Mostrar mensagens com a etiqueta Christopher Ventris. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Christopher Ventris. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 1 de abril de 2021

A VALQUÍRIA / DIE WALKÜRE, Ópera de Viena / Wiener Staatsoper, Transmissão / Streaming, Março / March 2021


(Text in English below)

A Ópera de Viena ofereceu-nos esta semana a transmissão das 4 óperas do Anel do Nibelungo de R. Wagner. Aqui deixo as minhas impressões sobre a 2ª ópera do ciclo: A Valquíria.

A encenação de Sven-Eric Bechtolf é clássica e bem conseguida. Em cada acto o cenário mantém-se constante. O 3º acto é o mais original, com os 9 cavalos das valquírias sempre presentes no palco. A direcção musical foi de Adam Fischer.



Os cantores solistas foram todos impressionantes:

O Siegmund foi Christopher Ventris.


A Sieglinde foi Waltraud Meier, sempre ao mais alto nível.


O Hunding foi Ain Anger, excelente.


A Brünhilde foi Linda Watson.


A Fricka foi óptima, Michaela Schuster.




E o Wotan foi Tomasz Konieczny, para mim, o melhor. Tem um timbre muito bonito, canta sempre afinado e em palco é muito bom.

A ópera é um espectáculo para ouvir e para ver, apesar de tudo ser relativamente irreal. Neste caso houve uma grande dissociação entre as personagens e os cantores que as interpretaram: A Sieglinde e o Siegmund muito velhos e, sobretudo, o Wotan que parecia filho da Brünhilde e não o seu pai.

Mas foi um espectáculo excelente.

*****


THE VALKYRIE / DIE WALKÜRE, Wiener Staatsoper, Streaming, March 2021

This week the Vienna Opera offered us the transmission of the 4 operas of R. Wagner's Ring of the Nibelung. Here I leave my impressions about the 2nd opera of the cycle: The Valkyrie.

Sven-Eric Bechtolf's staging is classic and well accomplished. In each act the scenario remains constant. The 3rd act is the most original, with the 9 horses of the Valkyries always present on the stage. The musical direction was by Adam Fischer.

The soloist singers were all impressive: Siegmund was Christopher Ventris. Sieglinde was Waltraud Meier, always at the highest level. Hunding was Ain Anger, excellent. Brünhilde was Linda Watson. Fricka was great, Michaela Schuster. And Wotan was Tomasz Konieczny, for me, the best. He has a very beautiful timbre, he sings in tune and is very good on stage.

The opera is a spectacle to hear and to see, although everything is relatively unreal. In this case there was a great dissociation between the characters and the singers who played them: Too old Sieglinde and Siegmund and, above all, Wotan who looked like Brünhilde's son and not her father.

But it was an excellent show.

*****

terça-feira, 17 de março de 2020

LA VALQUIRIA / DIE WALKÜRE, Teatro Real, Madrid, Fevereiro 2020


(review in English below)

Texto de wagner_fanatic

Foi a encenação de Robert Carsen que foi levada à cena no Teatro Real de Madrid para a ópera A Valquíria. Dirigiu a orquestra o maestro Pablo Heras-Casado.



Récitas com dois elencos, relatadas em directo:
Siegmund – Christopher Ventris e  Stuart Skelton
Sieglinde – Elisabet Strid e Adrianne Pieczonka
Hunding – Ain Anger e René Pape
Wotan - James Rutherford e Tomasz Konieczny 
Brünhilde - Ingela Brimberg e Ricarda Merbeth 
Fricka – Daniela Sindram  

Foi o pior primeiro acto da Valquíria que já ouvi ao vivo. Ventris no seu exagerado estilo declamatório, muito métrico, ausência praticamente completa de nuance vocal interpretativa, salvou-se talvez em 5% de emoção genuína no Wintersturmme.



A Strid até tem uma voz relativamente bonita mas, sem emoção credível, sem nuances de nada e por vezes robótica e pouco natural em palco. E os dois não têm química nenhuma em palco.



O melhor foi o Ain Anger como Hunding, expressivo, sarcástico, agressivo, tudo transmitido através da voz e postura.



Orquestra não está mal mas também falta vivacidade nas partes em que a obra o exige, e houve 2 fífias. Enfim... espero que isto melhore a seguir.



Com o segundo elenco o primeiro acto foi muito melhor, mas muito à custa da excelente Sieglinde de Pieczonka. Legato e emoção perfeitas, postura em palco cativante e com sentido.



