quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

LA TRAVIATA, METropolitan OPERA, Dezembro / December 2018



(review in English below)

A Metropolitan Opera estreou esta semana uma nova produção de La Traviata de Verdi.


Na encenação de Michael Mayer, a ópera começa com a Violetta moribunda, na cama, como acabará no final. O flashback ilustra as memórias da Violetta, aprisionada no leito de morte. Toda a acção se passa no século XIX, num salão ricamente decorado ao estilo barroco, com motivos vegetais e com portas altas. Guarda roupa a condizer.



O cenário é sempre idêntico. No salão está, ao centro, a cama, num dos lados um piano e uma mesa, no outro uma secretaria e um banco redondo. Nada mais e tudo permanece no mesmo lugar do início ao fim.



Segundo o encenador, ao longo do espectáculo temos representadas as 4 estações do ano na decoração do salão. A primavera quando a Violeta surge e se apaixona pelo Alfredo. Aparecem no tecto uns ramos garridamente floridos. 


O verão, quando ambos vivem juntos no campo, são as decorações florais das paredes do salão que se destacam destas e avançam um pouco. O outono, quando dominam os problemas com o pai, Giorgio Germont, surgem no tecto ramos com apenas folhas castanhas. 


O inverno, no final, cai neve quando a Violetta está a morrer no leito.
É uma abordagem aceitável mas muito estática.

O maestro titular Yannick Nézet-Séguin foi excelente na direcção da orquestra e dos cantores.



Os bailarinos foram também óptimos.



Os solistas foram fantásticos. A soprano Diana Damrau fez uma das melhores Violetta Valéry que vi recentemente. Tem uma voz magnífica em todos os registos, bem audível sobre a orquestra, muito emotiva e uma representação cénica insuperável! Esteve sempre ao mais alto nível neste longo e difícil papel. Fabulosa!




O tenor Juan Diego Flórez é um cantor exímio e, por isso, esteve muito bem como Alfredo Germont. Contudo, a potência vocal não é a adequada a este teatro e, por vezes, soou baixo. E enganou-se uma vez no 3º acto. No registo mais agudo é admirável mas, no registo médio, a voz não sobressai. Em cena foi excelente, a figura elegante e ainda jovem também ajuda muito.


O barítono Quinn Kelsey foi o Giorgio Germont. Pensava que ia ser o elo mais fraco, mas enganei-me totalmente. Foi excelente! Tem um vozeirão que parecia estar ligado a um amplificador. O timbre é muito agradável e esteve sempre afinado. Em palco foi um pouco estático, mas a encenação não dava para mais.



Os cantores secundários foram mais irregulares, destacando-se pela positiva Maria Zifchak como uma óptima Annina. Kristin Chávez fez uma Flora regular e Kevin Short um Dr. Grenvil para esquecer.




No cômputo final foi um excelente espectáculo, sobretudo devido ao maestro, coro, orquestra e solistas principais.








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LA TRAVIATA, METropolitan OPERA, December 2018

The Metropolitan Opera premiered this week a new production of Verdi's La Traviata.

In Michael Mayer's production, the opera begins with the dying Violet in bed, as she will end at the end. The flashback illustrates Violetta's memories, trapped on the deathbed. All the action takes place in the 19th century, in a room richly decorated in baroque style, with vegetable motifs and high doors. Dresses to match.

The scenery is always the same. In the hall is, in the center, the bed, on one side a piano and a table, on the other another table and a round bench. Nothing else and everything stays in the same place from start to finish.

According to the director, throughout the show we have represented the 4 seasons of the year in the decoration of the hall. Spring when Violetta falls in love with Alfredo. A few blooming branches appear on the ceiling. Summer, when the two of them live together in the countryside. The floral decorations on the walls stand out from these and advance a bit. Autumn, when problems arise with Alfredo’s father, Georgio Germont. In the ceiling some branches with only brown leaves appear. Winter in the end, with snow falling when Violetta is dying. It is an acceptable but very static approach.

Music director maestro Yannick Nézet-Séguin was excellent conducting the orchestra and the singers.

The dancers were great too.

The soloists were fantastic. Soprano Diana Damrau was one of the best Violetta Valery I've seen recently. She has a magnificent voice in every register, always well audible over the orchestra, very emotional and an unsurpassed stage performance! She was always been at the highest level in this long and difficult role. Fabulous!

Tenor Juan Diego Flórez is an exquisite singer and was very well as Alfredo Germont. However, his vocal power is not always appropriate to this theater and sometimes he sounded underpowered. And he made a mistake in act 3. In the higher register he was admirable, but in the medium register, the voice did not stand out. On stage he was excellent, the elegant and still young figure also helps a lot.

Baritone Quinn Kelsey was Giorgio Germont. I thought he was going to be the weakest link, but I totally misled myself. He was excellent! He has a voice that seemed to be connected to an amplifier. The timbre is very nice and has always been tuned. On stage he was a bit static, but the staging did not allow much more.

The supporting singers were more irregular, standing out for the positive Maria Zifchak as a great Annina. Kristin Chavez was a regular Flora and Kevin Short was a Dr. Grenvil to forget.

Overall it was an excellent performance, mainly due to the conductor, the choir, the orchestra and the main soloists.

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4 comentários:

  1. A ouvir na Antena dois. Damrau é de facto fabulosa.

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  2. Assisti à transmissão em directo do MET na Gulbenkian. No geral concordo com a apreciação desta nova produção da Traviata. Achei os cenários e o guarda roupa muito garridos e pirosos, mas no MET tal é bastante comum. A récita valeu a pena e acima de tudo, pelos cantores, orquestra, coro e maestro. O Juan Diego Florez poderia ter estado melhor. Gosto mais de o ouvir no belcanto. O barítono foi espetacular e a Damrau também.

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    1. Sim, de acordo com tudo o que escreveu. Mas na transmissão há amplificação vocal, por isso o Florez ouviu-se melhor do que no teatro.

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