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quinta-feira, 27 de outubro de 2022

MEDEIA, METropolitan OPERA, New York, Outubro / October 2022

(Review in English below)

A opera Medeia de L Cherubini foi pela primeira vez apresentada na Metropolitan Opera, numa encenação de David McVicar


O espectáculo passa-se num palco com placards em ângulo, que abrem periodicamente deixando ver o que se passa no interior. No fundo há um enorme espelho angulado, que permite um efeito visual interessante. É uma encenação bem conseguida, que também acentua a exclusão da Medeia da comunidade de forma muito eficaz.

Medeia é abandonada por Jasão, de quem tem 2 filhos, que vai casar com Glauce, filha do Rei Creonte.  Ameaça Jasão que mata a Glauce se o casamento se concretizar e pede-lhe para voltar para ela, tendo em consideração os filhos. É rejeitada e jura vingar-se. A multidão quer a morte de Medeia e Jasão diz-lhe que abandone Corinto. Ela pede para ficar apenas um dia, para se despedir dos filhos. À criada Neris confessa os seus planos. Dá-lhe para entregar a Glauce, como prenda de casamento, uma túnica e uma tiara envenenadas, que a matarão. Néris tenta dissuadí-la a poupar os filhos mas o desejo de vingança é superior. Tranca-se num templo, mata os filhos e incendeia o templo, lançando-se às chamas.


O maestro Carlo Rizzi dirigiu a Orquestra e Coro que tiveram desempenhos notáveis.




Esta ópera é “one woman show”. O papel de Medeia é longo, exigente e central. A soprano Sondra Radvanovsky teve um desempenho excelente, não só na presença em palco como, sobretudo, na interpretação vocal. Tem uma voz enorme, talvez uma das maiores da actualidade. Esteve sempre bem, com um registo médio brutal, agudos longos e imponentes, e foi muito expressiva e convincente nos diversos sentimentos que a personagem expressa.


Os restantes solistas estiveram também ao mais alto nível. Saliento a criada Néris interpretada por Ekaterina Gubanova que, mais uma vez, foi excelente. Voz afinada sempre sobre a orquestra e com momentos de grande lirismo.

O tenor Matthew Polenzani foi um Giascone correcto, com boa presença e um registo vocal médio sólido mas com algum esforço nos agudos que saíam de menor qualidade.

Outro grande cantor foi o barítono Michele Pertusi como Creonte. Uma boa presença em palco e uma voz forte e bem timbrada. 

A soprano Janai Brugger cumpriu como Glauce, apesar de ter uma intervenção relativamente pequena.


No final até houve chuva de papelinhos!! (ou não estivéssemos nos EUA...).





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MEDEA, METROPOLITAN OPERA, New York, October 2022

L Cherubini's opera Medea was first performed at the Metropolitan Opera, staged by David McVicar.

The action takes place on a stage with angled billboards, which periodically open to reveal what is going on inside. In the background there is a huge angled mirror, which allows for an interesting visual effect. It's a well-crafted staging that also accentuates Medea's exclusion from the community very effectively.

Medea is abandoned by Jason, with whom she has 2 children, who is going to marry Glauce, daughter of King Creon. Medea threatens Jasen saying that she will kill Glauce if the marriage takes place and asks him to return to her, considering their 2 children. She is rejected and swears revenge. The crowd asks for Medea's death and Jason asks her to leave Corinth. Medea asks to stay just one more day, to say goodbye to her children. To her maid Neris she confesses her plans. She asks her to give Glauce, as a wedding gift, a poisoned tunic and loom, which will kill her. Neris tries to dissuade her from killing her children, but her desire for revenge is superior. She locks herself in a temple, kills her children, sets the temple on fire and throws herself into the flames.

Conductor Carlo Rizzi directed the Orchestra and Choir that had remarkable performances.

This opera is “one woman show”. Medea's role is long, demanding and central to the entire opera. Soprano Sondra Radvanovsky had an excellent performance, not only in her stage presence but, above all, in her vocal performance. She has a huge voice, perhaps one of the greatest today, and she was very convincing. She was always well, with a fabulous midrange, long and imposing highs, having been very expressive in the various feelings that the character expresses.

The other soloists were also at the highest level. I would like to highlight the servant Neris played by Ekaterina Gubanova who, once again, was excellent. Voice always tuned over the orchestra and with moments of great lyricism.

Tenor Matthew Polenzani was a correct Giascone, with good presence and a solid mid-vocal register, but occasionally showing some effort in the highs that came out of lesser quality.

Another great singer was baritone Michele Pertusi as Creon. A good presence on stage and a powerful and well-toned voice.

Soprano Janai Brugger performed as Glauce, despite having a relatively small intervention.

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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

LUISA MILLER, Liceu Barcelona, Julho / July 2019



(review in English below) 

Texto de wagner_fanatic

A encenação de Damiano Michieletto é genial. Mas isto não está muito famoso aqui para os lados do Liceu... Até agora, quem brilha no binómio voz-interpretação é... a Duquesa (J’Nai Bridges)! Muito boa!



