CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
O que escrever sobre uma orquestra recém formada de jovens
músicos? Primeiro tenho que elogiar a coragem do programa, poderiam colocar um
repertório fácil , com trechos famosos de óperas e valsinhas de Strauss.
Optaram pela dificuldade e mandaram Von Weber, Villa-Lobos , Mozart e Brahms.
Para aprender os jovens tem que encarar os grandes compositores, essa é a
regra.
Erros foram muitos, desafinadas ocorreram aos montes, tudo
perdoável para uma orquestra de jovens sem o menor entrosamento. Como sempre os
metais pecaram mais que os outros naipes. O esforçado maestro conseguiu
arrancar, com muito trabalho, uma sonoridade interessante em diversas passagens
do concerto, principalmente com as cordas.
A abertura da ópera O Franco Atirador de Von Weber mostrou
metais assassinando a partitura. Música alemã com força e potência exige tudo
desse naipe, que se perdeu com a juventude dos moços. A Bachiana número 5 de
Villa-Lobos interpretada pelo soprano Rosana Lamosa foi a sensação da noite.
Lamosa exprimiu uma voz lírica com agudos claros e coloraturas tímidas. A bela
música de Villa-Lobos agrada aos ouvidos e mesmo o soprano inventando moda no
final da partitura , cantando com a boca fechada, surtiu um efeito
interessante.
A Exsultate Jubilate de Mozart mostrou uma orquestra em boa
cadência e o soprano com voz consistente apesar de alguns desencontros com a
orquestra.
Quando vi o respeitável público, todos com roupas
chiquérrimas e de grifes famosas, no teatro imaginei que a grande maioria
mostraria a cara e se mandaria no intervalo. Pensei que era um evento social
onde as pessoas vão com outros interesses e a música é só um detalhe. Quebrei a
cara, a grande maioria ficou para a segunda parte. A Sinfonia número 1 de
Brahms teve algumas desafinadas, as madeiras pecaram no volume e os metais na
sonoridade. Destaque para o belo solo de violino da Spala alemã, muito
aplaudido, erroneamente pelo público entre um movimento e outro.
Gostei muito da ênfase na coragem! Não há arte sem audácia. Mas os tropeços certamente servirão de referência para mais e mais estudos e ensaios. Não há arte sem esforço!
ResponderEliminarParabéns pela crônica