O Hunding de Pape muito bom mas podia ter um pouco mais de expressividade em algumas passagens, mas a voz excelente e melhor que a de Anger.



Skelton não dá - além de estar muito obeso, canta com voz mais potente que o Ventris mas legato não existe quase nunca e a voz é “bruta” o que não ajuda.
Este é o acto mais romântico da tetralogia e tem de viver deste legato, desta beleza e continuidade da linha vocal e melódica. Os agudos dele saem e vê-se mesmo que é só para mostrar que os consegue dar porque transmitir a emoção? Nada! Os Walse, meu Deus... onde está a angústia ao chamar o Pai naquela altura de stress sem arma?!  Não é atacar a nota, é deslizar para ela como se a voz saísse da nuca!



A Orquestra com 3 fífias nos metais, uma delas no tema da espada, onde estão em destaque, e também não está totalmente em consonância com o dramatismo que é necessário em todas as passagens. Vamos lá ver a Brunnhilde e o Wotan agora. Tenho esperança...

James Rutherford não é um grande Wotan, falta-lhe carisma e imponência vocal e a figura não ajuda. Mesmo assim fez uma narrativa decente e até procura e consegue uma expressividade vocal adequada. Perde um pouco nos agudos. No final do acto não convenceu muito. Não nos conseguimos distanciar do seu aspecto físico.



A Fricka foi bastante boa, muito convincente vocal e cenicamente, voz bonita e estável.



Os gémeos melhoraram neste acto, principalmente o Ventris que esteve mesmo muito bem na cena com a Brunnhilde e no final. Aliás, esta cena de ambos foi a melhor coisinha até agora.
Pablo Heras-Casado estragou a parte da morte de Siegmund. Mais calma, mais solene, dá dramatismo, não corras nesta parte em que se ouve o tema Walsung depois da morte do Siegmund porque tudo perde sentido!!!
A Ingela Brimberg foi bastante boa, voz potente, muito expressiva, timbre bonito, agudos seguros e esteve muito bem na cena com o Siegmund. Acho que vai brilhar junto ao Wotan no 3º acto.




A encenação realmente é péssima.



No segundo elenco, para ver o Wotan do Tomasz Konieczny  já valeu a pena a viagem! Este homem É o Wotan!!! Tudo é perfeito, a expressão coerente com o texto, a voz brutal, os gestos coincidentes com a orquestra (Wagner pôs tudo na música e quando se faz tudo é completo no drama), que colosso! O final do discurso com a Fricka  foi do outro mundo, o final da narração com a Brünnhilde, poderosíssimo, e este matar do Hunding foi descomunal! E ainda por cima ficou gravado em video! É uma lição de como ser Wotan! Que sonho! Eu já o conhecia de gravações e fez o Telramund em Bayreuth no ano passado, mas aqui, supera tudo!



A Merbeth ainda não a avaliei bem mas parece sempre muito preocupada com o canto e pouco com a parte cénica. Enquanto canta, é pobre.




O 3º acto foi excelente! A Brimberg fez uma Brunnhilde fenomenal! O Rutherford também bem embora com os defeitos que já disse - achei que a performance dele é melhor em passagens mais no registo médio como é a narração do 2º acto e este final na 2ª metade do adeus. Valquírias boas e a orquestra e direcção agora sem nada a apontar.


No segundo elenco gostei mais do 2º acto, mas este também foi muito bom. E gostei da Merbeth.








LA VALQUIRIA, / DIE WALKÜRE Teatro Real, Madrid, February 2020

Text by Wagner_fanatic

It was Robert Carsen's production of the opera Die Walküre that was performed at the Teatro Real in Madrid. Maestro Pablo Heras-Casado conducted the orchestra.

Performances with two casts, reported live:
Siegmund - Christopher Ventris and Stuart Skelton
Sieglinde - Elisabet Strid and Adrianne Pieczonka
Hunding - Ain Anger and René Pape
Wotan - James Rutherford and Tomasz Konieczny
Brünhilde - Ingela Brimberg and Ricarda Merbeth
Fricka - Daniela Sindram

It was the worst first act of the Valkyrie I've ever heard live. Ventris in his exaggerated declamatory style, very metric, practically complete absence of interpretive vocal nuance, acceptable maybe 5% of genuine emotion in Wintersturmme.
Strid has a relatively beautiful voice, but without credible emotion, without nuances of anything and sometimes robotic and unnatural on stage. And the two have no chemistry on stage.
The best was Ain Anger as Hunding, expressive, sarcastic, aggressive, all transmitted through voice and posture.
The orchestra is not bad but there is also a lack of liveliness in the parts in which the work requires it, and there were 2 mistakes. Anyway ... I hope this gets better next.

