quarta-feira, 17 de outubro de 2012

VIOLANTA & UMA TRAGÉDIA FLORENTINA, Theatro Municipal de São Paulo, Outubro de 2012


TRAGÉDIA ORQUESTRINA NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE DO BLOG DE ÓPERA E BALLET.



Apresentar óperas desconhecidas do grande público é comum nos grandes teatros líricos do mundo. A diferença é que nesses teatros temos temporadas com uma dezena de óperas de títulos conhecidos. Sobram Bohemes, Traviatas e Carmens e entre uma delas os diretores colocam um título inédito e desconhecido. Tenho mais de 1500 vídeos de óperas e balés colecionados ao longo dos anos e nem sequer tinha ouvido falar desses dois títulos. Nos meus vídeos existem raridades e óperas mais que exóticas, nem imagino onde a direção do Theatro Municipal de São Paulo foi buscar algo tão estranho. Proponho que montem Mignon de Thomas, essa sim uma raridade e de música belíssima.
Nosso querido Theatro Municipal de São Paulo tem uma boa temporada, mas nada que chegue perto dos grandes teatros mundiais. Por isso vejo como incompatível a montagem de Violanta de Korngold e Uma Tragédia Florentina de Zemlinsky. Precisamos de mais óperas arroz com feijão, para formar público, depois que a temporada do nosso maior teatro tiver mais de 10 óperas por ano, podemos pensar em Violantas e Tragédias Florentinas e demais modernices bisaras.

 Martin Muehle e Eiko Senda em cena- Foto Internet

Musicalmente, as duas óperas têm passagens interessantes, mas nada empolgantes. Ninguém sai assoviando nenhum tema. A montagem de Felipe Hirsch (o mesmo que fez um Rigoletto com andaimes, espelhos d'água, personagem morrendo em pé e foguetes atômicos em 2011 no TMSP e levou o título de Pior Direção de Cena do blog de Ópera e Ballet) fica no básico, enclausura os personagens em um grande retângulo, na primeira ópera, e exibe diversas projeções de vídeos. Já esta virando rotina exibir vídeos nas montagens do municipal e já perdeu a graça. Na segunda o quadrado fica acima dos personagens em um cenário quase vazio. Nada de novo, nada de interessante. Os figurinos da dupla dinâmica, Daniela Thomas e Felipe Tassara representam a ideia do que ocorre no espaço cênico, simples e funcionais.

 Martin Muehle e Eiko Senda em cena- Foto Internet

A regência de Luís Gustavo Petri peca pelo excesso, o homem rege ópera como se estivesse fazendo um grande concerto orquestral. Volume da orquestra mais que elevado, encobrindo diversas vezes, mas muitas vezes mesmo os solistas. Olha que no palco temos vozes calejadas e potentes, encobrir Eiko Senda e Martin Muehle (ambos cantam Wagner e não são encobertos) é uma proeza que só vi o maestro Petri fazer. Bela proeza maestro, sua orquestra tem que estar acima de tudo.
Os solistas mandaram bem, o que deu para ouvir de suas vozes foram atuações de primeira. Martin Muehle tem um maravilhoso timbre e uma voz madura de tenor com agudos com um brilho único. Sua voz se mantém segura e com qualidade em toda a apresentação. O mais belo timbre do Brasil na atualidade. Rodrigo Esteves é um grande barítono, fez o que pôde para tentar sobrevoar a potente orquestra e mostrar sua voz. Sua técnica e seus graves predominaram, atuou demais e foi o mais prejudicado dos solistas. Eiko Senda cantou como sempre, mostrou qualidade de começo ao fim da récita em uma voz de timbre escuro e se matou para ser ouvida.


Rodrigo Esteves- Foto Internet

O soprano Céline Imbert mostrou bela voz, sua participação em Uma Tragédia Florentina teve potência e um timbre arrasador, teve grande técnica nas diversas dificuldades que a partitura exige. O barítono Frederico Sanguinetti fez uma apresentação normal, sua voz é simples e nada comovente.
Um espetáculo que deu dor de cabeça, quem aguenta uma orquestra naquele volume, duas histórias óbvias e uma montagem básica? Eu não aguento. Brasileiro aplaude tudo, alguns espectadores deliraram e gritaram adoidado no final da récita. Suas mãos ficaram vermelhas de tanto aplaudir, ululavam como se estivessem em um grande estádio de futebol vendo seu time virar o jogo aos 45 minutos do segundo tempo, dá para perceber que esses jogam em outro time.

3 comentários:

  1. El año pasado nos quitaron La Tragedia del Liceu. Qué suerte haberla disfrutado!

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  2. Hey,amigo's!
    Thanks a lot for the visit and the reaction!
    Happy week,
    Abraço,Willy

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  3. Eu gostei muito da ópera, apesar de ser a primeira que assisti, valeu muito a pena, foi maravilhoso

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