segunda-feira, 6 de maio de 2013

RIGOLETTO de Giuseppe Verdi no Teatro Nacional de São Carlos — 5.05.2013


(Review in English bellow)

A ópera Rigoletto de Giuseppe Verdi (1813-1901) foi estreada em 1851 no Teatro La Fenice em Veneza. O libreto resulta da estreita colaboração entre o compositor e o libretista italiano Francesco Maria Piave e baseia-se na peça Le Roi s’amuse do escritor francês Victor Hugo escrita em 1832. 


A peça foi alvo da censura francesa e não se pôde apresentar durante dezenas de anos, mas suscitou o interesse de Verdi que procurava uma história marcante e com personagens de carácter forte para a sua nova ópera. A sua escolha também foi alvo da censura austríaca, à época potência dominante no norte de Itália. Esta considerou o texto de “uma moralidade repugnante e obscena trivialidade”. Depois de várias alterações, a ópera inicialmente intitulada La Maledizione passar-se-ia a chamar Rigoletto e a sua acção deslocar-se-ia para o reino de Mântua que pertencia à família Gonzaga, entretanto extinta, o que permitia não ofender qualquer susceptibilidade. A sua recepção foi apoteótica e, desde então, Rigoletto é uma das óperas iconográficas de Verdi e uma das mais representadas em todo o mundo, tendo sido, segundo o site Operabase, a 10.ª ópera mais representada mundialmente entre 2006 e 2010. Tem, pois, um lugar cativo e altamente meritório na história da ópera!

A história desenrola-se, habitualmente, em torno do triângulo Rigoletto (corcunda e bobo da corte), o Duque de Mântua (aristocrata galanteador) e Gilda (filha de Rigoletto e apaixonada pelo Duque), sempre com o pano de fundo trágico relacionado com a maldição lançada por Monterone a Rigoletto e que se viria a concretizar.


A encenação de Francesco Esposito baseou-se, uma vez mais, em estruturas metálicas que, com a personalização por painéis, se foram adaptando a todas as óperas da triologia de Verdi do TNSC. Esta opção percebe-se muito bem tendo em conta o baixo orçamento disponível. Na senda da modernização, da qual até sou adepto, Esposito colocou a acção nos tempos actuais, sem a transportar, todavia, para algum período concreto. O primeiro acto inicia-se com uma festa orgiástica com travestis e “coelhinhas” ao estilo da Playboy. A segunda cena do 1.º acto passa-se no salão vazio até que, transportando Rigoletto para a frente do palco, fazem descer um pano negro, enquanto o cenário se transforma ruidosamente. É de tal modo que o Pari siamo de Rigoletto mal se ouvia ou foi muito perturbado. Continuo sem perceber porque é que Esposito insiste nisto: já o fizera na Traviata e com muito mau resultado. Opta por não encenar durante um período e acrescenta ruído: muito ruído! A segunda cena faz de Rigoletto um mecânico: veste-o com um fato de macaco e chega de scooter. Uma opção duvidosa: Rigoletto mecânico?! Então, surge a cândida Gilda no meu de mecânicos de mau aspecto e barris de óleo... O segundo acto passa-se novamente, no salão do primeiro acto. Mas há um pormenor muito importante e que foi péssimo: quando na ária Cortigiani Rigoletto se dirige a Marulo este afasta-se para o fundo do palco, desaparecendo. Ora Marulo e Rigoletto têm uma cena que implica, claramente, contacto visual e até físico. Tudo isto não se percebe tendo em conta o desespero do corcunda e o texto. Aliás, o Rigoletto aqui não é nem deformado nem tem mau aspecto. O terceiro acto já opta por opções mais discutíveis. As estruturas metálicas são despidas e, nos diversos andares, prostitutas de rua vendem-se de modo lascivo e sujo a troco de umas notas oferecidas por mecânicos. Uma opção de muito mau gosto! E a irmã de Sparafucile — Maddalena — tem uma figura assombrosa... E muito mais naqueles trajes: um horror! Já a opção de fazer chuva com bolinhas de esferovite foi muito gira e resultou muito bem.

