sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

CRÍTICO FELIZ É AQUELE QUE ESCREVE SOBRE ÓPERA. O BARBEIRO DE SEVILHA NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO



Foto, cena de O barbeiro de  Sevilha, foto Internet.

Estreou a primeira ópera da temporada no Theatro Municipal de São Paulo. O problema é que ninguém sabe quando será a próxima, ou se existirá próxima. Críticos de ópera felizes são aqueles que se concentram e escrevem sobre os espetáculos em si. Nós no Brasil somos poucos e temos que nos preocupar em reclamar das lambanças administrativas pelo Brasil afora. Ultimamente críticas de óperas estão ficando raras e em segundo plano devido à falta delas nos teatros nacionais.
   A questão que faço é quem escalou o elenco da ópera O Barbeiro de Sevilha de Rossini? Sabemos que o Teatro Municipal de São Paulo não tem um diretor artístico, então fica a pergunta, quem é o responsável pela escalação dos solistas? Alguém da Secretaria Municipal de Cultura, da Fundação Theatro Municipal ou do Instituto Odeon. Digo isso porque os solistas mostraram desigualdades vocais únicas, alguns feras e outros imaturos.
   O Figaro de Michel de Souza apresentou voz correta, bem postada com boa atuação cênica. Luisa Francesconi oscilou vocalmente, já a vimos estupenda em outros tempos. Não encontrou no dia 14 de Fevereiro a melhor voz para a personagem Rosina. 
   Jack Swanson é jovem e despreparado para interpretar o Conde de Almaviva, sua voz pequena, sem brilho e de pouca projeção é inapta a um solista. Sávio Sperandio e Carlos Eduardo Marcos são cantores experientes e entregaram excelentes Doutor Bartolo e Don Basilio. 
   Desse vez não teve "Nabuccada"! Cleber Papa opta por uma direção clássica e segura. Tudo fica envolvente, agradável e impactante. A movimentação dinâmica dos envolvidos faz o enredo fluir arrancando gargalhadas do público. Os cenários e figurinos de José de Anchieta transportam a ação para a época do libreto, típicos da Commedia Dell'Arte. Os cenários simples e figurinos coloridos dão o tom cômico correto. Acertaram em todos o quesitos.
   A Orquestra Sinfônica Municipal regida pelo sempre competente Roberto Minczuk apresentou sonoridade  e volume compatível com a ópera. Alguns desencontros com os solistas se fizeram presentes. A ideia de colocar a abertura da ópera com a orquestra suspensa no fosso não ajuda e não atrapalha. O Coro Lírico esteve mais uma vez em grande nível sempre recheado de solistas. Muito bem ensaiado por Mário Zaccaro.
  Acabo de ser informado que teremos a ópera Rigoletto de Verdi no Theatro Municipal de São Paulo. Temos que depender de fontes para sabermos o que será apresentado, por que a direção não se manifesta e informa a temporada de 2019?

Texto de Ali Hassan Ayache

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