sexta-feira, 1 de março de 2019

LUCIA DI LAMMERMOOR, English National Opera, Outubro / October 2018



(review in English below)

A Lucia di Lammermoor de Donizetti é uma das óperas que mais gosto dentro do estilo. A produção da English National Opera, no início, com o canto em inglês e a encenação feia e vazia, uma sala velha, apenas com uma parede branca com a tinta a cair e grandes janelas com cortinas degradadas, fiquei mal impressionado. Mas com o avançar do espectáculo, fui sendo conquistado.
A acção passa-se toda neste cenário (final do Sec. XIX ou início do Séc. XX), que vai sofrendo ligeiras modificações, aparecimento de várias cadeiras, mas a principal delas é a da cama da Lucia onde, no 2º acto, ela é amarrada pelo irmão Enrico, sugerindo que é por ele abusada. O último acto passa-se no mesmo cenário, as cadeiras estão maioritariamente ocupadas pelos retratos das famílias rivais (evocando os seus mortos) e de uma das janelas maiores sai a Lucia toda ensanguentada que, enquanto canta a cena da loucura, abre-se a cortina que dá acesso ao quarto onde está o marido Arturo assassinado, com o qual ela interage.
A encenação é a preto e branco, tudo é negro, branco ou em tons de cinzento, guarda roupa incluído, só no final aparece o vermelho do sangue na Lucia depois de matar o marido (que também está todo ensanguentado).



A encenação é opressiva e acaba por resultar bem, vive muito à custa de retratos antigos dos familiares das duas famílias rivais. Mesmo antes do início do espectáculo há retratos empilhados no palco.



Dirigiu a orquestra o maestro Stuart Stratford.




Os cantores foram bons, mas para esta ópera é preciso serem excepcionais. Não conhecia nenhum. A Lucia (Sarah Tynan), com excelente figura e agilidade para a personagem, esteve bem na suavidade vocal e coloratura, mas a voz foi pouco potente e, na cena da loucura, simplificou a coisa.



O Edgardo (Eleazar Rodriguez) também esteve bem, mas o timbre vocal não é bonito para o meu gosto e faltou-lhe paixão na interpretação, cénica e vocal.



Os outros dois solistas foram colossais! Lester Lynch tem um vozeirão quente e fez uma interpretação fabulosa do Enrico, o irmão malvado.



Clive Bayley (Raimondo) foi um capelão (pouco solidário com a Lucia) de voz grave e de uma potência avassaladora, de longe o melhor da noite, embora o Enrico não lhe tenha ficado muito atrás.



Os cantores secundários Michael Calvin (Arturo),



Sarah Pring (Alisa)



 e Elgar Llyr Thomas (Normanno), cumpriram sem destoar.





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LUCIA DI LAMMERMOOR, English National Opera, October 2018

Lucia di Lammermoor by Donizetti is one of the operas I like the most within its style. The English National Opera production, at the beginning with English singing and the ugly and empty staging, an old room with only a white wall with falling paint and large windows with drained curtains, I was unimpressed. But with the advance of the show, I was being conquered.
The action happens throughout this scenario (final of 19th century or beginning of the 20th century), which undergoes slight modifications, appearance of several chairs, but the main one is Lucia's bed where, in the 2nd act, she is tied by her brother Enrico, suggesting that he abuses her. The last act happens in the same scenario, the chairs are mostly occupied by the portraits of the rival families (evoking their dead) and from one of the larger windows appears Lucia all bloody. While singing the madness scene, the curtain opens and gives access to the room where her husband Arturo is murdered, with whom she interacts.
The staging is black and white, everything is black, white or gray, dresses included, only at the end appears the red blood in Lucia after killing her husband (who is also all bloody).
The staging is oppressive and turns out to be fine, lives long at the expense of old portraits of the two rival families. Even before the performance starts, there are portraits stacked on stage.

Maestro Stuart Stratford directed the orchestra. The singers were good, but for this opera they have to be exceptional. I did not know any of them. Lucia (Sarah Tynan), with excellent figure and agility for the character, was well on vocal smoothness and coloratura, but the voice was not very powerful and, in the scene of madness, she simplified it.

Edgardo (Eleazar Rodriguez) was also well, but the vocal timbre is not beautiful for me and he lacked passion in the interpretation, scenic and vocal.

The other two soloists were colossal! Lester Lynch has a big warm voice and made a fabulous interpretation of Enrico, the evil brother.

Clive Bayley (Raimondo) was a chaplain with a bass voice of overwhelming power, by far the best singer of the night, although Enrico was not far behind.

Supporting singers Michael Calvin (Arturo), Sarah Pring (Alisa), and Elgar Llyr Thomas (Normanno) performed at good level.

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