With the second cast the first act was much better, but at the expense of Pieczonka's excellent Sieglinde. Perfect legato and emotion, captivating and meaningful stage posture.
Pape's Hunding is very good but he could have a little more expressiveness in some parts, but the voice is excellent and better than Anger's.
Skelton doesn't do it - besides being very obese, he sings with a more powerful voice than Ventris but legato almost never exists and his voice is “unworked” which doesn't help.
This is the most romantic act in tetralogy and he has to live off this legato, this beauty and continuity of the vocal and melodic line. His top notes come out and we really see that he is just to show that he can sing them, but where is the emotion? Nothing! The Walse, my God ... where is the anguish in calling Father at that time of stress without a weapon?! It is not to attack the note, it is to slide towards it as if the voice came from the back of the neck!
The Orchestra with 3 mistakes in the metals, one of them in the leitmotiv of the sword, where they are highlighted, and also it is not totally in line with the drama that is necessary in all the parts. Let's see Brünnhilde and Wotan now. I have hope...

James Rutherford is not a great Wotan, he lacks charisma and vocal grandeur and the figure does not help. Even so, he made a decent narrative and even seeks and achieves an adequate vocal expressiveness. Lose a little in the top notes. At the end of the act, he was not very convincing. We are unable to distance ourselves from his physical appearance.
Fricka was very good, very convincing, vocal and scenic, beautiful and stable voice.
The twins improved in this act, especially Ventris who was really good on the scene with Brünnhilde and at the end. In fact, this scene of both was the best thing so far.
Pablo Heras-Casado spoiled the part of Siegmund's death. Calmer, more solemn, it gives drama, don't run in this part where you hear the Walsung theme after Siegmund's death because everything loses meaning!!!
Ingela Brimberg was very good, powerful voice, very expressive, beautiful timbre, good treble and was very good on the scene with Siegmund. I think she will shine with Wotan in the 3rd act.
The staging really sucks.

In the second cast, to see Tomasz Konieczny's Wotan was already worth the trip! This man IS Wotan!! Everything is perfect, the expression coherent with the text, the voice brutal, the gestures coinciding with the orchestra (Wagner put everything in music and when everything is done it is complete in drama), what a colossus! The end of the speech with Fricka was from another world, the end of the narration with Brünnhilde, very powerful, and this killing by Hunding was extraordinary! And on top it was recorded on video! It is a lesson in how to be Wotan! What a dream! I already knew him from recordings and did the Telramund in Bayreuth last year, but here, he surpasses everything!
Merbeth I have not yet evaluated well, but she always seems very concerned with the singing and little with the scenic part. While singing, she is not exciting.

The 3rd act was excellent! Brimberg was a phenomenal Brünnhilde! Rutherford was also very good, although with the defects I have already mentioned - I thought his performance is better in parts in the middle register, as is the narration of the 2nd act and this final in the 2nd half of goodbye. Good Valkyries and the orchestra and direction now with nothing to point out.

With the second cast I liked the second act more, but this was also very good. And I liked Merbeth.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

DIE WALKÜRE, Viena Staatsoper, Abril / April 2018




 (review in English below)

A encenação de Sven-Eric Bechtolf da ópera A Valquíria de Wagner está já em cena na Ópera Estatal de Viena há muitos anos. É uma abordagem clássica e eficaz em que cada acto se passa num único cenário. Numa visita ao teatro, assistimos à montagem do cenário (os cavalos ainda estavam dentro dos caixotes de madeira):




 O primeiro acto decorre na casa de Sieglinde e Hunding, tem uma mesa central e a meio o tronco da árvore onde está espetada a espada Notung.



O segundo passa-se na floresta, representada por muitos troncos de árvores espalhados por todo o palco. No terceiro há 9 cavalos em tamanho real e em posições diferentes e tudo se passa ali. Quando o fogo sagrado é ateado, no final, é projectado em imagens nas paredes laterais e posterior do cenário.



O maestro Adam Fischer dirigiu a Orquestra da Wiener Staatsoper que teve um desempenho excelente, mas aqui e acolá, no início, uma pequena falha nos metais. No 3º acto foi fantástica.



O Siegmund do tenor Christopher Ventris foi muito bom mas, no final do primeiro acto, perdeu um pouco o ímpeto, onde ele seria mais necessário. O cantor tem um timbre vocal muito bonito e a voz é cheia, oferecendo uma interpretação muito credível.



