Cena de Orfeu ed
Euridice -foto Internet
A obra de Gluck procura harmonizar música, teatro, poesia e
dança. Lembremos que na estréia Orfeu ed Euridece revolucionou a ópera. Os
compositores escreviam para esse ou aquele famoso cantor ou castrati. Gluck
inverte e muda esse conceito e faz os cantores servirem ao drama e não o
contrário.
A Orquestra Sinfônica
Municipal ficou no meio do palco, em um fosso. Dirigida por Nicolau de Figueiredo mostrou uma
musicalidade interessante. Prejudicada por diversos fatores: a acústica do
local é terrível, a concepção cênica poluiu a sonoridade com batidas de pés,
carros entrando na lateral e trocas diversas de cenários.
Praça das Artes-foto Internet
Os solistas aturam muito, Kismara Pessati mostrou desenvoltura ao longo papel. Edna de Oliveira atendeu aos pedidos do
diretor e fez o personagem Amor ser cômico, tirando diversas gargalhadas da
platéia. Gabriella Pace mostrou domínio
teatral em sua Euridice, bela atuação. As vozes, sutilmente microfonadas, foram
equilibradas em todos os ambientes da praça.
Os números de dança apresentam passos modernos, inspirados
na dança de rua. O coral Paulistano esteve a altura da obra, cantou com
inspiração e bela musicalidade, embora tenha sido prejudicado pela acústica do
local.
Cena de Orfeu ed
Euridice -foto Internet
A concepção e direção cênica de Antonio Araújo entra na onda, no modismo de transpor a ação para os
dias atuais. Tem idéias interessantes, movimentações dinâmicas e alguns
exageros. Exagera em transformar o Amor em um personagem cômico, colocar no
inferno desabrigados e pedintes é uma idéia batida. Nos números de dança e
corais prejudica a orquestra com movimentações barulhentas, sobram passos
largos e carros entrando. Acerta na concepção, consegue uma dinâmica a uma obra
que é lenta por natureza. Utiliza todos os espaços da Praça das Artes, um
diretor de vanguarda, antenado com o que existe de moderno na ópera atual.
Concepções assim trazem a galera para o teatro. Dão novos
ares e vitalidade a uma arte criada há quatrocentos anos. Mas para tê-las
precisaríamos de mais óperas tradicionais e o nosso maior teatro parece se
esquecer disso.
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