TENSÃO E DRAMA NA CAVALLERIA RUSTICANA DO THEATRO DA PAZ.
CRÍTICA DE ANDRÉIA SANTOS, ESPECIAL DE BELÉM, NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
A ópera Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni inaugura o
verismo, movimento do final do século XIX que trás o povo e a simplicidade para
a ópera. Sumiram as princesas, os nobres e os reis. No verismo os personagens
são camponeses pobres , artistas decadentes e pessoas comuns. Outra
característica importante do verismo é seu realismo , descreve a vida cotidiana
com nuances sanguinários mostrando a realidade nua e crua no palco.
Cena da
Cavalleria Rusticana - Foto Internet
Abrir o XI Festival de Ópera do Theatro da Paz com este
título é uma decisão acertada. A música de Mascagni emociona os espectadores, a
duração da ópera é de uma hora e sua produção não é das mais complexas. A
produção mostrou figurinos corretos, transportam a ação para um cenário rural.
O cenário único reflete o libreto, mostra uma praça e uma igreja e a
simplicidade do povo do Sul da Itália. Tudo muito correto. A iluminação foi
grandiosa, ajudou na dramatização do espetáculo com cores vivas. A direção de
Iacov Hilel acerta na movimentação e mostra uma visão limpa e sem frescuras da
obra.
Os solistas oscilaram: Laura de Souza tem voz madura de
soprano e consegue vencer as duras passagens da partitura emocionando o
público. Sua Santuzza foi força e emoção do começo ao fim. O tenor Rinaldo
Leone mostrou grande atuação cênica e uma voz forçada nos agudos, seu Turiddu é
regular. Errou em diversas entradas e desafinou muitas vezes. Rodolfo Giuliani
é um grande barítono, cantou com bons graves . Seu Alfio empolgou na atuação e
na emoção. Destaque para o pequeno papel de Lola assumido Luciana Tavares, a
moça é bonita , esguia e mostra todo o caráter dúbio da personagem.
Cena da
Cavalleria Rusticana - Foto Internet
O que abrilhantou a ópera foi o apelo católico, Belém ainda
se encontra na atmosfera do Círio de Nazaré. Festa dos católico e com um
significado enorme aos paraenses. Cavalleria Rusticana após o Círio de Nazaré
deixa nossas emoções a flor da pele. Ganha a população de Belém e o Estado do
Pará mostra que está na vanguarda das artes. Quem quiser ver a obra prima do
verismo ainda dá tempo , estão programadas mais duas récitas, o que é uma pena.
Um título desses merece umas 6 apresentações .
Andréia Santos
andreiasantos_9002@hotmail.com
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