A seguir o Conde (Dmitry Belosselskiy) a nível similar.  O Piotr Beczala soberbo na voz, o ponto mais alto da ópera até agora foi o dueto com a Duquesa, mas agora no final do 1º acto a não conseguir convencer cenicamente contra o pai, no desespero de amor.





A Sondra Radvanovsky esqueçam... muito bem caracterizada, parece mais nova do que realmente é, consegue uma precisão nos agudos e com pianos/pianíssimos interessantes mas não consegue disfarçar aquele timbre “bruto” e, se coisa Luisa Miller não é, é “bruta”.





O Miller de Michael Chioldi é fraco. A figura é boa para o papel, a voz não é feia, mas interpreta muito abaixo do que se espera para este papel que quer alguém assertivo na voz, receoso pela filha mas forte e destemido principalmente no Fra’mortali ancora opressa. Este Miller não é um “antigo soldado”. Oh grande Nucci!!! Só ele salvava isto!!!






Até agora, largos pontos abaixo da Luisa Miller de Zurique do ano passado! Vamos ver o que se segue.

2º e 3º actos a subir exponencialmente!!! Beczala Fantástico!!! Do outro mundo, mesmo!!! De deitar o Liceu abaixo!!! O “Quando al sere placido” foi indiscritível. E eu adoro esta encenação e tem nesta fase um pormenor cénico que do ponto de vista dramático é sublime. E o final “oteliano” foi de antologia.




Esqueci-me de falar do Wurm antes mas Marko Mimica foi também um senhor!!!



O Chioldi interpretativamente um pouco melhor mas a faltar algo mais. A Luisa, o melhor que fez foi o dueto com o Wurm no 2º acto culminado num excelente Tu puniscimi mas sempre que abre em turbo lá vem o vibrato que parece vir do palato e que estraga tudo... felizmente não estragou muito o final da ópera!





Assustei-me com o 1º acto mas valeu muito pelos 2º e 3º.







LUISA MILLER, Liceu Barcelona, July 2019

Text by wagner_fanatic

Damiano Michieletto's staging is brilliant. But the performance is not very impressive here for the Liceu ... So far, the best in voice-interpretation binomial was ... the Duchess (J'Nai Bridges)! Very good!

Followed by the Count (Dmitry Belosselskiy) at a similar level. The superb Piotr Beczala performed the highest moment of the opera so far, the duet with the Duchess. But now, at the end of the first act, he was not able to convince scenically against the father, in the despair of love.

Forget Sondra Radvanovsky ... very well characterized, looks younger than she really is, gets a high-pitched precision with interesting piani / pianissimi but she can't disguise that "hard" tone, what Luisa Miller isn't.

Michael Chioldi's Miller was weak. The figure is good for the role, the voice is not ugly, but he interpreted far below what is expected for this role that demands someone assertive in voice, afraid for her daughter but strong and fearless mainly in the oppressive Fra’mortali ancora opressa. This Miller was not an “old soldier”. Oh great Nucci !!! Only he would save this !!!

So far, points below last year's Luisa Miller at Zurich! Let's see what follows.

Second and Third acts rising exponentially !!! Beczala was fantastic!!! Out of this world, really !! To throw Liceu down !!! The " Quando al sere placido " was indescribable. And I love this staging and it has at this stage a scenic detail that is dramatically sublime. And the “otellian” ending was anthology.

I forgot to mention Wurm but Marko Mimica was also very good!

Chioldi was a little better but missing something else. Sondra, the best she did was the duet with Wurm in the second act culminating in an excellent Tu puniscimi but whenever she opened in turbo there came the vibrato that seemeed to come from the palate and that spoils everything ... fortunately it didn't spoil the end of the opera!

I was scared after the first act but it was very worth it for the 2nd and 3rd.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

TOSCA, Wiener Staatsoper / Ópera de Viena, Fevereiro / February 2019



(text in English below)

Um Amigo, a quem agradecemos, assistiu a uma récita da produção da Tosca actualmente em cena na Ópera Estatal de Viena e enviou este apontamento.

O Piotr Beczala é o melhor tenor da actualidade e teve uma excelente interpretação como Cavaradossi, com uns agudos cristalinos e estratosféricos. Bisou no E luceven le stelle, aliás como vem a ser habitual neste papel por lá.



A Sondra Radvanovsky foi uma Tosca algo dura e pesada, com má dicção no italiano, mas bem no Vissi d’arteO Thomas Hampson foi um bom Scarpia, mas com uma interpretação pouco lírica. 

A orquestra dirigida por Marco Armiliato foi viva, muito colorida, enérgica, mas, por vezes e como lhe é costume, com pouco cuidado com os cantores que, aqui e ali, tende a abafar. Mas foi bom! O coro esteve também muito bem.

A encenação de Margarethe Wallmann é clássica e cumpre bem.






TOSCA, Wiener Staatsoper, February 2019

A Friend, whom we thank, attended a performance of Tosca's production currently on stage at the Vienna State Opera and sent this note.

Piotr Beczala is the best tenor of the present and had an excellent interpretation as Cavaradossi, with crystalline and stratospheric top register. He sang twice E luceven le stelle, as is usual in this role there.