Martin André. Tem, indubitavelmente, um ego que enche o palco. Adora finais “em grande” para receber o respectivo aplauso entusiástico antes da música terminar... Penso que poderá rever esta postura no futuro, o mesmo se podendo dizer aos rugidos que vai dando ao longo da récita: ou será que Verdi os incluiu em exclusivo na sua partitura?... E a sua direcção deixa muito a desejar: desencontros muito frequentes com os cantores. Ora vai à frente, ora vai atrás. Tem uma irregularidade no tempo tremenda: começou o primeiro acto com grandes pausas e, depois, acelera os finais do 1.º e 3.º actos de modo a retirar qualquer intensidade dramática. E os sopros foram muito fracos... Não gostei!


Piero Terranova. Rigoletto apresentou-se com uma voz agradável, afinado e regular ao longo de toda a récita. A projecção nem sempre foi a melhor, mas, embora sem encantar, foi convincente vocal e cenicamente.

Alessandro Liberatore. O Duque de Mântua era, entre os principais cantores, aquele que tinha o timbre mais bonito e interpretou bem cenicamente. Mas a sua projecção era fraca, com uma coluna de som muitas vezes irregular. Não foi extraordinário, mas foi um Duque eficaz. Aliás, comparado com o Alfredo da Traviata, qualquer um é um Pavarotti.

Romina Casucci. Gilda foi, dos três cantores principais, a que denotou mais dificuldades. A sua voz não é bonita, nem cheia, e tem uma técnica não muito apurada, o que ficou bem patente na sua interpretação da exigentíssima ária Caro nome. Aliás, mesmo cenicamente não foi muito expressiva. Enfim, esteve longe de se apresentar ao nível que o papel exige.

Giovanni Furlanetto. Sparafucile esteve regular. A voz não tem muita potência, nem a projecção é a melhor. Mas tem um grave profundo.

Agostina Smimmero. Maddalena foi interpretada pela italiana que foi Azucena em Il Trovatore. Hoje esteve pior. Dificilmente se ouvia. E a sua figura: peço desculpa, mas quando ela diz ao Duque que é feia tem toda a razão. Um horror de ver...


Os papéis secundários — como sempre! — foram para os portuguesinhos... (é assim que são tratados no TNSC!). João Merino foi um óptimo Marulo: é sempre muito expressivo vocal e cenicamente, com uma óptima presença em palco (é um actor!) e tem uma voz bonita, bem projectada e sempre audível. Luís Rodrigues foi Ceprano e esteve impecável (em grande estilo!). Mário Redondo foi Monterone: esteve bem, embora hoje com a voz áspera. Mas são portugueses. Sugiro que mudem de nomes. Por exemplo: Juan Merino, Louis Rodriguez e Mario Redondo. Assim, de certeza que eram mais respeitados!

Mas Rigoletto, das três óperas a que assisti, foi a mais regular dentro de uma qualidade bastante baixa e que se lamenta. Ainda assim, quando há orçamentos baixos, há que privilegiar a prata da casa...


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(Review in English)

The opera Rigoletto by Giuseppe Verdi (1813-1901) was premiered in 1851 at the Teatro La Fenice in Venice. The libretto results of close collaboration between the composer and Italian librettist Francesco Maria Piave and is based on the play Le Roi s'amuse by French writer Victor Hugo written in 1832. The piece was targeted of French censorship and could not be present for decades, but has attracted Verdi who was looking for a story with striking and strong characters for his new commissioned opera. His choice was also targeted of Austrian censorship, at that time dominant potency in northern Italy. They considered the text of "a repugnant morality and obscene triviality." After several changes, the opera first entitled La Maledizione would be Rigoletto and its action would move into the realm of Mantua who belonged to the Gonzaga family, though extinct, which allowed not offending any susceptibility. Rigoletto’s reception was climactic and, since then, is one of Verdi's iconographic operas and one of the most represented throughout the world, having been, according to the site Operabase, 10th most represented opera worldwide between 2006 and 2010. It therefore has a special and highly meritorious place in the opera history!

