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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

TURANDOT, METropolitan Opera, Outubro / October 2019



(review in English below)

No ano da morte de Franco Zeffirelli, a Metropolitan Opera de Nova Iorque volta a exibir a produção que fez da ópera Turandot de G. Puccini, dedicada à sua memória, já comentada algumas vezes neste blogue. É uma encenação datada mas muito vistosa e exuberante, algo kitch, que ainda hoje desperta aplausos logo que a cortina sobe.



A direcção musical foi de qualidade e esteve a cargo do maestro Yannick Nézet-Séguin. A orquestra esteve muito bem e o coro esplêndido.



Nos protagonistas a soprano Christine Goerke foi uma princesa Turandot de voz forte e dura cumprindo sem deslumbrar.




O príncipe Calaf foi o tenor Yusif Eyvazov. Foi irregular na emissão vocal, muitas vezes não se ouviu e tem um timbre feio. E em palco é pouco expressivo. Em minha opinião não é um artista com o nível de qualidade que justifique a sua presença em papéis solistas de relevo numa companhia de ópera de topo como é a Metropolitan Opera de Nova Iorque. Contudo, como é o marido de Anna Netrebko, admito que faça parte do pacote da sua contratação (ela sim, uma cantora sublime), dado que está a cantar a ópera Macbeth no mesmo período.




A Liù foi superiormente interpretada pela soprano Eleonora Buratto, de longe a melhor cantora da noite. Voz sempre audível sobre o orquestra, timbre agradável e interpretação emotiva.


O Timur foi o veterano James Morris que cumpriu com dignidade.




 Ping (Alexey Lavrov) excelente, Pang (Tony Stevenson) e Pong (Eduardo Valdes) bons fizeram um trio interessante.




O Mandarim (Javier Arrey) mal se ouviu, mas cantou sempre na parte mais profunda do palco.








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TURANDOT, METropolitan Opera, New York, October 2019

In the year of Franco Zeffirelli's death, the New York Metropolitan Opera re-exhibits his production of G. Puccini's opera Turandot, dedicated to his memory, already commented a few times on this blog. It is a dated but very showy and exuberant staging that still arouses applause as soon as the curtain rises.
The musical direction was of good quality and was conducted by Yannick Nézet-Séguin. The orchestra was very good and the choir splendid.

In the soloists soprano Christine Goerke was a princess Turandot of strong and hard voice. She was ok without impressing.
Prince Calaf was tenor Yusif Eyvazov. He was irregular in vocal emission, often not heard and has an ugly tone. And on stage is little expressive. In my opinion, he is not a quality artist who justifies his presence in soloist roles in a top opera company such as the Metropolitan Opera of New York. However, as he is the husband of Anna Netrebko, I admit that it is part of the package of her hiring (she is a sublime singer), since she is singing the opera Macbeth in the same period.

Liù was superiorly performed by soprano Eleonora Buratto, by far the best singer of the night. The voice was always audible over the orchestra, pleasant timbre and emotive interpretation.

Timur was veteran James Morris who performed and sung with dignity. Excellent Ping (Alexey Lavrov), good Pang (Tony Stevenson) and good Pong (Eduardo Valdes) made an interesting trio. The Mandarin (Javier Arrey) was barely heard, but always sang in the deepest part of the stage.

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

LA FANCIULLA DEL WEST, METropolitan Opera, Outubro /October 2018


(review in English below)

La Fanciulla del West é uma das operas de Puccini menos vezes posta em cena. Também não está entre as minhas favoritas, mas ouve-se muito bem. Teve a estreia mundial na Metropolitan Opera em Dezembro de 1910 e foi um grande sucesso.
A produção agora em cena, da autoria de Giancarlo Del Monaco actualizada por Gregory Keller, é muito vistosa e grandiosa, numa abordagem clássica bem conseguida que até vários cavalos inclui. Em cada acto há cenários muito diferentes, a recordar o velho oeste no tempo da caça ao ouro.





O maestro Marco Armiliato esteve bem na condução da excelente Orquestra da Metropolitan Opera e deixou que os cantores se ouvissem.



A grande estrela da noite foi a soprano Eva-Maria Westbroek no papel de Minnie. Tem uma voz de enorme e sempre afinada, foi excelente tanto na componente vocal como na cénica, apenas nas notas mais agudas foi, por vezes, agreste.



O tenor Yusif Eyvazov foi um Dick Johnson estático e pouco convincente em palco. Tem um timbre vocal feio, começou de forma desastrada mas depois foi mais razoável mas irregular ao longo da ópera. Penso que a sua inclusão no elenco num teatro desta categoria, como solista principal, se deve mais ao facto de ser casado com Anna Netrebko do que das suas qualidades canoras que, de facto, não são de primeira água. É algo monocórdico e o registo não é uniforme em toda a extensão vocal.



Antes do início do espectáculo fomos informados que o barítono Zeljko Lucic estava constipado mas, ainda assim, cantaria. Foi muito estático na interpretação do Jack Range e irregular na interpretação vocal, com períodos em que mal se ouvia.



Há muitos outros cantores com papéis relativamente pequenos que tiveram interpretações globalmente boas, destacando-se os baixos Metthew Rose como Ashby, o agente da Wells Fargo, e Oren Gradus como Jack Wallace.

