(review in english below)
A encenação e cenografia de Dmitri Tcherniakov é vistosa e a acção é transportada para o início
do Sec XX. A parte mais original surge no final do primeiro acto, após a
derrota militar de Igor. Aparece num campo com mais de 12000 papoilas, onde
vive ou imagina o que se passou e o que poderá acontecer. A acção é apoiada por
curtas imagens filmadas a preto e branco. Os actos seguintes são convencionais,
com a cidade cercada, depois destruída e, finalmente, com o início da
reconstrução.
(fotografias de Cory Weaver / Metropolitan Opera)
(fotografias de Cory Weaver / Metropolitan Opera)
A direcção musical foi da responsabilidade do maestro
italiano Gianandrea Noseda.
O Coro da
Metropolitan Opera esteve omnipresente e sempre muito bem.
O príncipe Igor foi o baixo-barítono russo Ildar Abdrazakov. Foi o melhor da
tarde, aliando as suas excelentes qualidades vocais a uma interpretação cénica
exemplar da personagem atormentada que o encenador lhe atribuiu.
Todos os restantes solistas ofereceram-nos interpretações de
grande qualidade. Mikhail Petrenko,
baixo russo, como príncipe Galitsky, irmão de Yaroslava, Sergey Semishkur, tenor russo, como Vladimir, filho de Igor, Oksana Dyka, soprano ucraniano (timbre
algo metálico) como Yaroslava, mulher de Igor, Anita Rachvelishvili, mezzo georgiana, como Konchakovna, filha de
Konchak e, Stefan Kocan, baixo eslovaco,
como Konchak.
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PRINCE IGOR
, MetLive , March 2014
Prince Igor is an opera by Alexander Borodin, a new production of the New York Metropolitan Opera this season .
Igor, a Russian prince in the city ofPutivl ,
joins his army to attack the polovetsians .He is defeated and together with his son Vladimir is made prisoner. Galitsky,
Yaroslava´s brother (Yaroslava is the Igor’s wife), attempts to be elected new
prince. Vladimir falls in love for Konchakova, the daughter of Khan Konchak,
leader of polovestians, that looks at his prisoner as a potential ally, since
he promise him that he will not fight again against the polovestians. Igor
refuses, and runs away to his city. Putvil is attacked and falls. Igor returns
to the city in ruins but is still acclaimed by the people.
The staging and set design by Dmitri Tcherniakov are fine and the action is transported to the beginning of the twentieth century . The most unique part comes at the end of the first act, after the military defeat of Igor. He appears in a field with more than 12,000 poppies, where he lives or imagines what happened and what might happen. The action is supported by short film segments in black and white. The following acts are conventional, with the siege city destroyed and, finally, the beginning of reconstruction.
Musical direction was the responsibility of the Italian conductor Gianandrea Noseda.
Prince Igor is an opera by Alexander Borodin, a new production of the New York Metropolitan Opera this season .
Igor, a Russian prince in the city of
The staging and set design by Dmitri Tcherniakov are fine and the action is transported to the beginning of the twentieth century . The most unique part comes at the end of the first act, after the military defeat of Igor. He appears in a field with more than 12,000 poppies, where he lives or imagines what happened and what might happen. The action is supported by short film segments in black and white. The following acts are conventional, with the siege city destroyed and, finally, the beginning of reconstruction.
Musical direction was the responsibility of the Italian conductor Gianandrea Noseda.
The Chorus of the Metropolitan Opera was
omnipresent and always excellent.
Prince Igor was the Russian bass-baritone Ildar Abdrazakov. He was the best singer of the performance, combining his excellent vocal qualities to a perfect artistic interpretation of the tormented character that the director assigned him .
All other soloists offered us performances of great quality. Mikhail Petrenko, Russian bass, as Prince Galitsky, Yaroslava´s brother, Sergey Semishkur, Russian tenor, as Vladimir, son of Igor, Oksana Dyka, Ukrainian soprano (sometimes with metallic timbre) as Yaroslava, wife of Igor, Anita Rachvelishvili, Georgian mezzo, as Konchakovna, daughter of Konchak, and Stefan Kocan, Slovak bass as Konchak.