The story takes place usually around the triangle Rigoletto (an humpbacked jester), the Duke of Mantua (aristocrat dangler) and Gilda (Rigoletto's daughter who was in love with the Duke), always with the tragic backdrop related to a curse laid by Monterone that will finally happen. You can read a detailed summary here.

The staging of Francesco Esposito was based, again, on metal structures that, with the customization of panels, were adapted to all the operas of Verdi’s trilogy of TNSC. This option is perceived very well given the available low budget. In the wake of modernization, which I'm an adept, Esposito put the action in the present times, without carry it, however, to one specific period. The first act begins with an orgiastic party with transvestites and orgiastic "bunnies" in the style of Playboy. The second scene of the first act is set in the empty hall until, carrying Rigoletto for the front of the stage, a soft black curtian down while the scenery is transformed behind it loudly. It is such loud that on Pari siamo Rigoletto is barely audible was very distraught. I still do not understand why Esposito insists on it: he had done it in Traviata and with very bad results. He chooses not to enact during a period and adds noise! In the second scene Rigoletto is a mechanic and he arrives on scooter. One option dubious: Rigoletto as a mechanic?! Then comes the candid Gilda in the middle of mechanics of bad aspect and barrels of oil ... The second act goes up again in the hall of the first act. But there is one very important detail that was bad: when Rigoletto sing the aria Cortigiani and addresses Marulo, Marulo deviates to the bottom of the stage, disappearing. Marulo and Rigoletto have a scene in which clearly implies a visual and even physical contact. All this is not perceived taking account Rigoletto’s despair and, of course, the libretto. Incidentally, the Rigoletto here is neither deformed nor have bad aspect. The third act has options more debatable. The metallic structures are naked, and on the various floors, street prostitutes sell themselves so lewd and dirty in exchange for some notes offered by mechanics. An option of very bad taste! And the sister of Sparafucile - Maddalena - has a stunning figure ... And much more in those costumes: a horror! The option to make rain with styrofoam balls was very cute and it worked well.

André Martin. He has undoubtedly an ego that fills the stage. He loves doing finales "a la grande" to receive enthusiastic applauses before the music ends... I think he may revise this posture in the future, and the same can be said to roars that he gives along the recitation: or Verdi included them exclusively in André’s score? ... And his direction has big faults: very frequent tempo disagreements with the singers. Here ahead them, there after them. He has a tremendous irregularity in time: the first act began with large pauses and then he accelerates in the end of first and final acts so as to remove any dramatic intensity. And the winds were very weak ... I did not like!

Piero Terranova. Rigoletto presented himself with a pleasant voice, tuned and regular throughout the recitation. The projection was not always the best but, although not delighting, he was convincing vocal and scenically.

Alessandro Liberatore. The Duke of Mantua was, among the leading singers, the one who had the most beautiful timbre and scenically was very well. But his projection was weak and often irregular. He was not extraordinary, but it was an effective Duke. Moreover, compared with Alfredo from La Traviata, anyone is a Pavarotti.

Romina Casucci. Gilda, of the three leading singers was the one who denoted more difficulties. Her voice is not beautiful, nor full, and has a technique not very accurate, which has been evident in her interpretation of the aria Caro nome. Moreover, even scenically was not very expressive. Anyway, she was far from perform to the level that the role requires.

Giovanni Furlanetto. Sparafucile was regular. The voice does not have much power, nor the projection is the best. But he has a deep bass.

Agostina Smimmero. Maddalena was interpreted by Italian mezzo which was Azucena in Il Trovatore. Today she was worse. Hardly she was heard. And her figure: I apologize, but when she tells the Duke that she is ugly she is absolutely right. A horror to see...

The supporting roles - as always! - went to the little Portugueses... (This is how they are treated in TNSC!). João Merino was a great Marulo: he is always very expressive vocal and scenically, with a great stage presence (he is really an actor!) and has a beautiful voice, well projected and always audible. Luís Rodrigues was Ceprano and was immaculate (in great style!). Mário Redondo was Monterone: he was good, although today with a harsh voice. But are Portuguese. I suggest they change their names. For example: Juan Merino, Louis Rodriguez and Mario Redondo. If so, I'm sure they were more respected!

