and we regretted that we did not have a more objective record of memorable moments: a fabulous recital, one (or several) extraordinary performances, a remarkable staging, an unexpected encounter (or searched for at the stage door) with an artist. Then, the idea of a blog came to mind! We could record in a more permanent medium our memories and at the same time these could be read by others.

But how could we go about it? The best would be to humbly accept our ignorance on how to actively engage in the blogosphere and ask for help from friends. Everyone told us it was a breeze! "Just follow the instructions." In fear, we decided to dive in. The beginning of the ”Opera Fanatics” is a mirror of our total inexperience.

We started our reports and, four months later (!), comes the first comment from a stranger! What now? Shall we thank? Or answer? In the end we did not respond to this comment. Until we wrote about an opera in the “São Carlos” opera house, Die Fledermaus (of bad memory). Comments of various kinds suddenly exploded (the term seems exaggerated, but until then we had received only one), these were a revelation for us and the first signal that there were more people than we thought reading the blog.

In July a big improvement takes place - the inclusion of another author - the “FanáticoDois”. From now on, we were three regular contributors!

And still the frequency of comments went from rare to occasional, and later from occasional to frequent. With satisfaction we found that some of those who commented did so repeatedly, which suggested regular reading of the blog, perhaps by interest or curiosity.

Truly impressive for us was the access to statistical information that we began to be provided to us, I do not remember when, but I think in the summer. We were incredulous at the amount and geographic diversity of our visitors. Surprisingly, we saw pages of the blog translated into English,


but also into less expected languages like Polish, Bulgarian,





Hebrew, Greek,







Russian, Chinese,




and Japanese.





We were happy and proud and became a little ambitious. Yes, ambitious because we introduced new features, always pushed by wagner_fanatic - in August the inclusion of videosrecorded at the end of performances (curtain calls) and in September the translation into English of the texts (the "possible" English!). These changes paid off because we got references on YouTube about our videos and the first comments in English appeared in the blog (in October), we assume from those who do not understand Portuguese.

Meanwhile, after a year of existence:
- We wrote about 72 performances we saw and heard.
- We have 27 "registered" followers, (including ourselves).
- We had 23 400 visitors since the beginning of July 2010.
- We found that about 45% of visitors were from foreign countries (mainly from Brazil but also in the "top 10" are Germany, USA, UK, Spain, France, Austria, Switzerland and Italy).

We have followed other blogs written in Portuguese (and not only), also devoted to opera. From the majority of their authors (and from other people) we have received enriching contributions. We mention them again:
- Paulo from the blog Valkirio.
- Placido Zacarias from the blog Opera Lisboa.
- Blogger's from the blog Opera para Principiantes.
- Alberto Velez Grilo from the blog Outras Escritas.
- Elsa Mendes from the blog Ars Super Omnia.
- lotus-eater do Operasora.
- Il Dissoluto Punito from the blog Opera e Demais Interesses (with regret, we never had a comment from Il Dissoluto, but the high quality of his blog is always underlined by us).
- Gus on Earth, demoura, Bartolomeu, Sr. José Mlinsky, and, the newcomers, Ali Hassan Ayache, LG, sonsprinter.

To all, artists, authors from other blogs, commentators and readers, our sincere thank you for the enrichment of our blog with your contributions!

Who would think a year ago, when we started, that “Opera Fanatics” would become what we are now?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vittorio Grigolo - The Italian Tenor

Vit.
(review in english below)

O tenor Vittorio Grigolo é um dos novos tenores em ascenção e a merecer a atenção dos Fanáticos. Tendo assistido à sua estreia na Royal Opera House, Londres, em Julho passado na produção da Manon de Jules Massenet, na companhia de Anna Netrebko, e da sua prestação, dois meses depois, no Rigoletto em Mantova com Plácido Domingo (críticas de ambos neste blog), o seu primeiro CD de árias era imperdível e impreterível na minha estante.


