terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

AGRIPPINA; METropolitan Opera, Fevereiro / February 2020



(text in English below)

A história da ópera Agrippina de Handel pode ler-se neste “post”, escrito há pouco tempo a propósito de uma récita da mesma ópera da presente temporada em Londres.



Na encenação de David McVicar, bem conseguida, a acção foi trazida para a época presente onde decorrem as múltiplas intrigas e, de forma muito clara, a capacidade pérfida e manipuladora da Agrippina. 




Várias componentes cómicas são felizes, outras nem tanto. Os cenários são muito dinâmicos, rodeados por grandes colunas e paredes móveis, mas quase sempre dominados por uma escadaria alta dourada no cimo da qual está o trono que muitos querem. 




No segundo acto há uma parte que se passa num bar, com a presença agradável de um cravo em palco, tocado ao mais alto nível por Bradley Brookshire (o cravo contínuo da orquestra foi tocado pelo maestro). A tentativa da Poppea se esconder, sem sucesso, atrás de uma jarra de flores é engraçada, mas os outros momentos cómicos não têm graça nem bom gosto. A ópera começa e acaba com as personagens principais sobre os seus túmulos.



O maestro Harry Bicket foi óptimo e, como referi, tocou o cravo. A orquestra também muito bem.



A Agrippina da Joyce DiDonato, como sempre, esteve ao mais alto nível. É uma actriz que canta de forma fabulosa e, mais uma vez, encantou. A voz enche o teatro, toca fundo em todos os espectadores e impressiona na qualidade, volume e emotividade. Foi a melhor em palco, mas esteve bem acompanhada.




O Nerone da mezzo Kate Lindsey foi fantástica em cena, uma atleta em palco, muito cómica também e com uma voz potente, afinada e muito agradável. Prefiro este papel cantado por um contratenor, mas esta interpretação foi excelente.



O contratenor Iestyn Davies foi um Ottone muito lírico, tem uma voz de grande beleza mas a dimensão do teatro não lhe é favorável. Em cena foi algo estático, apesar da boa figura do cantor.



A soprano Brenda Rae fez uma Poppea muito boa na interpretação cénica. Contudo, a voz de timbre agradável, com alguma fragilidade na coloratura, teve uma emissão irregular e, por vezes, deixou-se abafar pela orquestra.




O Baixo Matthew Rose cumpriu como Claudio, sem deslumbrar.



Num patamar mais baixo, mas ainda assim com boas prestações , estiveram o barítono Duncan Rock (Pallante), o contratenor Nicholas Tamagna (Narciso) e o barítono Christian Zaremba (Lesbo).












****


AGRIPPINA; METropolitan Opera, February 2020

The history of the opera Agrippina by Handel can be read in this “post”, recently written about a performance of the same opera in London.

In David McVicar's successful production, the action was brought to the present era where multiple intrigues occur and, very clearly, Agrippina's perfidious and manipulative ability take place. Several comic components are funny, others less so. The scenarios are very dynamic, surrounded by large columns and movable walls, but almost always dominated by a high golden staircase at the top of which is the throne that many want. In the second act there is a part that takes place in a bar, with the pleasant presence of a harpsichord on stage, played at the highest level by Bradley Brookshire (the orchestra's harpsichord was played by the conductor). Poppea's attempt, unsuccessfully, to hide behind a vase of flowers is funny, but the other humorous moments are not fun. The opera begins and ends with the main characters on their graves.

Conductor Harry Bicket was great and, as I mentioned, played also the harpsichord. The orchestra also performed very well.

Agrippina by Joyce DiDonato, as always, was at the highest level. She is an actress who sings in a fabulous way and, once again, enchanted. The voice fills the theater, touches all the audience deeply and impresses in quality, volume and emotionality. She was the best on stage, but she was well accompanied.

Mezzo Kate Lindsey was a fantastic Nerone, an athlete on stage, very comical too and with a powerful, tuned and very pleasant voice. I prefer this role sung by a countertenor, but this interpretation was excellent.

Countertenor Iestyn Davies was a very lyrical Ottone, has a voice of great beauty but the dimension of the theater is not favorable to him. Scenically he was static, despite the good figure of the singer.

Soprano Brenda Rae made Poppea very good at performing. However, the voice with a pleasant timbre, with some fragility in the coloratura, had an irregular emission and, at times, was muffled by the orchestra.

Bass Matthew Rose was Claudio, without being dazzled.

In supporting roles, but with good performances, were baritone Duncan Rock (Pallante), countertenor Nicholas Tamagna (Narciso) and baritone Christian Zaremba (Lesbo).

****

Sem comentários:

Enviar um comentário