But Rigoletto, of the three operas I attended, was the most regular in a very low quality level. Still, when there is low budgets and I think that TNSC should give priority to the nationals… 

21 comentários:

  1. Amigos Fanáticos,

    Gostei muito deste texto bem humorado! Quanto à comparação com as outras óperas da chamada "trilogia", estamos em desacordo, o que é perfeitamente salutar! Apenas duas obervações:

    "comparado com o Alfredo da Traviata, qualquer um é um Pavarotti." ---> não se pode dizer "um" Pavarotti, deve ser "qualquer um é Pavarotti" hehehe

    "Sugiro que mudem de nomes. Por exemplo: Juan Merino, Louis Rodriguez e Mario Redondo."
    Martin André gosta de nomes italianos:
    Giovanni Merini, Luigi Rodrigo, .... quanto ao último, acho melhor pensar em Monterones alternativos, sem ofensa!

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    1. Caro Plácido,
      Muito obrigado pelo seu comentário. Realmente tem muita razão nas suas observações. Aceito-se sugestões para o Mário Redondo: tinha colocado Mario sem acento e deixado Redondo porque pode ser lido à espanhola. Mas, se, por exemplo, colocarmos Mario del Redondo talvez já fique melhor e faça lembrar o famoso e galã Mario del Monaco. Mas, confesso, que Mónaco é mais elitista e sonante que Redondo...

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  2. Desta trilogia verdiana vi apenas o Trovador e o Rigoletto. Tinha ficado desapontado com a encenação do Trovador, a qual havia considerado muito pobre embora musicalmente bem aceitável (vi a primeira das récitas do Trovador, a 10 de Abril, onde não ocorreram os problemas da récita do Domingo seguinte, récita essa que foi muito criticada aqui no blog).
    Assisti agora ao Rigoletto do Domingo 5 de Maio e adorei. Achei a encenação incomparavelmente melhor do que a do Trovador, considerando-a interessante não apenas em termos relativos mas em absoluto. Gostei de ler esta crítica, como é costume no blog, mas, em minha opinião, as opções pela estética da "festa orgiástica" ou da rua do bairro vermelho não foram assim de tão mal gosto. Já vi produções bem mais arrojadas e achei até que Francesco Esposito se conteve bastante na implementação dessas ideias. Mesmo um Rigoletto que é mecânico nas horas em que não é bobo/humorista pareceu-me interessante. Claro, este Rigoletto não era corcunda e isso colide frontalmente com o que a dada altura é dito, é bem verdade, mas também não me chocou. Em termos vocais, concordo que a Agostina Smimmero (que tinha cumprido bem na Azucena do Trovador), tenha sido agora uma Maddalena ténue na projecção da voz. Mas quanto à figura me cena, julgo que a opção foi mesmo a de a fazer destoar e sublinhar essa diferença física e de figurino face à figura atraente das figurantes no bairro. Esmeraram-se nos pormenores (ou em surpresas como a chuva) e obtiveram com aquelas estruturas metáticas (quando vazias ou preenchidas com garagens, janelas, persianas) ou até no cenário da "corte", bons efeitos, sem monotonias. Foi agradável; não veria uma segunda vez a récita do Trovador mas veria esta produção do Rigoletto uma segunda vez. A descrição que o blog fez do desempenho do Alfredo na Traviata foi impressiva e por isso considero que tive sorte em a ópera da trilogia que falhei assistir (por estar fora do país nos dias dessas récitas) ter sido a Traviata. Pena o São Carlos não celebrar os 200 anos de Wagner também em 2013 (e que está quase a fazer os anos a 22 de Maio), mas entende-se que terá feito o possível na situação financeira de 2013.

