(review in English below)
Esta é uma ópera
de enredo simples, passada numa aldeia basca so Séc. XIX. Adina lê a história
de Tristão e Isolda e refere que ela conquistou o Tristão com uma poção mágica.
Nemorino, um rapaz da aldeia reconhece que não consegue conquistar uma mulher
tão bela como Adina. Declara-lhe o seu amor mas ela rejeita-o. O sargento
Belcore com o seu pelotão, declara-se e pede Adina em casamento. Surge o Dr.
Dulcamara, um charlatão ambulante a quem Nemorino pede um elixir do amor.
Vende-lhe uma garrafa de vinho barato como elixir que fará efeito em 24 horas.
Belcore é chamado aos deveres militares e marca casamento de imediato. Adina
surpreende-se com a indiferença do Nemorino. Ele quer comprar mais elixir ao
Dulcamara mas, como está sem dinheiro, alista-se, recebe um pagamento do
Belcore e bebe mais uma garrafa do “elixir” ficando embriagado. Uma das
raparigas da aldeia dá a notícia que um tio do Nemorino morreu e deixou-lhe uma
fortuna. Todas se interessam subitamente por ele que, desconhecendo as notícias
da morte do tio, pensa que é o elixir a surtir efeito. Adina reconhece que ama
o Nemorino, paga para o libertar do exército e ele, ao ver uma lágrima furtiva
na face de Adina, percebe que ela o ama. O sargento Belcore conforma-se com a
perda e o Dr. Dulcamara diz que o seu elixir traz não só amor como fortuna,
vende todas as garrafas de vinho barato aos camponeses e abandona a aldeia.
A encenação de Laurent Pelly da opera L’Elisir d’Amore de Donizetti, trazendo a acção para uma
aldeia rural italiana nos anos 50-60 do século passado é um regalo para os
olhos. Tudo se passa no meio de uma imensidão de fardos de palha, o guarda
roupa é excelente, há bicicletas, scooters, tractores e uma camioneta ambulante
de venda dos produtos do charlatão Dr. Dulcamara, sempre vestido a preceito. O
Nemorino está vestido como um pobre rapaz campónio. O pelotão do sargento
Belcore é constituído por dois elementos magros, um negro muito alto e um
asiático muito baixo. Os pormenores agradáveis e engraçados são inúmeros, a
direcção de actores excelente e, como os solistas são jovens, prestam-se a
movimentações acrobáticas que não se costumam ver em cantores de ópera. E há um
cão que atravessa o palco em dois momentos, uma maravilha!
O maestro Bertrand de Billy cumpriu sem
deslumbrar, a orquestra não foi perfeita, mas o espectáculo foi magnífico.
A Adina foi
interpretada pela Sul Africana Pretty
Yende. Tem um soprano lírico de extraordinária beleza, sempre afinada em todos
os registos, com agudos estratosféricos, nunca grita e com uma coloratura
notável. A figura jovem e elegante da cantora ajudaram muito. Foi uma
interpretação superlativa.
No mesmo nível de
qualidade esteve o Nemorino do tenor arménio Liparit Avetisyan. Tem uma voz muito bonita, segura e sempre bem
audível. Foi muito emotivo ao longo de toda a récita e um verdadeiro atleta,
vocal e na movimentação cénico, revelando uma invulgar agilidade física. A ária
Una furtiva lágrima foi tocante e,
por ela, recebeu uma estrondosa e merecida ovação.
E o que dizer do baixo
barítono italiano Alex Esposito? Que
foi a melhor interpretação do Dr. Dulcamara que vi e ouvi até hoje? Sim, mas
muito mais. Voz magnífica, bem timbrada, potente e afinada em todas as
intervenções. E em cena foi melhor que muitos actores profissionais. A
encenação ajuda muito, está muito focada na sua personagem, a figura do cantor
também, mas o principal foi a sua capacidade artística. Fantástico.
Outro barítono
italiano, Paolo Bordogna, também
esteve ao mais alto nível como Belcore que, em linha com os restantes solistas,
foi impecável na interpretação vocal e na cénica.
A jovem soprano
russa Vlada Borovko do programa
Jette Parker young Artists da ROH fez uma Giannetta muito engraçada, apesar de
o papel ser pequeno.
Um espectáculo
inesquecível que mostra a ópera em todo o seu esplendor!
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L'ELISIR
D'AMORE, Royal Opera House, London, May 2017
This is a
simple plot opera, occurring in a Basque village in the 19th century. Adina
reads the story of Tristan and Isolde and refers that she conquered Tristan
with a magic potion. Nemorino, a village boy recognizes that he can not conquer
a woman as beautiful as Adina. He declares his love to her, but she rejects
him. Sergeant Belcore with his platoon, declares himself and asks Adina to
marry him. Dr. Dulcamara appears, a walking charlatan whom Nemorino asks for an
elixir of love. He sells him a bottle of cheap wine as the elixir that will
take effect in 24 hours. Belcore is called to military duties and wants to marry
immediately. Adina is surprised by Nemorino's indifference. He wants to buy
more elixir from Dulcamara but, since he's out of money, he enters the army and
gets a payment from Belcore. Now he can buy another bottle of the
"elixir", getting drunk. One of the girls from the village gives the
news that Nemorino's uncle died and left him a fortune. All girls are suddenly
interested in Nemorino who, unaware of the news of his uncle's death, thinks
that it is the elixir to have an effect. Adina recognizes that she loves
Nemorino, pays to free him from the army and he, seeing a furtive tear in
Adina's face, realizes that she loves him. Sergeant Belcore complies with the
loss and Dr. Dulcamara says that his elixir brings not only love but fortune,
he sells all bottles of cheap wine to the peasants and leaves the village.
Laurent
Perry's staging of the opera L'Elisir
d'Amore by Donizetti, bringing
action to an Italian rural village in the 50-60 years of the past century is beautiful.
Everything is set amidst a bundle of straw bales, the outfits are excellent,
there are bikes, scooters, tractors and a van selling the products of the
charlatan Dr. Dulcamara. The pleasant and funny details are numerous, the
directors of actors excellent and, as the soloists are young, they lend
themselves to acrobatic movements not usually seen in opera singers. And there
is a dog that crosses the stage in two moments, a marvel!
The
conductor Bertrand de Billy
fulfilled without dazzling, the orchestra was not perfect, but the performance
was magnificent.
Adina was
interpreted by South African Pretty
Yende. She has a lyrical soprano of extraordinary beauty, always tuned in
every record, with stratospheric top notes and she never screams. The young and
elegant figure of the singer helped a lot. She had a superlative performance.
At the same
level of quality was Nemorino of the Armenian tenor Liparit Avetisyan. He has a very beautiful voice, firm and always
well audible. He was very emotional throughout the performance and a true
athlete, vocal and in the scenic movement, revealing an unusual physical
agility.
And what
about the Italian bass baritone Alex
Esposito? Was his the best interpretation of Dr. Dulcamara I've seen and
heard to this day? Yes, but much more. Magnificent voice, beautiful timbre,
powerful and tuned in all the interventions. And on the scene he was better
than many professional actors. The staging helps a lot, it is very focused on
his character, the figure of the singer too, but the main thing was his
artistic ability.
Another
Italian baritone, Paolo Bordogna,
was also at the highest level as Belcore, who, in line with the other soloists,
was impeccable in vocal and stage acting.
The young
Russian soprano Vlada Borovko from
ROH's Jette Parker Young Artists programme was a very funny Giannetta, even
though the role was small.
An
unforgettable performance that shows the opera in all its splendour!
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