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Prince Igor was the Russian bass-baritone Ildar Abdrazakov. He was the best singer of the performance, combining his excellent vocal qualities to a perfect artistic interpretation of the tormented character that the director assigned him .
All other soloists offered us performances of great quality. Mikhail Petrenko, Russian bass, as Prince Galitsky, Yaroslava´s brother, Sergey Semishkur, Russian tenor, as Vladimir, son of Igor, Oksana Dyka, Ukrainian soprano (sometimes with metallic timbre) as Yaroslava, wife of Igor, Anita Rachvelishvili, Georgian mezzo, as Konchakovna, daughter of Konchak, and Stefan Kocan, Slovak bass as Konchak.
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While I am new to this opera, I am scheduled to see it broadcast live in high definition in a local movie theater next month. Thank you for the insight.
ResponderEliminarNunca tinha ouvido totalmente esta ópera. Achei-a interessante do ponto de vista do texto e da música e penso que, ouvindo-se várias vezes, pode tornar-se um caso sério.
ResponderEliminarA encenação de Tcherniakov tem momentos muito bem conseguidos e, por muito que nos possa parecer estranha a apresentação de um cenário algo distópico, cheio de túlipas e com projecções de vídeo no 1.º acto, creio que essa é uma das inovações da encenação e um dos pontos-chaves da interpretação do encenador. Mas, tirando este cenário, não creio que acrescente algo de especial ou que seja genial, muito embora o final da ópera tenha aquele apontar para o futuro que achei esperançador.
A orquestra esteve muito bem dirigida, bem como o coro. O famoso coro do 1.º acto correu muito bem.
Dos intérpretes, destaco a interpretação excepcional de Abdrazakov: grande intensidade dramática e uma voz poderosa e melodiosa. A sua última ária no 3.º acto foi mais do que brilhante. Disse que está a preparar-se para Boris Godunov: vai ser muito interessante ouvi-lo nesse papel.
Kocan teve um papel curto, mas excedeu-se! De Semishkur não gostei da voz, mas admito que cantou a sua ária com muita qualidade. Os restantes membros masculinos estiveram também muito bem, especialmente Ognovenko que, como barbeiro em O Nariz, já tinha brilhado.
Entre as senhoras, destaque para Oksana Dyka que se estreava no MET: se no primeiro acto teve um agudo que foi um grito, podemos dizer que se redimiu. O terceiro acto foi brilhante vocal e cenicamente. A voz é cheia, poderosa (é verdade que algo metálica), mas agradável, e interpreta com sentido. Anita Rachvelishvili esteve também em excelente nível: a voz é poderosa, cheia e quente, parecendo ter uma projecção fácil e muita descontracção na interpretação cénica. Veremos como será como Carmen na próxima temporada Met HD.
Acho que foi uma récita com um nível de qualidade muito elevado e muito homogéneo de uma ópera pouco divulgada junto do grande público mais ocidental (não russo, quero dizer), mas que merece mais atenção.
Caros Fanárico_Um e Camo_Opera,
ResponderEliminarTambém assisti à transmissão, fazendo um balanço muito positivo da récita.
Só conhecia a obra discograficamente (na gravação dirigida por Semkov, com o grande Boris Christoff) e achei que a encenação conseguiu, no essencial, traduzir a vertente épica da ópera, sem descurar a dimensão psicológica do protagonista. É certo que não terá sido revolucionária, como bem sublinhou o Camo_opera, mas penso que a ideia de fazer passar a acção do 1º acto no interior da mente de Igor é interessante e constitui uma mais-valia.
Um pouco mais polémica terá sido a alteração da ordem do 1º e do 2º acto (o que passou como sendo o 1º acto é, na realidade, o 2º acto).
Tenho pena que não tenha sido esta oportunidade de ouvir a ópera integralmente, pois que foi omitido o 3º acto, como infelizmente é habitual.
No que se refere aos cantores, concordo que a prestação de Ildar Abdrazakov foi muito positiva. Voz bonita, cheia e escura; temperamento dramático eficaz e convincente. Perspectiva-se um bom Boris, como parece ser sua intenção. No mais, concordo com as opiniões já expressas.
Cumprimentos,
J. Baptista