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    1. Caro Francisco,
      Também concordo consigo quanto a alguns pormenores da encenação de Esposito que foram bem conseguidos. A encenação, no global, de Rigoletto foi a melhor das três e teve alguns aspectos interessantes. E a opção estética do 3.º acto é uma questão de gosto: concordo consigo quanto a haver opções muito mais discutíveis e de extremo mau gosto capazes de superar, largamente, as desta.
      Quanto a Wagner, apesar da compreensível situação de carência económica do TNSC, é uma pena que não haja forma de comemorar Wagner. Todavia, também creio que, se o nível global de uma ópera de Wagner tiver a qualidade a que assistimos para Verdi, talvez tenha sido melhor deixar esse projecto bem trancado (e a sete chaves!) numa qualquer gaveta do TNSC. Evitar-se-ia a decepção, Wagner agradeceria e ficaríamos apenas com essa mágoa!

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  3. Também assisti à récita do dia 5 de Maio e assim finalizei a última das 3 operas do trio de Verdi. O Rigoletto, não foi exceção às outras duas… Foi fraquinho, fraquinho!

    Uma récita tem de valer pelo seu todo: Afinação, colocação, representação, cenários, iluminação, orquestra e público… e basicamente estes fatores não estiveram equilibrados.

    - Afinação: Tirando uma aria da Gilda (que peço desculpa não me lembrar qual), onde ela mandou um prego valente, diria que globalmente até foi boa.
    - Colocação: Fraca do ponto de visto isolado para todos os cantores, mas especialmente nos duetos e quarteto nem todas as vozes eram convenientemente audíveis.
    - Representação: Na globalidade boa. Houve alguma alegria, dramatismo e especialmente química entre os principais. Contudo podiam ter arranjado uma Maddalena mais jeitosa… até a Maximiliana (interpretada pelo Herman José) tinha melhor figura.
    - Cenários: Dentro do budget, nada mal. Apesar de à terceira récita os andaimes já cansarem. A movimentação de cenários durante arias prejudicou a atenção. Adorei a parte da chuva.
    - Iluminação: Quer aqui quer na traviata foi um dos “plus” deste trio de Verdi… especialmente nos “preludes”.
    - Orquestra: os grunhidos do Martin André eram dispensáveis, mas pior que isso… Não houve química entre orquestra e cantores. Tirando o final, a orquestra parecia um CD. Notas qualquer um sabe tocar… colocar emoção nessas notas é o que se espera de músicos profissionais e do seu maestro.
    - Publico: Já assisti a muitas récitas no TNSC e cada vez mais (especialmente neste trio) sinto nas palmas, um público cansado de um TNSC cada vez mais fraquinho. Adicionalmente, deviam colocar o aviso para desligar telemóveis antes de qualquer ato. Que vergonha!

    Discordo quando diz relativamente ao Alessandro Liberatore “interpretou bem cenicamente”… Diria apenas que cumpriu os mínimos. Eu sei que não é fácil ser-se Duque e passado um minuto de ópera, ter de arrancar com um “Questo o Quella”… que é talvez das árias cenicamente mais difíceis que conheço, pela energia e ritmo que se tem de empregar. Faltou-lhe esta energia, ritmo e especialmente o Don Juanismo.

    Mas concordo consigo que este Alessandro comparado com o Andrés “Mariachi” Veramendi… era um verdadeiro Pavarotti!

    Continuo a dizer, aumentem os preços e tragam qualidade.

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    1. Caro Anónimo,
      Não podia estar mais de acordo consigo na generalidade do que diz.
      A Gilda dá esse prego numa das suas árias, mas também não lhe sei dizer qual. Conseguiu passar por ele sem se desmanchar, o que já não foi mau...
      A Maximiliana daria uma Maddalena muito sedutora...
      A parte da chuva foi o elemento, em minha opinião, mais bonito das três encenações.
      A orquestra esteve, em qualquer uma das récitas, muito mal e pessimamente conduzida por Martin André. Realmente não deu música e nem sempre chegou a tocar as notas para o cd...
      Já o público anseia por bater palmas entusiásticas: nisso André é exímio a pedi-las com toda aquela "vibração" com que estraga os finais de tudo. E os telemóveis: o maestro até teve de esperar que o desligassem...
      E relativamente ao Alessandro Liberatore: sim, esteve bem, mas não foi nenhum espanto. Quando diz que lhe faltou Don Juanismo tem toda a razão. Mas não é nenhum Mariachi... esse é indescritível: só mesmo tendo o (des)prazer de assistir! Absolutamente! Mas, uma vez mais, não recomendo.
      Saudações