Sondra Radvanovsky was a somewhat hard and heavy Tosca, with bad diction in Italian, but well in the aria Vissi d'arteThomas Hampson was a good Scarpia, but without a lyrical interpretation. 

The orchestra directed by Marco Armiliato was lively, very colorful, energetic, but sometimes and as usual, with little care with the singers who, here and there, tends to drown. But he was good! The choir was also very good.

The staging of Margarethe Wallmann is classic and nice.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

NORMA – METropolitan Opera, Outubro / October 2017

(review in English below)

A Metropolitan Opera apresentou esta temporada uma nova produção da Norma de Bellini.


Norma, uma sacerdotisa, é a verdadeira líder de uma comunidade druida chefiada por Oroveso e ocupada e oprimida pelos romanos. Contudo, apaixonou-se em segredo pelo principal opressor, o pró-consul Pollione, de quem teve 2 filhos. Ele apaixona-se por uma jovem sacerdotisa, Adalgisa, que se torna inicialmente rival da Norma mas, depois, sua grande amiga. No início do 2º acto Norma quer matar os filhos durante o sono mas não o consegue fazer, apoiada pela confidente Clotilde. Os druidas, incentivados pela Norma, planeiam atacar os invasores romanos e querem sacrificar o Pollione.  No final, a Norma promete-lhe a liberdade se ele desistir da Adalgisa. Pollione recusa e a Norma confessa tudo e os dois lançam-se às chamas.



A encenação de Sir David McVicar é convencional e nada inovadora. Uma floresta escura de troncos altos, no primeiro acto com uma grande árvore ao centro ladeada por uma plataforma onde a Norma canta a Casta Diva, alterna com o interior de uma cabana redonda de madeira, a casa da Norma. É uma encenação muito estática e, sobretudo, sempre muito escura.




Sob a excelente direcção musical de Carlo Rizzi, a ópera é um pitéu de belcanto para apreciadores, entre os quais me incluo.



A soprano norte americana Sondra Radvanovsky foi uma Norma notável. Tem uma voz colossal e bem timbrada que apenas no registo mais agudo foi menos impressionante. O legato não é muito suave, a coloratura é sólida mas, por vezes, áspera. Contudo, é uma das melhores Normas da actualidade e foi fantástica.



A Adalgisa da mezzo norte americana Joyce DiDonato foi arrasadora. A voz é grande, o timbre muito bonito e a coloratura espantosa. Em palco foi sempre muito credível e irrepreensível. Os duetos com a Norma, sobretudo no 2º acto, foram os momentos mais altos da noite.


O tenor maltês Joseph Calleja foi um Pollione de voz muito potente e sempre afinada mas, como é característica do cantor, o timbre é nasalado e resulta num som algo caprino. 


Foram também muito boas as interpretações do baixo inglês Matthew Rose como Oroveso, da soprano americana Michele Bradley como Clotilde e do tenor norte-americano Adam Diegel como Flavio.







Mas a noite foi das Senhoras!

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NORMA - METropolitan Opera, October 2017

The Metropolitan Opera presented this season a new production of Norma by Bellini.
Norma, a priestess, is the true leader of a druid community led by Oroveso and occupied and oppressed by the Romans. However, she secretly fell in love with the main oppressor, the roman pro-consul Pollione, with whom she had two children. He falls in love with a young priestess, Adalgisa, who initially becomes the rival of Norma, but then her great friend. At the beginning of the second act Norma wants to kill her children during sleep but can not do it, supported by the confidant Clotilde. The Druids, encouraged by Norma, plan to attack the Roman invaders and want to sacrifice Pollione. In the end, Norma promises him freedom if he gives up Adalgisa. Pollione refuses, and Norma confesses everything to her people. Norma and Pollione throw themselves into the flames.

The staging of Sir David McVicar is conventional and do not bring any novelty. A dark forest of tall logs, in the first act with a large tree in the centre flanked by a platform where Norma sings Casta Diva, alternates with the interior of a round wooden hut, Norma's house. It is a very static and, above all, always very dark staging.

Under the excellent musical direction of Carlo Rizzi, the opera is a pit of belcanto for admirers, among whom I include myself.

American soprano Sondra Radvanovsky was a remarkable Norma. She has a colossal voice with a nice timbre that only in the top notes was less impressive. The legato is not very smooth, the coloratura is solid but sometimes rough. However, she is one of the best Normas of our times and she was fantastic.

Adalgisa of North American mezzo Joyce DiDonato was smaching. The voice is grand, the tone is very beautiful and the coloratura astonishing. On stage she was always very credible and irreproachable. The duets with Norma, especially in the 2nd act, were the highest moments of the night.

Maltese tenor Joseph Calleja was a very powerful and always tuned voice Pollione but, as is characteristic of the singer, the timbre is nasal and results frequently in a somewhat goat sound.

There were also very good interpretations of bass Matthew Rose as Oroveso, soprano Michele Bradley as Clotilde and tenor Adam Diegel as Flavio.

But this was the ladies night!


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