A soprano Simone Schneider foi uma Sieglinde fantástica. A voz é poderosíssima, muito agradável e a interpretação foi sempre de topo, com um final do primeiro acto marcante, foi pena que o Ventris não a tenha acompanhado nesta prestação.



O Hunding do baixo Jongmin Park impôs-se com uma voz grave cavernosa que quase fazia estremecer o chão do teatro.



A soprano Iréne Theorin foi, mais uma vez, irrepreensível no desempenho da Brünhilde. A voz é gigante, sempre afinada e ouve-se perfeitamente sobre uma orquestra wagneriana. Sempre que a tenho ouvido, canta ao mais alto nível.



O Wotan do baixo-barítono Tomasz Konieczny foi a grande surpresa para mim, pela qualidade interpretativa, cénica e vocal. Fez um Wotan muito convincente, perto da perfeição e, embora com um timbre vocal particular, ofereceu-nos uma interpretação superior sem nunca quebrar no mínimo pormenor. 




A Fricka da mezzo Michaela Schuster esteve ao nível do que esperava dela. É uma cantora que já ouvi várias vezes, nunca desilude e, mais uma vez, assim aconteceu. A voz é espessa, encorpada e sempre afinada em todos os registos.



As oito restantes valquírias tiveram desempenhos distintos, mas globalmente estiveram bem, embora não favorecidas pela encenação. No 3º acto correm, ensanguentadas, atrás dos heróis, que lhes fogem, para os levarem para o Walhalla, na parte que menos resulta da encenação. Elas foram: Helmwige (Donna Ellen), Gerhilde (Caroline Wenborne), Ortlinde (Anna Gabler), Waltraute (Stephanie Houtzeel), Siegrune (Ulrike Helzel), Grimgende (Zsuzsanna Szabó), Schweetleite (Bongiwe Nakani) e Rossweisse (Miriam Albano).


Um espectáculo fantástico!








*****


DIE WALKÜRE, Vienna Staatsoper, April 2018

The staging Wagner’s opera The Valkyrie by Sven-Eric Bechtolf has been on stage at the Vienna State Opera for many years. It is a classic and effective approach in which each act takes place in a single setting: The first act takes place in the house of Sieglinde and Hunding, it has a central table and in the middle the trunk of the tree where the sword Notung is stuck.

The second act occurs in the forest, represented by many tree trunks scattered all over the stage. In the third act there are 9 horses in real size and in different positions and everything happens there. When the sacred fire is fired, in the end, it is projected into images on the side and rear walls of the scenery.

Maestro Adam Fischer directed the Orchestra of the Wiener Staatsoper that had an excellent performance, but here and there, at the beginning, a small fault in the metals. But the 3rd act was fabulous.

Tenor Christopher Ventris’s Siegmund was very good but at the end of the first act, he lost some of the momentum, where it would be most needed. The singer has a very beautiful vocal tone and the voice is full, offering a very credible interpretation.

Soprano Simone Schneider was a fantastic Sieglinde. The voice is very powerful, very pleasant and the interpretation was always top, with a striking end of the first act, it was a pity that Ventris did not accompany her in this exalted moment.

Hunding of bass Jongmin Park imposed with a low cavernous voice that almost made the floor of the theater shake.

Soprano Iréne Theorin was once again blameless in Brünhilde's performance. The voice is giant, always tuned and it is perfectly heard over a Wagnerian orchestra. Whenever I have heard her, she always sings at the highest level.

Wotan from bass-baritone Tomasz Konieczny was the big surprise for me, for the interpretive, scenic and vocal quality. He made a very convincing Wotan, close to perfection, and though with a particular vocal timbre, he offered us a superior interpretation without ever breaking in the least detail.

Mezzo Michaela Schuster’s Fricka was at the level of what I expected from her. She's a singer I've heard several times, she never disappoints and, once again, it happened. The voice is thick, full-bodied and always in tune at every register.

The other eight Valkyries had different performances, but globally they were well, although not favored by the staging. In the third act they run, bloodied, behind the heroes, who flee to them, to take them to the Walhalla, in the part that is less convincing of the staging. They were: Helmwige (Donna Ellen), Gerhilde (Caroline Wenborne), Ortlinde (Anna Gabler), Waltraute (Stephanie Houtzeel), Siegrune (Ulrike Helzel), Grimgende (Zsuzsanna Szabó), Schweigleite (Bongiwe Nakani) and Rossweisse (Miriam Albano).

*****