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  4. Assisti à récita de estreia, no dia 3 e acho que houve diferenças importantes em relação às interpretações dos solistas, pelo que vou lendo aqui. Tenho uma opinião radicalmente oposta à vossa em relação à encenação mas, brevemente, colocarei um pequeno texto sobre o que vi e ouvi.
    Também há poucos dias assisti a outro Rigoletto na Deutsche Oper de Berlim. Irá para o blogue em breve e será interessante a comparação...

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    1. Caro Fanático,
      Fico à espera dessa comparação. Irá, certamente, enriquecer a discussão.

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    2. Caro Fanático_Um
      Uma vez que também assisti à récita do dia 3 (do que já dei conta num comentário abaixo), fico curioso por ler a sua, inclusivamente sobre a encenação, que foi aspecto sobre o qual não me deti.
      Cumprimentos,
      J. Baptista

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  5. Na minha modesta óptica, seria de todo crível que o actual império exercido pelas severíssimas constrições económicas que espartilham de modo inclemente a gestão artística do TNSC operasse a emersão de toda uma filosofia programática fundada numa efectiva potenciação das virtualidades, bastamente, detidas por toda uma plêiade de recursos autóctones em articulação com uma criteriosa selecção de elementos de índole exógena.

    A periclitante reputação do actual São Carlos, estou em crer, não compadecer-se-á com opções de, aparentemente, dúbia repercussão no que ao nível dos predicados dramático-vocais ostentados se reporta.

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  6. I would like to know who wrote this review and what date you referring to?? it seems that anyone can get up one day and write stupid things
    What musical skills has this so ungry person maybe he wanted to sing instead of Italian? How do you understand from a few phrases sung by Portuguese singers who would have been better?? do yuo Know them? I think so..
    Here is the review that describes well the First rappresentation...
    Good read

    http://www.hardmusica.pt/noticia_detalhe.php?cd_noticia=16012

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    1. Dear Mr. Opera,

      First of all, thanks for your comments. I like to know people opinions and I’m very pleased do publish all your comments, agreeing or not with them. But, you must have to be patient, because I’m not always checking the comments dropped here. I’m fortunate to have professional duties…

      As to my post:
      1. If you have a look it is related to Rigoletto of 5Th May. You probably missed the date.
      2. Who am I? I’m an opera fan. You should treat me as camo.opera as I treat you as Mr. Opera. I don’t understand why you want me to sign the post when you either don’t do it…
      3. I’m normally a kind and cheerful person. I’m not angry at all. But you seemed not confortable with my post and I don’t know why. Is it because I have a different opinion? I like democracy and if I disagree I argue. Your option is to call me stupid, so I suggest you to calm a little down and be kind.
      4. I don’t know personally any of the singers and I have sufficient musical skills to distinguish a good voice, being it from Italians or not.
      5. Thanks for the www.hardmusica.pt comments on first representation.

      If you want to offer our blog your opinion, I assure you it will be publish unless you use not so proper language, which I doubt you normally use.

