segunda-feira, 7 de maio de 2018

DIE WALKÜRE, Viena Staatsoper, Abril / April 2018




 (review in English below)

A encenação de Sven-Eric Bechtolf da ópera A Valquíria de Wagner está já em cena na Ópera Estatal de Viena há muitos anos. É uma abordagem clássica e eficaz em que cada acto se passa num único cenário. Numa visita ao teatro, assistimos à montagem do cenário (os cavalos ainda estavam dentro dos caixotes de madeira):




 O primeiro acto decorre na casa de Sieglinde e Hunding, tem uma mesa central e a meio o tronco da árvore onde está espetada a espada Notung.



O segundo passa-se na floresta, representada por muitos troncos de árvores espalhados por todo o palco. No terceiro há 9 cavalos em tamanho real e em posições diferentes e tudo se passa ali. Quando o fogo sagrado é ateado, no final, é projectado em imagens nas paredes laterais e posterior do cenário.



O maestro Adam Fischer dirigiu a Orquestra da Wiener Staatsoper que teve um desempenho excelente, mas aqui e acolá, no início, uma pequena falha nos metais. No 3º acto foi fantástica.



O Siegmund do tenor Christopher Ventris foi muito bom mas, no final do primeiro acto, perdeu um pouco o ímpeto, onde ele seria mais necessário. O cantor tem um timbre vocal muito bonito e a voz é cheia, oferecendo uma interpretação muito credível.



A soprano Simone Schneider foi uma Sieglinde fantástica. A voz é poderosíssima, muito agradável e a interpretação foi sempre de topo, com um final do primeiro acto marcante, foi pena que o Ventris não a tenha acompanhado nesta prestação.



O Hunding do baixo Jongmin Park impôs-se com uma voz grave cavernosa que quase fazia estremecer o chão do teatro.



A soprano Iréne Theorin foi, mais uma vez, irrepreensível no desempenho da Brünhilde. A voz é gigante, sempre afinada e ouve-se perfeitamente sobre uma orquestra wagneriana. Sempre que a tenho ouvido, canta ao mais alto nível.



O Wotan do baixo-barítono Tomasz Konieczny foi a grande surpresa para mim, pela qualidade interpretativa, cénica e vocal. Fez um Wotan muito convincente, perto da perfeição e, embora com um timbre vocal particular, ofereceu-nos uma interpretação superior sem nunca quebrar no mínimo pormenor. 




A Fricka da mezzo Michaela Schuster esteve ao nível do que esperava dela. É uma cantora que já ouvi várias vezes, nunca desilude e, mais uma vez, assim aconteceu. A voz é espessa, encorpada e sempre afinada em todos os registos.



As oito restantes valquírias tiveram desempenhos distintos, mas globalmente estiveram bem, embora não favorecidas pela encenação. No 3º acto correm, ensanguentadas, atrás dos heróis, que lhes fogem, para os levarem para o Walhalla, na parte que menos resulta da encenação. Elas foram: Helmwige (Donna Ellen), Gerhilde (Caroline Wenborne), Ortlinde (Anna Gabler), Waltraute (Stephanie Houtzeel), Siegrune (Ulrike Helzel), Grimgende (Zsuzsanna Szabó), Schweetleite (Bongiwe Nakani) e Rossweisse (Miriam Albano).


Um espectáculo fantástico!








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DIE WALKÜRE, Vienna Staatsoper, April 2018

The staging Wagner’s opera The Valkyrie by Sven-Eric Bechtolf has been on stage at the Vienna State Opera for many years. It is a classic and effective approach in which each act takes place in a single setting: The first act takes place in the house of Sieglinde and Hunding, it has a central table and in the middle the trunk of the tree where the sword Notung is stuck.

The second act occurs in the forest, represented by many tree trunks scattered all over the stage. In the third act there are 9 horses in real size and in different positions and everything happens there. When the sacred fire is fired, in the end, it is projected into images on the side and rear walls of the scenery.

Maestro Adam Fischer directed the Orchestra of the Wiener Staatsoper that had an excellent performance, but here and there, at the beginning, a small fault in the metals. But the 3rd act was fabulous.

Tenor Christopher Ventris’s Siegmund was very good but at the end of the first act, he lost some of the momentum, where it would be most needed. The singer has a very beautiful vocal tone and the voice is full, offering a very credible interpretation.

Soprano Simone Schneider was a fantastic Sieglinde. The voice is very powerful, very pleasant and the interpretation was always top, with a striking end of the first act, it was a pity that Ventris did not accompany her in this exalted moment.

Hunding of bass Jongmin Park imposed with a low cavernous voice that almost made the floor of the theater shake.

Soprano Iréne Theorin was once again blameless in Brünhilde's performance. The voice is giant, always tuned and it is perfectly heard over a Wagnerian orchestra. Whenever I have heard her, she always sings at the highest level.

Wotan from bass-baritone Tomasz Konieczny was the big surprise for me, for the interpretive, scenic and vocal quality. He made a very convincing Wotan, close to perfection, and though with a particular vocal timbre, he offered us a superior interpretation without ever breaking in the least detail.

Mezzo Michaela Schuster’s Fricka was at the level of what I expected from her. She's a singer I've heard several times, she never disappoints and, once again, it happened. The voice is thick, full-bodied and always in tune at every register.

The other eight Valkyries had different performances, but globally they were well, although not favored by the staging. In the third act they run, bloodied, behind the heroes, who flee to them, to take them to the Walhalla, in the part that is less convincing of the staging. They were: Helmwige (Donna Ellen), Gerhilde (Caroline Wenborne), Ortlinde (Anna Gabler), Waltraute (Stephanie Houtzeel), Siegrune (Ulrike Helzel), Grimgende (Zsuzsanna Szabó), Schweigleite (Bongiwe Nakani) and Rossweisse (Miriam Albano).

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1 comentário:

  1. Obrigado pelo excelente comentario de um ANEL, o da Opera de Vienna, encenação de Sven-Eric Bechtolf, que tem sido a meu ver um pouco esquecido. Adam Fischer é um excelente maestro Wagneriano e aprecio muito Iréne Theorin como Brunnhilde. Foi bom recordar na sua critica um ANEL que gosto.

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