O espectáculo valeu pela encenação e pela Eva-Maria Westbroek.





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LA FANCIULLA DEL WEST, Metropolitan Opera, October 2018

La Fanciulla del West is one of the Puccini’s operas less frequently seen on stage. It's also not among my favorites, but it esay and nice to hear. It had a world premiere at the Metropolitan Opera in December 1910 and was a great success.
The production now on stage, by Giancarlo Del Monaco, updated by Gregory Keller, is very flashy and grandiose, in a classic approach that even several horses include. In each act there were very different scenarios, to remember the old west in the time of the gold hunt.

Maestro Marco Armiliato was very well in conducting the Orchestra of the Metropolitan Opera and let the singers be heard.

The big star of the night was soprano Eva-Maria Westbroek as Minnie. She has an enormous voice and always tuned, she was excellent in both the vocal and the scenic components. Only in the top notes she was sometimes rough.

Tenor Yusif Eyvazov was a static and unconvincing Dick Johnson on stage. He has an ugly vocal tone, started out clumsily but then he sung more reasonable but unevenly throughout the opera. I think that his inclusion in the cast in a theater of this category, as a principal soloist, is due more to being married to Anna Netrebko than to his vocal qualities, which are not really top quality. We was somewhat monochrome and the register was not uniform throughout the vocal extension.

Before the start of the show, we were informed that baritone Zeljko Lucic had a cold but he would still sing. He was very static in the interpretation of Jack Range and irregular in vocal interpretation, with periods when he was hardly heard.

There were many other singers with supporting roles that had good global performances, namely Matthew Rose Metros as Ashby, the agent of Wells Fargo, and Oren Gradus as Jack Wallace.

The show was worth the staging and Eva-Maria Westbroek.

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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

ANNA NETREBKO AQUECE A FRIA NOITE PAULISTANA




Crítica de Ali Hassan Ayache no Blog de Òpera & Ballet

O que pode aquecer a fria noite paulistana? A resposta é fácil, Anna Netrebko. O soprano se apresentou pelo Mozarteum Brasileiro no dia 06 de Agosto juntamente com o maridão Yusif Eyvazov na Sala São Paulo. Ingressos esgotados há semanas e uma disputa feroz pelas doações na porta e fila da hora são um sinal da enorme reputação do soprano.
  É difícil descrever a voz de Anna Netrebko, faltam adjetivos, tudo que você espera e imagina em uma grande cantora está presente. O lirismo, a técnica, o colorido dos harmônicos, os pianíssimos e um timbre brilhante, vivo e ardente. Voz única e especial que encarou árias e duetos complexos nunca perdendo a qualidade vocal em qualquer registro.  
 Abre com o dueto Già nella notte densa da ópera Otello de Verdi. Mostra uma voz madura, caminhando fácil para soprano spinto, bem diferente da Anna de décadas passadas de características puramente líricas. Seu repertório evolui de acordo com a idade e a maturação vocal, o soprano não pula etapas. 
  Na ária Pace, pace mio Dio da ópera La Forza del Destino de Verdi coloca credibilidade a personagem em uma apresentação cênica convincente e uma voz penetrante. O êxtase foi a ária Vissi d'arte da ópera Tosca de Puccini. Interpretação vocal arrebatadora em uma voz cravejada de diamantes. A melhor interpretação dessa ária que vi ao vivo até os dias de hoje.  
   Além de toda a qualidade vocal e cênica Anna Netrebko esbanja simpatia com o público. Ser estrela não é ser sisuda, nela sobra carisma e afeição ao público. Veio ao Brasil no auge vocal e encarou um repertório complexo chegando a dançar em alguns momentos. Diferente de outras cantoras que vieram para essas bandas com "noventa anos", cantaram árias moleza e faturaram uma bolada.
   Fechou brilhantemente com a ária O mio bambino caro da ópera Gianni Schichi de Puccini. Sonhamos em vê-la um dia cantando uma ópera completa na terra da garoa. 
  Não dever ser fácil cantar ao lado de tanto talento, Yusif Eyvazov se esforçou e fez uma apresentação digna ao lado da esposa. Pode ter empolgado o público, mas não aos entendidos. Escolheu um repertório difícil e inadequado a sua voz, que sai quase sempre sem brilho nos agudos. O timbre não tem a fluidez e o peso para cantar a difícil ária Colpito qui m’avete… Un dì all’azzurro spazio da ópera Andrea Chénier. Era nítido o enorme esforço para sustentar as notas, Eyvazov não é um tenor dramático. Conseguiu nos duetos e na canção Granada de Augustín Lara seus melhores momentos da noite.
   Acompanhou os solistas a Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro regida por Jader Bignamini, o convidado conseguiu extrair sonoridade compatível com as árias e duetos. Alguns solos excessivamente volumosos não comprometeram a atuação dos solistas.
   Mais uma vez fica aqui registrado a falta de educação do publico. Celulares ligados e pessoas querendo tirar fotos e gravar a apresentação deram enorme trabalho aos monitores. A constatação é clara, não são os jovens que desrespeitam essa regra e sim as tiazinhas e vovós, que geralmente não são frequentadoras assíduas, querendo eternizar esse momento nas redes sociais. Até entendo que no bis isso ocorra, já que o clima é de descontração e muitos já estão de pé, mas na apresentação é inadmissível.

Ali Hassan Ayache