sexta-feira, 13 de setembro de 2019

LA FORZA DEL DESTINO, Ópera de Paris / Paris Opera, Junho / June 2019


(text in English below)

Texto de camo_opera

Uma La Forza del Destino excelente em Paris. Um espectáculo fantástico. Orquestra sublime na batuta de Nicola Luisotti: sons cheios, vivos e dramáticos. Coro de muita qualidade. Cantores secundários todos bons e equilibrados. E cantores principais muito bons.

(fotografia / Photo: Julien Benhamou) 

A pior foi, sem dúvida, a Preziosila de Varduhi Abrahamyan: voz pouco potente e com agudos difíceis, teve um desempenho aceitável, mas destoava da qualidade superlativa dos demais. Foi pena.

(fotografia / Photo: Julien Benhamou) 

Depois tivemos só cantores bons, mas com o Zeljko Lucic. Foi um Don Carlo di Vargas com uma qualidade vocal assinalável, mas é embotado a cantar. Canta a vida ou a morte da mesma maneira e, uma vez mais, deixou-me decepcionado porque a voz exigia um cérebro melhor. Uma pena e uma frustração gigante! Tem tudo para ser o melhor barítono da atualidade, mas não pode porque não sabe interpretar. Além disso, canta todos os papéis de igual forma.

 (fotografia / Photo: Julien Benhamou) 

O Padre Guardiano de Rafal Siwek foi bom, mas também não deslumbrou. Mas não destoou. Já o Melitone de Gabriele Viviani foi excelente: voz muito bonita e potente, interpretação excepcional e grande sentido cénico. Este devia ter sido o Carlos di Vargas!

(fotografia / Photo: Julien Benhamou) 

O Don Álvaro foi Brian Jagde: grande interpretação. Agudos sublimes, timbre belíssimo, técnica apurada e bom sentido cénico fizeram dele um Álvaro de excelente qualidade, confirmando Jagde como um valor seguríssimo entre os tenores jovens da sua geração.

(fotografia / Photo: Julien Benhamou) 

As últimas palavras acerca dos cantores vão para a Leonora de Anja Harteros. Não me canso de dizer que é das melhores sopranos da atualidade. Voz belíssima, segura e de técnica perfeita a que alia um bom sentido dramático (talvez seja um pouco fria às vezes). Nunca falha em nenhum papel. Foi uma grande Leonora.

A encenação de Auvray foi outros dos pontos fortes: muito simples, muito dinâmica, muito fluída, com pormenores inteligentes, muito cumpridora do guião e do texto. Clássica e simples: tudo aquilo que se quer e pode pedir. Muda de ambientes quase só com a luz no fundo do palco ou com recursos a pequenos panos que criam espaços. Uma forma inteligente de tornar dinâmico um enredo pesado que se estende por um período temporal de 5 anos. Excelente récita.



LA FORZA DEL DESTINO, Paris Opera,  June 2019

Text by camo_opera

An excellent La Forza del Destino in Paris. A fantastic performance. Sublime orchestra under the direction of Nicola Luisotti: full, lively and dramatic sounds. Very good Choir. Secondary singers all good and balanced. And very good soloist singers.

The worst was undoubtedly the Preziosila of Varduhi Abrahamyan: a little powerful voice and with difficult top notes, she had an acceptable performance, but was not the superlative quality of the others. It was regrettable.

The other soloists were all good singers, despite Zeljko Lucic. He was a Don Carlo di Vargas with a remarkable vocal quality, but he is dull to sing. He sings life or death in the same way and once again disappointed me because the voice demanded a better brain. A pity and a giant frustration! He has everything to be the best baritone of our days, but can not because he does not know to interpret. In addition, he sings all the roles in the same way.

Rafal Siwek's Father Guardian was good, but he was not dazzled either. Gabriele Viviani's Melitone was excellent: very beautiful and powerful voice, exceptional interpretation and great scenic sense. He must have been Carlos di Vargas!

Don Álvaro was Brian Jagde: great interpretation. Sublime top notes, beautiful timbre, exquisite technique and good scenic sense made him an excellent Alvaro, confirming Jade as a very good value among the young tenors of his generation.

The last words about the singers go to Anja Harteros’ Leonora. I never tire of saying that she is one of the best sopranos of our time. Beautiful voice and perfect technique that combines a good dramatic performance (maybe she's a bit cold at times). Never fails in any role. She was a great Leonora.

The staging of Auvray was another strong issue: very simple, very dynamic, very fluid, with clever details, very fulfilling of the script and the text. Classic and simple: everything you want and can ask for. The settings change almost only with the light at the bottom of the stage or with resources to small cloths that create spaces. A clever way to make a heavy storyline dynamic that stretches over a 5-year time frame. Excellent performance.


1 comentário:

  1. Confesso que nunca percebi o sucesso e fascínio de alguns por Zeljko Lucic. A voz é feia, nasalada e entubada ao mesmo tempo ( um feito difícil ) além de cantar tudo sempre com a mesma intenção , ou seja intenção nenhuma! Parece um bloco de gelo a debitar notas!

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