A encenação de Sven-Eric Bechtolf da ópera A Valquíria de Wagner está já em cena na Ópera
Estatal de Viena há muitos anos. É uma abordagem clássica e eficaz em que
cada acto se passa num único cenário. Numa visita ao teatro, assistimos à montagem do cenário (os cavalos ainda estavam dentro dos caixotes de madeira):
O primeiro acto decorre na casa de Sieglinde e
Hunding, tem uma mesa central e a meio o tronco da árvore onde está espetada a
espada Notung.
O segundo
passa-se na floresta, representada por muitos troncos de árvores espalhados por
todo o palco. No terceiro há 9 cavalos em tamanho real e em posições diferentes
e tudo se passa ali. Quando o fogo sagrado é ateado, no final, é projectado em
imagens nas paredes laterais e posterior do cenário.
O maestro Adam Fischer dirigiu a Orquestra da Wiener Staatsoper que teve
um desempenho excelente, mas aqui e acolá, no início, uma pequena falha nos
metais. No 3º acto foi fantástica.
O Siegmund do
tenor Christopher Ventris foi muito
bom mas, no final do primeiro acto, perdeu um pouco o ímpeto, onde ele seria
mais necessário. O cantor tem um timbre vocal muito bonito e a voz é cheia,
oferecendo uma interpretação muito credível.
A soprano Simone Schneider foi uma Sieglinde
fantástica. A voz é poderosíssima, muito agradável e a interpretação foi sempre
de topo, com um final do primeiro acto marcante, foi pena que o Ventris não a
tenha acompanhado nesta prestação.
O Hunding do
baixo Jongmin Park impôs-se com uma
voz grave cavernosa que quase fazia estremecer o chão do teatro.
A soprano Iréne Theorin foi, mais uma vez,
irrepreensível no desempenho da Brünhilde. A voz é gigante, sempre afinada e
ouve-se perfeitamente sobre uma orquestra wagneriana. Sempre que a tenho
ouvido, canta ao mais alto nível.
O Wotan do
baixo-barítono Tomasz Konieczny foi
a grande surpresa para mim, pela qualidade interpretativa, cénica e vocal. Fez
um Wotan muito convincente, perto da perfeição e, embora com um timbre vocal
particular, ofereceu-nos uma interpretação superior sem nunca quebrar no mínimo
pormenor.
A Fricka da mezzo
Michaela Schuster esteve ao nível do
que esperava dela. É uma cantora que já ouvi várias vezes, nunca desilude e,
mais uma vez, assim aconteceu. A voz é espessa, encorpada e sempre afinada em
todos os registos.
As oito restantes
valquírias tiveram desempenhos distintos, mas globalmente estiveram bem, embora
não favorecidas pela encenação. No 3º acto correm, ensanguentadas, atrás dos
heróis, que lhes fogem, para os levarem para o Walhalla, na parte que menos
resulta da encenação. Elas foram: Helmwige (Donna Ellen), Gerhilde (Caroline
Wenborne), Ortlinde (Anna Gabler),
Waltraute (Stephanie Houtzeel),
Siegrune (Ulrike Helzel), Grimgende (Zsuzsanna Szabó), Schweetleite (Bongiwe Nakani) e Rossweisse (Miriam Albano).
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DIE WALKÜRE,
Vienna Staatsoper, April 2018
The staging
Wagner’s opera The Valkyrie by Sven-Eric
Bechtolf has been on stage at the Vienna
State Opera for many years. It is a classic and effective approach in which
each act takes place in a single setting: The first act takes place in the
house of Sieglinde and Hunding, it has a central table and in the middle the
trunk of the tree where the sword Notung is stuck.
The second
act occurs in the forest, represented by many tree trunks scattered all over
the stage. In the third act there are 9 horses in real size and in different
positions and everything happens there. When the sacred fire is fired, in the
end, it is projected into images on the side and rear walls of the scenery.
Maestro Adam Fischer directed the Orchestra of the Wiener Staatsoper that
had an excellent performance, but here and there, at the beginning, a small
fault in the metals. But the 3rd act was fabulous.
Tenor Christopher Ventris’s Siegmund was very
good but at the end of the first act, he lost some of the momentum, where it
would be most needed. The singer has a very beautiful vocal tone and the voice
is full, offering a very credible interpretation.
Soprano Simone Schneider was a fantastic
Sieglinde. The voice is very powerful, very pleasant and the interpretation was
always top, with a striking end of the first act, it was a pity that Ventris
did not accompany her in this exalted moment.
Hunding of bass
Jongmin Park imposed with a low
cavernous voice that almost made the floor of the theater shake.
Soprano Iréne Theorin was once again blameless
in Brünhilde's performance. The voice is giant, always tuned and it is
perfectly heard over a Wagnerian orchestra. Whenever I have heard her, she
always sings at the highest level.
Wotan from bass-baritone
Tomasz Konieczny was the big
surprise for me, for the interpretive, scenic and vocal quality. He made a very
convincing Wotan, close to perfection, and though with a particular vocal
timbre, he offered us a superior interpretation without ever breaking in the
least detail.
Mezzo Michaela Schuster’s Fricka was at the level of what I expected from her. She's a singer
I've heard several times, she never disappoints and, once again, it happened.
The voice is thick, full-bodied and always in tune at every register.
The other eight
Valkyries had different performances, but globally they were well, although not
favored by the staging. In the third act they run, bloodied, behind the heroes,
who flee to them, to take them to the Walhalla, in the part that is less convincing
of the staging. They were: Helmwige (Donna
Ellen), Gerhilde (Caroline Wenborne),
Ortlinde (Anna Gabler), Waltraute (Stephanie Houtzeel), Siegrune (Ulrike Helzel), Grimgende (Zsuzsanna Szabó), Schweigleite (Bongiwe Nakani) and Rossweisse (Miriam Albano).
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Obrigado pelo excelente comentario de um ANEL, o da Opera de Vienna, encenação de Sven-Eric Bechtolf, que tem sido a meu ver um pouco esquecido. Adam Fischer é um excelente maestro Wagneriano e aprecio muito Iréne Theorin como Brunnhilde. Foi bom recordar na sua critica um ANEL que gosto.
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