(Review in
English below)
Anna Bolena é uma tragédia lírica em dois
actos com libreto de Felice Romani
composta pelo compositor italiano Gaetano
Donizetti. Foi composta e estreada em 1830 (26 de Dezembro, Teatro Carcano,
Milão) e é não só a sua 31.ª ópera, como a sua primeira ópera verdadeiramente
bem sucedida. É um dos expoentes operáticos do bel canto.
A ópera
passa-se em 1536 e trata da famosa história de amor que levou Henrique VIII a
divorciar-se de Catarina de Aragão para se casar com Anne Bolena e a uma
clivagem de Inglaterra com a Igreja católica romana. O desfecho trágico é bem
famoso: Anne Bolena é condenada à morte por traição e adultério, pretexto do
rei para casar com Jane Seymour. Pode ler-se uma sinopse, por exemplo, numa entradaanterior do Fanático Um.
A encenação
foi a de Eric Génovèse, estreada na
produção da WSO de 2011 onde pontificaram Anna Netrebko e Elina Garanca. É de
extremo bom gosto na encadeação cénica simples, na sumptuosidade do
guarda-roupa e na direcção de actores. Uma encenação clássica, simples e
sombria de alto nível. Este vídeo dessa produção demonstra o que deixei
escrito.
A direcção da Orquestra da WSO esteve a cargo do
maestro italiano Evelino Pidò. O
lugar onde estava permitiu-me apreciar a riqueza da sua direcção musical: foi
extraordinária do princípio ao fim e mostrou enorme conhecimento da obra e
entrosamento com a orquestra. Fez a orquestra soar cristalina, com um ritmo
perfeito e com um som donizettiano fabuloso. Foi, no meu ver, o melhor e mais
destacado elemento da récita. O Coro da
WSO esteve, igualmente, em elevado nível de desempenho.
Anna Bolena
foi o soprano búlgaro Krassimira
Stoyanova. Esteve em bom plano vocal e cénico. A voz é forte, bem
projectada, com tessitura ampla e sempre equilibrada e com um bom equilíbrio
entre o lírico e o dramático. A sua ária Al
dolce guidami foi de elevada qualidade.
Giovanna
Seymour foi o mezzo-soprano italiano Sonia
Ganassi. A sua interpretação vocal foi de elevado nível, pois possui uma
voz com agudos fáceis e um timbre muito adequado a que soube dar a
expressividade e ambiguidade que a personagem exige. O seu dueto com Anna O mia Regina! foi muito bem interpretado.
Enrico foi o
baixo-barítono italiano Luca Pisaroni.
A sua voz tem um timbre belíssimo e conseguiu transmitir-nos muito eficazmente
o sombrio da sua personagem. Um dos melhores da noite.
O tenor
norte-americano Stephen Costello foi
Lord Percy. A sua prestação não foi das mais emotivas ou estarrecedoras, embora
tenha cumprido com eficácia o seu papel.
O
mezzo-soprano ucraniano Zoryana Kushpler
foi um Smeton de elevada qualidade e que ofereceu uma excelente prestação vocal
e cénica.
Foi, portanto,
uma récita de qualidade geral elevada com um excelente elenco, encenação de
elevadíssima qualidade e uma qualidade interpretativa de Evelino Pidò de excelência.
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(Review in
English)
Anna Bolena is a lyrical tragedy
in two acts with libretto by Felice
Romani composed by Italian composer Gaetano
Donizetti. It was composed and premiered in 1830 (December 26, Teatro
Carcano, Milan) and is not only their 31st opera, as his first truly successful
opera. It is one of the exponents of operatic bel canto.
The opera
takes place in 1536 and comes from the famous love story that led Henry VIII to
divorce Catherine of Aragon to marry Anne Boleyn and cleavage of England with
the Roman Catholic Church. The tragic outcome is quite famous: Anna Bolena is
sentenced to death for treason and adultery, pretext of the king to marry Jane
Seymour. You can read a synopsis, for example, a previous post by Fanatic One.
The Eric Genovese’s staging was premiered
in the 2011 production of WSO where Anna Netrebko and Elina Garanca took the
title roles. It is of extreme quality by its simple scenic seuences, its sumptuous
wardrobe and actors direction. A classic, simple and somber staging of high
level. This video demonstrates what I wrote about this production.
The
direction of the WSO Orchestra was
in charge of the Italian conductor Evelino
Pido. The place where I was allowed me to appreciate the richness of his
musical direction: it was extraordinary from start to finish and he showed
great knowledge of the work and engagement with the orchestra. He made the
orchestra sound crystal clear with perfect rhythm and fabulous donizettian sound.
He was, in my view, the best and most prominent element of recitation. The WSO Choir was also in high performance level.
Anna
Bolena was the Bulgarian soprano Krassimira
Stoyanova. She was in good vocal and scenic plane. The voice is strong,
well-designed, with wide tessitura and always balanced, with a good balance
between the lyrical and dramatic. Her aria Al
dolce guidami was of high quality.
Giovanna
Seymour was the Italian mezzo-soprano Sonia
Ganassi. Her vocal performance was high, as she has a voice with a very
easy treble, an appropriate tone that achieved in expressiveness the ambiguity
the character requires. Her duet with Anna Regina
mia! was very well sunged.
Enrico was
the Italian bass-baritone Luca Pisaroni.
His voice has a beautiful tone and he managed to convey very effectively the
darkness of his character. One of the best of the evening.
The
American tenor Stephen Costello was
Lord Percy. His performance was not the most emotional or appalling, although
he has fulfilled his role effectively.
The
Ukrainian mezzo-soprano Zoryana Kushpler
as Smeton was in high quality performance level both vocal and scenically.
It was therefore
a recitation of general high quality with a fine cast, staging of very high
quality and with an Evelino Pido direction of excellence.