(Vittorio Grigolo como Des Grieux na Manon de Massenet - Royal Opera House - Jul 2010)

(Vittorio Grigolo como Duque de Mantua no Rigoletto de Verdi - Set 2010)



Aos 33 anos, e com um calendário comedido (opção sensata), parece apostar em formar a carreira em pequenos passos (poder-se-á escutar na Manon em Valência – Dezembro 2010, La Traviata em Berlim – Janeiro 2011 – 2 récitas, Rigoletto em Zurich – 1 récita, Romeu e Julieta em Milão – Junho 2011, com outras datas em Concertos pontuais).

Grigolo passeia-se com grande conforto e mestria sobre algumas das árias italianas mais famosas, maioritariamente de Verdi e Puccini.

Estamos a assistir a uma geração de cantores que, perdoem-me os que assim não acham, contrastam com alguns dos antigos ao não terem receio de exprimir na voz as emoções mesmo que isso implique sussurrar ou chorar notas. Grigolo é já mestre neste aspecto. Dotado de voz quente, de agudos fáceis mas seguros e fortes, timbre claro e sem vibrato constrangedor, tudo o que canta sente. Se cenicamente, por vezes parece exagerar, muito ao estilo de Villazon (o qual quase sempre exagera… ou exagerava ao ponto de se tornar algo irritante), ao escutar estas árias a sua expressividade parece mais equilibrada e no ponto ideal.

O seu ar de galã, no meu ponto de vista, torna-o provavelmente menos apto a representar papéis cómicos como os das óperas de Donizetti - O “Una Furtiva Lagrima” é talvez a ária menos conseguida neste CD. É nas árias do Rigoletto e de Il Trovatore que mais se consegue viver a potência de voz, fazendo paralelo com as de La Bohème e Tosca onde a emoção reina e nos comove facilmente.


(Vittorio Grigolo como Rodolfo em La Bohème - Metropolitan Opera, NY - Oct/Nov 2010)
Recomendo vivamente este CD a todos os Fanáticos por Ópera! Bravo Grigolo!



(as fotos apresentadas fazem parte do site do cantor www.vittoriogrigolo.com)

The tenor Vittorio Grigolo is one of the new tenors in a rising scale and he deserves the full attention of the Fanatics. Having seen his debut at the Royal Opera House, in London, last July, in the production of Jules Massenet's Manon, in the company of Anna Netrebko, and his performance, two months later, in Rigoletto in Mantova with Placido Domingo (both reviews on this blog), his first CD of arias was unmissable, and a must have on my shelf.


(Vittorio Grigolo as Des Grieux at Massenet's Manon - Royal Opera House - Jul 2010)

(Vittorio Grigolo as Il Duca di Mantova on Verdi's Rigoletto - Set 2010)

At the age of 33, and a well programmed schedule, avoiding excesses, he seems to be going on a “baby steps” career (he may be heard in Manon in Valencia - December 2010, La Traviata in Berlin - January 2011- 2 performances, Rigoletto in Zurich – one performance, Romeo and Juliet in Milan - June 2011, and in some isolated concerts on other specific dates).

Grigolo sings along on this CD with great comfort and mastery through some of the most famous Italian arias, mostly by Verdi and Puccini.

I am sorry for the ones that think otherwise but I believe we are seeing a generation of singers who contrast with some of the old singers in that they are not afraid to express emotions in their voices, even if it means to cry or whisper notes. Grigolo is already a master in this department. With its warm voice, easiness of high notes, which come out strong and secure, his clear tone without unpleasant vibrato, he clearly feels every note sung. If scenically sometimes he seems exaggerated, much to the style of Villazon (which almost always exaggerates ... or exaggerated to the point of becoming a bit annoying), when we listen to these arias, his expression appears more balanced.

His romantic looks, in my point of view, makes him less likely to be able to play roles such as the comic ones in the operas of Donizetti - The "Una furtiva lagrima" is perhaps the least successful aria on this CD. It is in the arias from Rigoletto and Il Trovatore that you can find the power of his voice. The ones from La Bohème and Tosca show you how his voice bursts in emotion and easily moves us into tears.

(Vittorio Grigolo as Rodolfo at the Metropolitan Opera La Bohème - Oct/Nov 2010)


I strongly recommend this CD to all the Opera Fanatics! Bravo Grigolo!


(The presented photos are from the tenor’s official site at www.vittoriogrigolo.com)