(text in English below)
A história da
ópera Agrippina de Handel pode ler-se neste “post”,
escrito há pouco tempo a propósito de uma récita da mesma ópera da presente
temporada em Londres.
Na encenação de David McVicar, bem conseguida, a acção
foi trazida para a época presente onde decorrem as múltiplas intrigas e, de
forma muito clara, a capacidade pérfida e manipuladora da Agrippina.
Várias
componentes cómicas são felizes, outras nem tanto. Os cenários são muito
dinâmicos, rodeados por grandes colunas e paredes móveis, mas quase sempre dominados
por uma escadaria alta dourada no cimo da qual está o trono que muitos querem.
No segundo acto há uma parte que se passa num bar, com a presença agradável de
um cravo em palco, tocado ao mais alto nível por Bradley Brookshire (o cravo
contínuo da orquestra foi tocado pelo maestro). A tentativa da Poppea se
esconder, sem sucesso, atrás de uma jarra de flores é engraçada, mas os outros
momentos cómicos não têm graça nem bom gosto. A ópera começa e acaba com as
personagens principais sobre os seus túmulos.
O maestro Harry Bicket foi óptimo e, como referi,
tocou o cravo. A orquestra também muito bem.
A Agrippina da Joyce DiDonato, como sempre, esteve ao
mais alto nível. É uma actriz que canta de forma fabulosa e, mais uma vez,
encantou. A voz enche o teatro, toca fundo em todos os espectadores e
impressiona na qualidade, volume e emotividade. Foi a melhor em palco, mas
esteve bem acompanhada.
O Nerone da mezzo
Kate Lindsey foi fantástica em cena,
uma atleta em palco, muito cómica também e com uma voz potente, afinada e muito
agradável. Prefiro este papel cantado por um contratenor, mas esta
interpretação foi excelente.
O contratenor Iestyn Davies foi um Ottone muito
lírico, tem uma voz de grande beleza mas a dimensão do teatro não lhe é
favorável. Em cena foi algo estático, apesar da boa figura do cantor.
A soprano Brenda Rae fez uma Poppea muito boa na
interpretação cénica. Contudo, a voz de timbre agradável, com alguma fragilidade
na coloratura, teve uma emissão irregular e, por vezes, deixou-se abafar pela
orquestra.
O Baixo Matthew Rose cumpriu como Claudio, sem
deslumbrar.
Num patamar mais
baixo, mas ainda assim com boas prestações , estiveram o barítono Duncan Rock (Pallante), o contratenor Nicholas Tamagna (Narciso) e o barítono
Christian Zaremba (Lesbo).
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AGRIPPINA;
METropolitan Opera, February 2020
The history
of the opera Agrippina by Handel can be read in this “post”,
recently written about a performance of the same opera in London.
In David McVicar's successful production,
the action was brought to the present era where multiple intrigues occur and,
very clearly, Agrippina's perfidious and manipulative ability take place.
Several comic components are funny, others less so. The scenarios are very
dynamic, surrounded by large columns and movable walls, but almost always
dominated by a high golden staircase at the top of which is the throne that
many want. In the second act there is a part that takes place in a bar, with
the pleasant presence of a harpsichord on stage, played at the highest level by
Bradley Brookshire (the orchestra's harpsichord was played by the conductor).
Poppea's attempt, unsuccessfully, to hide behind a vase of flowers is funny, but
the other humorous moments are not fun. The opera begins and ends with the main
characters on their graves.
Conductor Harry Bicket was great and, as I
mentioned, played also the harpsichord. The orchestra also performed very well.
Agrippina
by Joyce DiDonato, as always, was at
the highest level. She is an actress who sings in a fabulous way and, once
again, enchanted. The voice fills the theater, touches all the audience deeply
and impresses in quality, volume and emotionality. She was the best on stage, but
she was well accompanied.
Mezzo Kate Lindsey was a fantastic Nerone, an
athlete on stage, very comical too and with a powerful, tuned and very pleasant
voice. I prefer this role sung by a countertenor, but this interpretation was
excellent.
Countertenor
Iestyn Davies was a very lyrical
Ottone, has a voice of great beauty but the dimension of the theater is not
favorable to him. Scenically he was static, despite the good figure of the
singer.
Soprano Brenda Rae made Poppea very good at
performing. However, the voice with a pleasant timbre, with some fragility in
the coloratura, had an irregular emission and, at times, was muffled by the
orchestra.
Bass Matthew Rose was Claudio, without being
dazzled.
In
supporting roles, but with good performances, were baritone Duncan Rock (Pallante), countertenor Nicholas Tamagna (Narciso) and baritone
Christian Zaremba (Lesbo).
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