É sempre um gosto
rever esta encenação espectacular de La
Bohème de Franco Zeffirelli que a Metropolitan
Opera mantém há décadas. Os cenários são sempre aplaudidos pelo público,
algo que praticamente só por aqui acontece. Desta vez assistimos a uma récita
em que quase todos os intervenientes eram norte americanos.
O jovem maestro James Gaffingan ofereceu-nos uma
leitura correcta da partitura, interpretada ao mais alto nível pela orquestra.
A Mimì da soprano
Ailyn Pérez não começou bem (a aria Si mi chiamano Mimì foi frouxa) mas nos
dois últimos actos teve uma bela interpretação, vocal e cénica e conseguiu
transmitir emoção no final, no leito de morte.
Já o Rodolfo do
tenor Michael Fabiano esteve muito
aquém do desejável. Apesar de ter um timbre vocal aceitável, o fraseado é muito
feio e a emissão irregular. Foi muito aplaudido e ouviram-se “bravos” após a
ária Che gélida manina, totalmente
imerecidos na minha opinião, mas o factor “casa” seguramente pesou.
O barítono Lucas Meachem foi um Marcello de voz
potente e bem colocada, esta sim uma interpretação de qualidade superior.
A Musetta da
soprano Angel Blue cumpriu sem
impressionar, foi mais exuberante no desempenho cénico do 2º acto (a encenação
presta-se a isso) do que no desempenho vocal.
O baixo-barítono Christian van Horn foi um Colline de
voz pouco impressionante
e o barítono escocês Duncan Rock fez um Schaunard decente mas de voz algo opaca.
Outro
barítono escocês, Donald Maxwell,
interpretou os papéis pequenos de Benoit
e Alcindoro.
Para uma grande
récita nesta que é uma das principais catedrais mundiais da ópera não basta
ser-se americano.
***
LA BOHÈME,
METropolitan OPERA, December 2018
It is
always a pleasure to see again this spectacular staging by Franco Zeffirelli of La
Bohème that the Metropolitan Opera
has maintained for decades. The scenarios are always applauded by the public,
something that practically only happens here. This time we saw a performance in
which almost all the soloists were North Americans.
Young
conductor James Gaffingan offered us
a correct reading of the score, interpreted at the highest level by the
orchestra.
Mimì of
soprano Ailyn Pérez did not start
well (the aria Si mi chiamano Mimì
was loose) but in the last two acts had a beautiful interpretation, vocal and on
stage, and managed to convey emotion in the end, on the deathbed.
But tenor Michael Fabiano’s Rodolfo was far from
desirable. Despite having an acceptable vocal tone, the phrasing was ugly and
the emission irregular. He was much applauded, with"bravos" after the
aria Che gelida manina, totally
undeserved in my opinion, but the factor "house" surely weighed.
Baritone Lucas Meachem was a Marcello with a
powerful and well tuned voice, this one yes an interpretation of superior
quality.
Musetta of
soprano Angel Blue was ok without
impressing. She was more exuberant in the scenic performance of the second act
(the staging pays itself to that) than in the vocal performance.
Bass-baritone
Christian van Horn was a weak
Colline and Scottish baritone Duncan
Rock was a decent Schaunard but with a rather opaque voice. Another
Scottish baritone, Donald Maxwell, interpreted
the small roles of Benoit and Alcindoro.
For a great
performance in this thrater that is of the main world cathedrals of the opera it
is not enough to be American.
***
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