sábado, 27 de outubro de 2018

TOSCA, Royal Opera House, Londres / London, Janeiro / January 2018


 (review in English below)

Tive oportunidade de rever, mais uma vez,  a magnífica produção de Jonathan Kent da Tosca de Puccini na Royal Opera House (textos anteriores aqui e aqui). O espectáculo é muito vistoso e bem conseguido, mas um pouco escuro. Põe em evidência os conflitos principais de cada personagem. No primeiro acto há o contraste entre a enorme estátua da Virgem no centro do palco e a imagem semi-nua da Maria Madalena, pintada pelo Cavaradossi numa parede lateral da igreja. No segundo, nos aposentos do Scarpia, domina uma estátua de São Miguel, em contraste com a sua brutal violência, que tortura o Cavaradossi e assedia sexualmente a Tosca. No acto final aparece uma enorme asa sobre o Cavaradossi e a Tosca, como se estivessem sob a vigilância de um anjo.



O maestro Dan Ettinger fez um bom trabalho com a orquestra que revelou toda a intensidade dramática da partitura e respeitou sempre os cantores.



Os cantores solistas foram excelentes. O tenor Joseph Calleja foi o Cavaradossi. Voz com excelente emissão e potência, mas com o timbre caprino que lhe é característico. Interpretou a personagem com grande classe e esteve bem em palco, embora parco na mobilidade.



A Floria Tosca foi Angela Gheorghiu (já a tinha ouvido neste papel nas duas récitas anteriores) e foi fabulosa. A voz mantém todas as qualidades de sempre, agilidade vocal, beleza tímbrica única, nunca desafina, mantém qualidade nas notas mais agudas, pianíssimos fabulosos e extensão vocal impressionante. Em palco também foi insuperável, a figura elegante ajuda muito. Na ária do 2º acto Vissi d’arte transbordou emoção e tristeza numa interpretação superior. Ouviu uma enorme ovação, mas fez-se aos aplausos. Tal como na via real, uma verdadeira prima donna que, no segundo acto, aparece com tiara, numa reminiscência da Callas.



O barítono Gerald Finley foi um Scarpia também de grande qualidade. Tem uma bela voz, timbre muito agradável, sempre sobre a orquestra e conseguiu ser a personagem pérfida e cínica que o papel exige.



Dos cantores secundários salietaram-se Geremy White como Sacristão, Aled Hall como Spoletta e, sobretudo, Simon Shibambu como Cesare Angelotti.









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TOSCA, Royal Opera House, London, January 2018

I had the opportunity to see, once again, the magnificent production of Jonathan Kent of Puccini's Tosca at the Royal Opera House (previous texts here and here). The performance is very showy and efficient, but a bit dark. It highlights the main conflicts of each character. In the first act there is the contrast between the huge statue of the Virgin in the center of the stage and the semi-nude image of Mary Magdalene, painted by the Cavaradossi on a side wall of the church. In the second act, in the headquarters of Scarpia, dominate a statue of San Miguel, in contrast to his brutal violence, that tortures the Cavaradossi and sexually assaults Tosca. In the final act appears a huge wing over Cavaradossi and Tosca, as if under the vigilance of an angel.

Conductor Dan Ettinger did a good job with the orchestra that highlighted all the dramatic intensity of the score, and always respected the singers.

The soloist singers were excellent. Tenor Joseph Calleja was Cavaradossi. His voice has excellent emission and power, but with a characteristic goat tone. He interpreted the character with great class and was always well on stage, although meager in mobility.

Floria Tosca was Angela Gheorghiu (I had already heard her in the previous two perfromances) and she was fabulous. The voice maintains all the qualities of ever, vocal agility, unique tonal beauty, never out of tune, maintains quality in the top notes, fabulous pianissimi and impressive vocal extension. On stage she was also unsurpassed, her elegant figure helps a lot. In the aria of the 2nd act Vissi d'arte she overflowed emotion and sadness in a superior interpretation. She heard a huge ovation. As in real life, she is a true prima donna who, in the second act, appears with a tiara, a reminiscent of Callas.

Baritone Gerald Finley was a Scarpia also of great quality. He has a beautiful voice, a very pleasant tone, always over the orchestra, and has managed to be the perfidious and cynical character that the role demands.

Of the secondary roles Geremy White was fine as Sacristan, Aled Hall as Spoletta and, above all, Simon Shibambu as Cesare Angelotti.


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