(review in English below)
A Metropolitan Opera estreou esta semana
uma nova produção de La Traviata de Verdi.
Na encenação de Michael Mayer, a ópera começa com a
Violetta moribunda, na cama, como acabará no final. O flashback ilustra as memórias da Violetta, aprisionada no leito de
morte. Toda a acção se passa no século XIX, num salão ricamente decorado ao
estilo barroco, com motivos vegetais e com portas altas. Guarda roupa a
condizer.
O cenário é
sempre idêntico. No salão está, ao centro, a cama, num dos lados um piano e uma
mesa, no outro uma secretaria e um banco redondo. Nada mais e tudo permanece no
mesmo lugar do início ao fim.
Segundo o
encenador, ao longo do espectáculo temos representadas as 4 estações do ano na
decoração do salão. A primavera quando a Violeta surge e se apaixona pelo
Alfredo. Aparecem no tecto uns ramos garridamente floridos.
O verão, quando
ambos vivem juntos no campo, são as decorações florais das paredes do salão que
se destacam destas e avançam um pouco. O outono, quando dominam os problemas
com o pai, Giorgio Germont, surgem no tecto ramos com apenas folhas castanhas.
O inverno, no final, cai neve quando a Violetta está a morrer no leito.
É uma abordagem aceitável
mas muito estática.
O maestro titular
Yannick
Nézet-Séguin foi excelente na direcção
da orquestra e dos cantores.
Os bailarinos foram também
óptimos.
Os solistas foram
fantásticos. A soprano Diana
Damrau fez uma das melhores Violetta Valéry que vi recentemente. Tem uma voz
magnífica em todos os registos, bem audível sobre a orquestra, muito emotiva e
uma representação cénica insuperável! Esteve sempre ao mais alto nível neste
longo e difícil papel. Fabulosa!
O tenor Juan Diego Flórez é um
cantor exímio e, por isso, esteve muito bem como Alfredo Germont. Contudo, a
potência vocal não é a adequada a este teatro e, por vezes, soou baixo. E
enganou-se uma vez no 3º acto. No registo mais agudo é admirável mas, no registo
médio, a voz não sobressai. Em cena foi excelente, a figura elegante e
ainda jovem também ajuda muito.
O barítono Quinn Kelsey foi o Giorgio
Germont. Pensava que ia ser o elo mais fraco, mas enganei-me totalmente. Foi excelente!
Tem um vozeirão que parecia estar ligado a um amplificador. O timbre é muito
agradável e esteve sempre afinado. Em palco foi um pouco estático, mas a
encenação não dava para mais.
Os cantores secundários foram mais irregulares, destacando-se pela positiva
Maria Zifchak como uma óptima
Annina. Kristin Chávez fez uma Flora
regular e Kevin Short um Dr. Grenvil
para esquecer.
No cômputo final
foi um excelente espectáculo, sobretudo devido ao maestro, coro, orquestra e
solistas principais.
****
LA TRAVIATA,
METropolitan OPERA, December 2018
The Metropolitan Opera premiered this week
a new production of Verdi's La Traviata.
In Michael Mayer's production, the opera
begins with the dying Violet in bed, as she will end at the end. The flashback
illustrates Violetta's memories, trapped on the deathbed. All the action takes
place in the 19th century, in a room richly decorated in baroque style, with
vegetable motifs and high doors. Dresses to match.
The scenery
is always the same. In the hall is, in the center, the bed, on one side a piano
and a table, on the other another table and a round bench. Nothing else and
everything stays in the same place from start to finish.
According
to the director, throughout the show we have represented the 4 seasons of the
year in the decoration of the hall. Spring when Violetta falls in love with
Alfredo. A few blooming branches appear on the ceiling. Summer, when the two of
them live together in the countryside. The floral decorations on the walls
stand out from these and advance a bit. Autumn, when problems arise with
Alfredo’s father, Georgio Germont. In the ceiling some branches with only brown
leaves appear. Winter in the end, with snow falling when Violetta is dying. It
is an acceptable but very static approach.
Music
director maestro Yannick Nézet-Séguin
was excellent conducting the orchestra and the singers.
The dancers
were great too.
The
soloists were fantastic. Soprano Diana
Damrau was one of the best Violetta Valery I've seen recently. She has a magnificent
voice in every register, always well audible over the orchestra, very emotional
and an unsurpassed stage performance! She was always been at the highest level
in this long and difficult role. Fabulous!
Tenor Juan Diego Flórez is an exquisite
singer and was very well as Alfredo Germont. However, his vocal power is not always
appropriate to this theater and sometimes he sounded underpowered. And he made
a mistake in act 3. In the higher register he was admirable, but in the medium
register, the voice did not stand out. On stage he was excellent, the elegant
and still young figure also helps a lot.
Baritone Quinn Kelsey was Giorgio Germont. I
thought he was going to be the weakest link, but I totally misled myself. He
was excellent! He has a voice that seemed to be connected to an amplifier. The timbre
is very nice and has always been tuned. On stage he was a bit static, but the
staging did not allow much more.
The supporting
singers were more irregular, standing out for the positive Maria Zifchak as a great Annina. Kristin Chavez was a regular Flora and Kevin Short was a Dr. Grenvil to forget.
Overall it
was an excellent performance, mainly due to the conductor, the choir, the orchestra
and the main soloists.
****
A ouvir na Antena dois. Damrau é de facto fabulosa.
ResponderEliminarSim, cantou muito bem e representou ainda melhor!
EliminarAssisti à transmissão em directo do MET na Gulbenkian. No geral concordo com a apreciação desta nova produção da Traviata. Achei os cenários e o guarda roupa muito garridos e pirosos, mas no MET tal é bastante comum. A récita valeu a pena e acima de tudo, pelos cantores, orquestra, coro e maestro. O Juan Diego Florez poderia ter estado melhor. Gosto mais de o ouvir no belcanto. O barítono foi espetacular e a Damrau também.
ResponderEliminarSim, de acordo com tudo o que escreveu. Mas na transmissão há amplificação vocal, por isso o Florez ouviu-se melhor do que no teatro.
Eliminar