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domingo, 28 de maio de 2017

L’ELISIR D’AMORE, Royal Opera House, Londres / London, Maio / May 2017


(review in English below)

Esta é uma ópera de enredo simples, passada numa aldeia basca so Séc. XIX. Adina lê a história de Tristão e Isolda e refere que ela conquistou o Tristão com uma poção mágica. Nemorino, um rapaz da aldeia reconhece que não consegue conquistar uma mulher tão bela como Adina. Declara-lhe o seu amor mas ela rejeita-o. O sargento Belcore com o seu pelotão, declara-se e pede Adina em casamento. Surge o Dr. Dulcamara, um charlatão ambulante a quem Nemorino pede um elixir do amor. Vende-lhe uma garrafa de vinho barato como elixir que fará efeito em 24 horas. Belcore é chamado aos deveres militares e marca casamento de imediato. Adina surpreende-se com a indiferença do Nemorino. Ele quer comprar mais elixir ao Dulcamara mas, como está sem dinheiro, alista-se, recebe um pagamento do Belcore e bebe mais uma garrafa do “elixir” ficando embriagado. Uma das raparigas da aldeia dá a notícia que um tio do Nemorino morreu e deixou-lhe uma fortuna. Todas se interessam subitamente por ele que, desconhecendo as notícias da morte do tio, pensa que é o elixir a surtir efeito. Adina reconhece que ama o Nemorino, paga para o libertar do exército e ele, ao ver uma lágrima furtiva na face de Adina, percebe que ela o ama. O sargento Belcore conforma-se com a perda e o Dr. Dulcamara diz que o seu elixir traz não só amor como fortuna, vende todas as garrafas de vinho barato aos camponeses e abandona a aldeia.



A encenação de Laurent Pelly da opera L’Elisir d’Amore de Donizetti, trazendo a acção para uma aldeia rural italiana nos anos 50-60 do século passado é um regalo para os olhos. Tudo se passa no meio de uma imensidão de fardos de palha, o guarda roupa é excelente, há bicicletas, scooters, tractores e uma camioneta ambulante de venda dos produtos do charlatão Dr. Dulcamara, sempre vestido a preceito. O Nemorino está vestido como um pobre rapaz campónio. O pelotão do sargento Belcore é constituído por dois elementos magros, um negro muito alto e um asiático muito baixo. Os pormenores agradáveis e engraçados são inúmeros, a direcção de actores excelente e, como os solistas são jovens, prestam-se a movimentações acrobáticas que não se costumam ver em cantores de ópera. E há um cão que atravessa o palco em dois momentos, uma maravilha!



O maestro Bertrand de Billy cumpriu sem deslumbrar, a orquestra não foi perfeita, mas o espectáculo foi magnífico.




A Adina foi interpretada pela Sul Africana Pretty Yende. Tem um soprano lírico de extraordinária beleza, sempre afinada em todos os registos, com agudos estratosféricos, nunca grita e com uma coloratura notável. A figura jovem e elegante da cantora ajudaram muito. Foi uma interpretação superlativa.

 


No mesmo nível de qualidade esteve o Nemorino do tenor arménio Liparit Avetisyan. Tem uma voz muito bonita, segura e sempre bem audível. Foi muito emotivo ao longo de toda a récita e um verdadeiro atleta, vocal e na movimentação cénico, revelando uma invulgar agilidade física. A ária Una furtiva lágrima foi tocante e, por ela, recebeu uma estrondosa e merecida ovação.

 


E o que dizer do baixo barítono italiano Alex Esposito? Que foi a melhor interpretação do Dr. Dulcamara que vi e ouvi até hoje? Sim, mas muito mais. Voz magnífica, bem timbrada, potente e afinada em todas as intervenções. E em cena foi melhor que muitos actores profissionais. A encenação ajuda muito, está muito focada na sua personagem, a figura do cantor também, mas o principal foi a sua capacidade artística. Fantástico.

 


Outro barítono italiano, Paolo Bordogna, também esteve ao mais alto nível como Belcore que, em linha com os restantes solistas, foi impecável na interpretação vocal e na cénica.



A jovem soprano russa Vlada Borovko do programa Jette Parker young Artists da ROH fez uma Giannetta muito engraçada, apesar de o papel ser pequeno.



Um espectáculo inesquecível que mostra a ópera em todo o seu esplendor!







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L'ELISIR D'AMORE, Royal Opera House, London, May 2017

This is a simple plot opera, occurring in a Basque village in the 19th century. Adina reads the story of Tristan and Isolde and refers that she conquered Tristan with a magic potion. Nemorino, a village boy recognizes that he can not conquer a woman as beautiful as Adina. He declares his love to her, but she rejects him. Sergeant Belcore with his platoon, declares himself and asks Adina to marry him. Dr. Dulcamara appears, a walking charlatan whom Nemorino asks for an elixir of love. He sells ​​him a bottle of cheap wine as the elixir that will take effect in 24 hours. Belcore is called to military duties and wants to marry immediately. Adina is surprised by Nemorino's indifference. He wants to buy more elixir from Dulcamara but, since he's out of money, he enters the army and gets a payment from Belcore. Now he can buy another bottle of the "elixir", getting drunk. One of the girls from the village gives the news that Nemorino's uncle died and left him a fortune. All girls are suddenly interested in Nemorino who, unaware of the news of his uncle's death, thinks that it is the elixir to have an effect. Adina recognizes that she loves Nemorino, pays to free him from the army and he, seeing a furtive tear in Adina's face, realizes that she loves him. Sergeant Belcore complies with the loss and Dr. Dulcamara says that his elixir brings not only love but fortune, he sells all bottles of cheap wine to the peasants and leaves the village.

Laurent Perry's staging of the opera L'Elisir d'Amore by Donizetti, bringing action to an Italian rural village in the 50-60 years of the past century is beautiful. Everything is set amidst a bundle of straw bales, the outfits are excellent, there are bikes, scooters, tractors and a van selling the products of the charlatan Dr. Dulcamara. The pleasant and funny details are numerous, the directors of actors excellent and, as the soloists are young, they lend themselves to acrobatic movements not usually seen in opera singers. And there is a dog that crosses the stage in two moments, a marvel!

The conductor Bertrand de Billy fulfilled without dazzling, the orchestra was not perfect, but the performance was magnificent.

Adina was interpreted by South African Pretty Yende. She has a lyrical soprano of extraordinary beauty, always tuned in every record, with stratospheric top notes and she never screams. The young and elegant figure of the singer helped a lot. She had a superlative performance.

At the same level of quality was Nemorino of the Armenian tenor Liparit Avetisyan. He has a very beautiful voice, firm and always well audible. He was very emotional throughout the performance and a true athlete, vocal and in the scenic movement, revealing an unusual physical agility.

And what about the Italian bass baritone Alex Esposito? Was his the best interpretation of Dr. Dulcamara I've seen and heard to this day? Yes, but much more. Magnificent voice, beautiful timbre, powerful and tuned in all the interventions. And on the scene he was better than many professional actors. The staging helps a lot, it is very focused on his character, the figure of the singer too, but the main thing was his artistic ability.

Another Italian baritone, Paolo Bordogna, was also at the highest level as Belcore, who, in line with the other soloists, was impeccable in vocal and stage acting.

The young Russian soprano Vlada Borovko from ROH's Jette Parker Young Artists programme was a very funny Giannetta, even though the role was small.

An unforgettable performance that shows the opera in all its splendour!


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