      Best regards, camo.opera

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  7. Assisti à récita do dia 3 e parece que tive azar, pois foi francamente má.
    Do trio de protagonistas, só mesmo o Rigoletto (Piero Terranova) se safou razoavelmente. É um barítono com um timbre adequado e agradável, embora me tenha parecido sofrer de algumas deficiências de projecção vocal, pois a voz parecia sempre pouco sonora e sair em esforço. Ainda assim, penso que conseguiu transmitir alguma emoção e a composição da personagem pareceu-me credível e coerente. Em suma, acho que teve uma prestação bastante razoável e mereceu os aplausos mais fortes da noite.
    A Gilda (Romina Casucci) não estava ao mesmo nível. Embora tivesse gostado do timbre da voz, revelou bastantes deficiências. Afinação duvidosa em muitos excertos, ataque das notas muito inseguro, especialmente os agudos, descontrolo no volume de som, que me pareceu ser “ao calhas”, etc. Tudo isto foi mais visível no “Caro nome”, onde o maestro acabou por ajudar com tempos mais rápidos, de modo a minimizar os momentos de sustentação das notas mais agudas.
    Já o Duca (Alessandro Liberatore) foi um autêntico desastre. Uma voz metálica e sem corpo nenhum, a resvalar para a estridência nos agudos e sem qualquer homogeneidade tímbrica. Mas o pior mesmo foi a prestação. Se no dueto com Gilda no final do 1º acto as coisas ainda correram razoavelmente (nessa altura ainda pensei que tinha avaliado mal o tenor), o descalabro começou no início do 2º acto, precisamente com a (muito difícil, é certo) ária “parmi veder le lagrime”, que foi penosa. Não só fez imensa “batota” respirando onde não era suposto, como os agudos simplesmente não saíam. A voz estrangulava-se na garganta e não saía nada, tendo acabado com a voz já a ceder. Mas o pior estava para vir: a ária “la donna e mobile” foi constrangedora. Nem consigo descrever em condições, pois só dava vontade de rir. Aliás, terminou com uma fífia monumental, pois não conseguiu emitir as notas agudas do final (o que voltou a suceder quando a ária é parcialmente repetida, já no final da ópera).
    Neste contexto, o mais espantoso foi que ainda conseguiu arrancar alguns aplausos no final, quando se apresentou sozinho.
    O quarteto “bella figlia dell’amore” foi uma autêntica cacofonia, cada um cantando para seu lado, sem qualquer articulação ou equilíbrio interno das vozes.
    A orquestra pareceu-me bem, embora ache que o maestro adoptou, em muitos momentos, um tempo exageradamente rápido, o quer originou alguns desacertos com os cantores.
    A encenação é banal, não acrescentando nada à história. Todavia, já vi bem pior no TNSC.
    Ainda bem que o bilhete não foi caro...!
    J. Baptista

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    1. Caro J. Baptista,
      Parece que a récita a que assistiu foi ainda menos bem conseguida do que a de dia 5.05. É uma pena! E concordo consigo: ainda bem que o bilhete não foi caro. Ainda assim, tendo em conta a fraca qualidade, nem é assim tão barato...
      Mas tenha cuidado porque há aí um tal de opera que discorda de si... parece que não tolera opiniões diferentes da do site hardmusica.pt. Segundo eles, a actuação dos portugueses merece apenas "uma palavra" e, apear de uma "fífia" "estrondosa", Liberatore nem "destoa no conjunto dos seus companheiros de canto"... Opiniões...

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    2. Caro camo_opera,
      Parece que o/a Opera ficou incomodado com as apreciações negativas. Todavia, após uma nova leitura das suas intervenções, fico com sérias dúvidas que tenha estado presente em alguma das récitas do Rigoletto aqui abordadas e que, desse modo, possa refutar o que foi dito ou tão só contrapor uma opinião diversa. De facto, nada disso sucedeu, já que o/a Opera se limitou a questionar não só a própria legitimidade do exercício da crítica, como a autoridade de quem a exerceu.
      Desconhecia a apreciação que consta do site mencionado – e nunca ouvi falar de quem a assina – mas confesso que fiquei algo surpreendido com a benevolência. É certo que existe um irredutível e insindicável espaço de subjectividade na apreciação da prestação de um cantor; pode gostar-se mais ou menos do seu timbre, da sua postura em palco, etc. Mas creio que existem elementos que são de apreensão objectiva e não apenas uma questão de gosto subjectivo. E uma crítica não pode deixar de abordar esses elementos objectivos, como a afinação, o respeito pela partitura, o controlo da respiração, o fraseio, a construção dramática emprestada ao personagem, etc, sob pena de perder a sua capacidade de suscitar a discussão, o aperfeiçoamento do/a visado, de contribuir para a aprendizagem de quem tenha menos conhecimentos e/ou experiência, reduzindo-se a uma pura opinião impartilhável.
      Por outro lado, penso que devemos ser exigentes com a qualidade dos cantores, da direcção musical, das encenações e de todos os elementos que compõem a ópera (e um qualquer concerto de música clássica, em geral); creio firmemente ser essa a única postura que deve adoptar quem verdadeiramente vive a arte dos sons, pois só assim se concorre para a sua elevação e defesa.
      Mas chega, pois parece-me que já estou a fugir ao tema...
      Cumprimentos,
      J. Baptista

