domingo, 30 de março de 2014

LES PÊCHEURS DE PERLES (Os Pescadores de Pérolas), Zurique, Fevereiro de 2014 / Opernhaus Zürich, February 2014




(review in english below)

Les Pêcheurs de Perles é uma ópera de Georges Bizet com libretto de Eugène Cormon e Michael Carré. A acção passa-se no Ceilão.
Os pescadores de pérolas elegem Zurga como seu chefe. Nadir, um antigo amigo de Zurga surge e os dois recordam que ambos se apaixonaram por uma mulher mas, renunciaram amá-la e juraram amizade eterna. Surge uma sacerdotisa virgem coberta com um véu que vem proteger os pescadores. Nourabad, sumo sacerdote, recebe-a e diz-lhe que nunca pode tirar o véu. Nadir reconhece nela a sua amada Leila, com quem traiu Zurga no passado. Amam-se novamente e são encontrados por Nourabad. Os pescadores querem matar Nadir e Leila mas Zurga recorda que é ele quem decide e resolve condená-los à morte. Leila pede-lhe para poupar Nadir dado que ele a encontrou por acaso. Zurga diz que a traição de Nadir não permite poupar-lhe a vida mas é atormentado pelo amor que também sente por Leila. Quando Nadir e Leila estão perto da execução, surge Zurga que mostra uma luz no céu que é um sinal divino. Os pescadores fogem e Zurga confessa que foi ele que acendeu o fogo para poupar a vida dos amantes e ajudá-los a fugir, cumprindo o seu dever.


 A encenação Jens-Daniel Herzog é muito interessante. A acção passa-se num navio e é trazida para os dias de hoje. O palco tem três níveis. No inferior estão os pescadores e os trabalhadores que retiram as pérolas das ostras, num ambiente opressivo, vigiados por guardas armados, no nível médio está o camarote de Zurga, com cama e um escritório, onde guarda as pérolas que lhe são trazidas e, no nível superior, onde está escrita a expressão Arbeit macht frei, perdão, Le bonheur du travail, monta-se o altar para Leila, que surge pendurada da parte superior do palco, totalmente coberta por véus coloridos. As personagens principais circulam pelos três níveis, o palco desce por vezes, escondendo o nível inferior. O jogo de luzes é de muito belo efeito, tudo resultando numa encenação simples mas vistosa e eficaz.


 A direcção musical foi do maestro suiço Patrick Fournillier. A Orquestra e Coro da ópera de Zurique ofereceram-nos uma boa interpretação da partitura que é de grande beleza melódica. Mas foram os solistas os maiores da noite.


 O barítono alemão Michael Volle foi um Zurga de luxo. Acho que será difícil encontrar melhor. Para além da interpretação cénica irrepreensível, vocalmente foi arrasador. Voz muito expressiva e de timbre bonito, tem uma potência avassaladora que encheu completamente o teatro e a alma de todos os que o ouviam. Foi sempre óptimo mas nos duetos com Nadir “Au fond du temple saint” e com Leila “Je fremis, je chancelle” foi insuperável. Fantástico!




 Pavel Breslik, tenor eslovaco, safou-se no exigente papel de Nadir. Tem uma voz bonita, não muito potente, mas muito agradável. Aparenta esforçar-se consideravelmente no registo mais agudo, mas consegue chegar às notas sem desafinar, mas perdendo um pouco do volume e harmonia. Na ária mais famosa “Je crois entendre encore” cumpriu mas, quando a oiço, não posso deixar de me lembrar de interpretações antológicas de outros, das quais está ainda distante.


 Também espantosa foi a Lélia do soprano letão Marina Rebeka. A voz é bonita, sempre afinada, de uma potência brutal e de uma expressividade marcada. Só se torna levemente agreste nas notas mais agudas que são cantadas mais em esforço, mas foi uma intérprete extraordinária. E o público bem o reconheceu.



O baixo norte americano Scott Conner foi um Nourabad de voz segura e bem audível, a não destoar dor restantes solistas.







Uma excelente récita em Zurique.

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LES PÊCHEURS DE PERLES (The Pearl Fishers), Opernhaus Zürich , February 2014

Les Pêcheurs of Perles is an opera by Georges Bizet with libretto by Eugène Cormon  and Michael Carré . The action takes place in Ceylon.

The pearl fishers elect Zurga as their leader. Nadir, a former friend of Zurga arises and the two recall that both fell in love with a woman but renounced love to her and swore eternal friendship. A virgin priestess covered with a veil arises, coming to protect  the fishermen. Nourabad, high priest, tells her she can never take the veil. Nadir recognizes her beloved Leila with whom he betrayed Zurga in the past. They make love each other again and are seen by Nourabad. The fishermen want to kill Nadir and Leila. Zurga says that it is he who decides, and condemns them to death. Leila asks him to spare Nadir as he found her by chance. Zurga says the betrayal of Nadir lets not chance to spare his life, but he is tormented by the love he also feels for Leila. When Nadir and Leila are about to be murdered, Zurga appears showing that a light in the sky is a divine sign. The fishermen flee and Zurga confesses that it was he who lit the fire to save the lives of the two lovers and help them escape, accomplishing his duty

The staging by Jens-Daniel Herzog is very interesting. The action takes place on a ship and is brought to the present days. The stage has three levels. On the bottom are the fishermen and workers extracting the pearls from the oysters, in an oppressive atmosphere, guarded by armed guards, the middle level is Zurga’s cabin with a bed and an office, where he keeps the pearls that are brought to him, and on the upper level, where it is written Arbeit macht frei, excuse-me,  Le bonheur du travail, the altar to Leila is mounted. She appears hanging from the top of the stage, completely covered by colored veils. The main characters circulate through the three levels, the stage lowers sometimes hiding the lower level. The lights have very beautiful effects, all resulting in a simple but eye catching and effective staging.

Musical direction was by Swiss maestro Patrick Fournillier. The Orchestra and Chorus of the Zurich Opera offered us a good interpretation of the score which is of great melodic beauty. But the soloists were the best of the performance.

German baritone Michael Volle was a fabulous Zurga. I think it will be hard to find a better.one In addition to the irreproachable artistic performance, vocally he was smashing. The voice is very expressive and with a beautiful timbre, he has an overwhelming power that completely filled the theater and the soul of all who heard him. He was always great, but in duets with Nadir "Au fond du temple saint" and with Leila "Je fremis, je chancelle" he was unsurpassed .Fantastic!


Pavel Breslik, slovak tenor, was acceptable in the demanding role of Nadir. He has a beautiful, though not very powerful, but very pleasant voice. He seems to struggle considerably in the high register, but he can sing all notes in tune, but losing a bit of volume and harmony. In the most famous aria " Je crois entender encore " he did well but, when I listen to this aria, I can not help remembering anthologic interpretations of other singers, from whom he is still distant.

Also amazing was Lelia by Latvian soprano Marina Rebek . The voice is beautiful, always in tune, powerful and very expressive. She only becomes slightly harsh on high notes that are sung in more effort, but she was an extraordinary performer.
And the audience acknowledge it.

North American bass Scott Conner was a strong and well audible Nourabad, in line with the other soloists.

An excellent performance in Zurich.

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