(review in English below)
A encenação de La Bohème de Puccini na Royal Opera House
é da autoria de Richard Jones e é
muito interessante. É clássica e muito fiel ao libretto, mas a forma como é posta em cena é muito interessante. Há
neve a cair desde antes do início da ópera e assim continua. O efeito é de
grande impacto visual porque, ao contrario do habitual, a “neve” cai em vários
planos, ao longo de toda a profundidade do palco. Todos os componentes cénicos
são constituídos por módulos sobre rodas que são colocados e removidos enquanto
o espectáculo decorre, sem o perturbar, uma abordagem já vista mas aqui muito
bem conseguida.
Os vários actos
decorrem em cenários muito fiéis. A nota de maior curiosidade é no 2º acto, no
Café Momus, onde a Musetta, quando canta a sua valsa, tira as cuecas e
oferece-as ao Marcello. No 4º acto, nas águas furtadas onde os boémios vivem, a
Mimi é deitada no chão, pois nem cama têm.
A direcção
musical, um pouco estridente por vezes, foi do maestro Nicola Luisotti.
O tenor Atalla Ayan foi um Rodolfo convincente,
embora algo contido no desempenho vocal. Tem uma voz de timbre agradável,
sempre afinado, mas pouco emotivo em cena.
A soprano Ekaterina Siurina foi uma Mimi
excelente. A voz tem um poder enorme mas a cantora soube usá-la sempre com
qualidade, mais reservada quando era necessário. Esteve sempre bem, mas achei
que nos 1º e 3º actos foi onde o desempenho vocal foi mais marcante.
A mezzo Vlada Borovko foi uma Musetta
excessivamente espampanante, mas a culpa não será da cantora. A voz, enorme, é
levemente estridente mas globalmente de qualidade e bem colocada.
O Marcello de Rodion Pogossov foi um dos melhores da
noite. O cantor tem boa figura, agilidade em palco e a voz, bonita e grande,
sempre afinada, adequa-se perfeitamente à personagem.
Também excelente
foi o baixo In Sung Sim como
Colline. Tem uma voz grande, muito bonita, com um registo baixo verdadeiramente
impressionante.
O Schaunard de Andrzej Filonczyk cumpriu com
dignidade, embora tenha uma intervenção pequena.
Mais um
espectáculo de grande qualidade em Londres.
****
LA BOHÈME,
Royal Opera House, London, June 2018
The staging
of Puccini’s La Bohème at the Royal Opera
House is by Richard Jones and is
very interesting. It is classic and very faithful to the libretto, but the way
it is put on the scene is very interesting. There is snow falling since before the
start of the opera and so it goes until the end. The effect is of great visual
impact because, unlike the usual, the "snow" falls in several rows,
along the whole depth of the stage. All the stage components are made up of
modules on wheels that are placed and removed while the performance goes on,
without disturbing it, an approach already seen but here very well achieved.
The various
acts take place in very faithful settings. The note of greatest curiosity is in
the second act, at Café Momus, where Musetta, when she sings her waltz, takes
off her briefs and offers them to Marcello. In the 4th act, in the poor flat
where the Bohemians live, Mimi is lying on the floor, because they have no bed.
The musical
direction, somewhat strident at times, was by maestro Nicola Luisotti.
Tenor Atalla Ayan was a compelling Rodolfo,
though somewhat contained in vocal performance. He has a pleasant voice, always
in tune, but occasionally unemotional on the scene.
Soprano Ekaterina Siurina was an excellent
Mimi. The voice has enormous power but the singer knew to use it always with
quality, more reserved when it was necessary. She was always good, but I
thought that in the 1st and 3rd acts it was where the vocal performance was
most striking.
Mezzo Vlada Borovko was an overly soulful
Musetta, but the fault will not be of the singer. The voice, huge, is slightly
strident but overall quality and well tuned.
Rodion Pogossov's Marcello was one of the best of the night.
The singer has a good figure, agility on stage and the voice, beautiful and big,
always in tune, fits perfectly to the character.
Also
excellent was the bass In Sung Sim
as Colline. He has a great, very beautiful voice, with a truly impressive low
register.
Andrzej Filonczyk's Schaunard sung with dignity, although he has
a small intervention.
Another
great performance in London.
****
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