TRAGÉDIA ORQUESTRINA NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO.
CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE DO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Apresentar óperas desconhecidas do grande público é comum
nos grandes teatros líricos do mundo. A diferença é que nesses teatros temos
temporadas com uma dezena de óperas de títulos conhecidos. Sobram Bohemes,
Traviatas e Carmens e entre uma delas os diretores colocam um título inédito e
desconhecido. Tenho mais de 1500 vídeos de óperas e balés colecionados ao longo
dos anos e nem sequer tinha ouvido falar desses dois títulos. Nos meus vídeos
existem raridades e óperas mais que exóticas, nem imagino onde a direção do
Theatro Municipal de São Paulo foi buscar algo tão estranho. Proponho que
montem Mignon de Thomas, essa sim uma raridade e de música belíssima.
Nosso querido Theatro Municipal de São Paulo tem uma boa
temporada, mas nada que chegue perto dos grandes teatros mundiais. Por isso
vejo como incompatível a montagem de Violanta
de Korngold e Uma Tragédia Florentina de Zemlinsky. Precisamos de mais óperas
arroz com feijão, para formar público, depois que a temporada do nosso maior
teatro tiver mais de 10 óperas por ano, podemos pensar em Violantas e Tragédias
Florentinas e demais modernices bisaras.
Musicalmente, as duas óperas têm passagens interessantes,
mas nada empolgantes. Ninguém sai assoviando nenhum tema. A montagem de Felipe Hirsch (o mesmo que fez um
Rigoletto com andaimes, espelhos d'água, personagem morrendo em pé e foguetes
atômicos em 2011 no TMSP e levou o título de Pior Direção de Cena do blog de
Ópera e Ballet) fica no básico, enclausura os personagens em um grande
retângulo, na primeira ópera, e exibe diversas projeções de vídeos. Já esta
virando rotina exibir vídeos nas montagens do municipal e já perdeu a graça. Na
segunda o quadrado fica acima dos personagens em um cenário quase vazio. Nada
de novo, nada de interessante. Os figurinos da dupla dinâmica, Daniela Thomas e Felipe Tassara representam a ideia do que ocorre no espaço cênico,
simples e funcionais.
A regência de Luís
Gustavo Petri peca pelo excesso, o homem rege ópera como se estivesse
fazendo um grande concerto orquestral. Volume da orquestra mais que elevado, encobrindo
diversas vezes, mas muitas vezes mesmo os solistas. Olha que no palco temos
vozes calejadas e potentes, encobrir Eiko Senda e Martin Muehle (ambos cantam
Wagner e não são encobertos) é uma proeza que só vi o maestro Petri fazer. Bela
proeza maestro, sua orquestra tem que estar acima de tudo.
Os solistas mandaram bem, o que deu para ouvir de suas vozes
foram atuações de primeira. Martin
Muehle tem um maravilhoso timbre e uma voz madura de tenor com agudos com
um brilho único. Sua voz se mantém segura e com qualidade em toda a
apresentação. O mais belo timbre do Brasil na atualidade. Rodrigo Esteves é um grande barítono, fez o que pôde para tentar
sobrevoar a potente orquestra e mostrar sua voz. Sua técnica e seus graves
predominaram, atuou demais e foi o mais prejudicado dos solistas. Eiko Senda cantou como sempre, mostrou
qualidade de começo ao fim da récita em uma voz de timbre escuro e se matou
para ser ouvida.
Rodrigo Esteves- Foto Internet
O soprano Céline
Imbert mostrou bela voz, sua participação em Uma Tragédia Florentina teve
potência e um timbre arrasador, teve grande técnica nas diversas dificuldades
que a partitura exige. O barítono Frederico
Sanguinetti fez uma apresentação normal, sua voz é simples e nada
comovente.
Um espetáculo que deu dor de cabeça, quem aguenta uma
orquestra naquele volume, duas histórias óbvias e uma montagem básica? Eu não
aguento. Brasileiro aplaude tudo, alguns espectadores deliraram e gritaram
adoidado no final da récita. Suas mãos ficaram vermelhas de tanto aplaudir,
ululavam como se estivessem em um grande estádio de futebol vendo seu time
virar o jogo aos 45 minutos do segundo tempo, dá para perceber que esses jogam
em outro time.
El año pasado nos quitaron La Tragedia del Liceu. Qué suerte haberla disfrutado!
ResponderEliminarHey,amigo's!
ResponderEliminarThanks a lot for the visit and the reaction!
Happy week,
Abraço,Willy
Eu gostei muito da ópera, apesar de ser a primeira que assisti, valeu muito a pena, foi maravilhoso
ResponderEliminar