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  8. I introduce a comment ma I don't see here maybe what I wrote is not accepted because it is very true you publish only things that describe bad. why do not the gentleman who wrote don't sign the article?
    Public my comment thanks

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    1. Dear Mr. Opera,
      You must have to be patient, because I’m not always checking the comments you dropped here. Take a look above!

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    2. 79% chance this "opera" guy is either from Rigoletto's cast or a member's relative.
      20%: Veramendi or one of his relatives!
      1% probability - random mental retard.

      And I very much doubt the guy who wrote Hardmusica's review isn't also acquainted to some of the cast or is himself affiliated with the opera house. It is just unthinkable that someone who knows his opera would write what he did.

      Anónimo

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  9. Dear Opera,

    Its because of us (real opera fans) that opera singers get paid. If they are good, they will receive worldwide recognition, will record CDs/DVDs, will perform in major stages and receive tons of money.

    Let me tell you one thing dear Opera… In Portugal we don’t have so many performances or have a big and fancy opera house for tourists. The majority of TNSC public really love opera, have hundreds of Opera DVD’s/CDs (sometimes dozens for the some opera), some of them have musical training/education and frequently travel to other countries just to attend some specific operas or listen some specific opera singers. I advise you to read all reviews in this blog. Do you really think we woke up yesterday for this art?

    But in the end of the day, no special musical knowledge is needed… The great opera or music is the one that bring you emotions, makes you cry, goose bumps and put breathless in the end. I’m not a singer but I started to play violin practically since I know myself. I can tell you that I need a very short time to play you a great peace, but I will need weeks, months or years to put the right emotions in that peace and make you cry.

    I can give you an example. Check these two versions of Thais Meditation preformed by 2 different amazing well known violin players:

    Itzhak Perlman -http://www.youtube.com/watch?v=6PfNnAs6C88
    Anne-Sophie Mutter - http://www.youtube.com/watch?v=zhFcBGQLehw

    For you think is the same? Which one do you prefer and why? Why Mutter version have more views? Are youtube viewers music experts?

    About the 5th of may opera, I didn’t got emotions, I didn’t cry, I didn’t have goose bumps and I was not breathless in the end… Therefore my review can’t be good! But if you think it was good, you’re welcome to comment it with facts as camo_opera did his review and we everyone with their comments (my comment “Anónimo 6 de Maio de 2013 à 16:34”).

    The problem is… unfortunately TNSC have financial problems and contract third category opera singers instead of second category national singers. The issue is not the singers, because they do the better they can (Rigoletto singers in my opinion were not enough for what we want for TNSC)… Probably the problem is the Artistic Director that can’t recognize the value of Portuguese singers or can’t understand that if he will increase the ticket prices to get world class singers, TNSC tickets will be immediately sold out. If Netrebko, Dessay, Damrau, Alagna, Florez, Villazon, etc would come to Portugal, I can assure that would go and see them each and every performance for 5 times the actual ticket price.

    “Don’t hate the player… hate the game.”

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  10. Caro(s) Fanático(s) e comentadores:
    Tenho 60 anos e desde os 5 que, felizmente, frequento a Ópera, quer por cá, quer por essa Europa fora, quer pelos Estados Unidos...
    Isto para dizer que nunca vi um Rigoletto cenicamente tão feio e tão incoerente como este que está agora no São Carlos (e já vi muitos, graças a Deus!). Fiquei incomodado; poderia dar vários exemplos mas não o vou fazer, para não abusar da paciência dos possíveis leitores deste breve comentário.

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  11. Eu levei os meus sobrinhos à ópera e senti-me envergonhada com as cenas de carácter sexual explicito especialmente na última cena.
    Eram essenciais pergunto eu?

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