(review in English below)
Gulbenkian encerra
temporada com um Requiem acelerado, estridente e sem alma!
O Requiem é uma das minhas peças
favoritas de G Verdi. Obra de
musicalidade única, tem uma força telúrica brutal que, quando bem interpretada,
nos transporta para uma dimensão transcendental, independentemente da discussão
académica sobre a sua religiosidade. Infelizmente, não foi o que aconteceu no
concerto na Fundação Gulbenkian, por culpa do maestro Paul McCreesh.
Foi a pior
interpretação deste Requiem que ouvi até hoje. McCreesh imprimiu-lhe um ritmo
espalhafatoso e acelerado, com a Orquestra
Gulbenkian frequentemente em fortíssimo, sem transmitir o menor sentimento
introspectivo de que a obra está imbuída. O Requiem foi dirigido como se da
Aida se tratasse. Mais, o maestro conseguiu abafar frequentemente os solistas
que eram de qualidade assinalável. Salvou-se o Coro Gulbenkian, o único que não foi arrasado por McCreesh.
O baixo Dimitri Ulyanov foi excelente, exibindo
uma voz grave, forte e de invulgar musicalidade. Também ao mais alto nível
esteve a mezzo Karen Cargill, de voz
marcante e ponderosa. O soprano Dina
Kuznetsova foi algumas vezes abafada pela orquestra, mas no final foi muito
expressiva. O tenor Norman Reinhardt
foi o solista menos forte que, ainda assim, cumpriu com dignidade, apesar de
frequentemente a orquestra o ter neutralizado.
**
No final, Paul
McCreesh teve um gesto de grande simpatia. Agradeceu a presença do público e
homenageou a violoncelista Maria José
Falcão que tocou pela última vez na Orquestra Gulbenkian, tendo mesmo lido
umas palavras elogiosas em português. Foi bonito mas que não faz esquecer as
más direcções de que tem sido responsável nos concertos na Gulbenkian.
REQUIEM,
Verdi, Gulbenkian Foundation, May 2015
Gulbenkian
closes the season with an accelerated and soulless Requiem!
The Requiem is one of my favourite pieces
of G Verdi. With a unique
musicality, the piece has a brutal telluric force that, when properly
interpreted, transports us to a transcendental dimension, regardless of the
academic discussion about its religiosity. Unfortunately, it was not what
happened at the concert at the Gulbenkian Foundation, conductor Paul McCreesh's fault.
It was the
worst performance of Requiem I heard till today. McCreesh imposed a loud and
fast pace, with the Gulbenkian Orchestra
often in fortissimi without
transmitting the slightest introspective feeling that the work is impregnated.
The Requiem was directed as if it was Aida. Furthermore, the conductor could
often drown out the soloists who were of remarkable quality.
Saved up was
the Gulbenkian Choir, the only one
that was not overwhelmed by McCreesh.
Bass Dimitri Ulyanov was excellent,
displaying a deep voice, strong and with unusual musicality. Also at the
highest level was mezzo Karen Cargill,
of striking and powerful voice. Soprano Dina
Kuznetsova was sometimes drowned out by the orchestra, but in the end was
very expressive. Tenor Norman Reinhardt
was the least strong soloist who still sung with dignity, although often
neutralized by the orchestra.
**
In the end,
Paul McCreesh had a gesture of great sympathy. He thanked the audience and paid
tribute to the cellist Maria José Falcão
who last played in the Orchestra Gulbenkian, even having read a glowing words
in Portuguese. It was a nice attitude but that does not erase the bad
directions that he have been responsible in concerts at the Gulbenkian
Foundation.
Que pena, eu tinha boa impressão de McCreesh, quando ele era visitante - e dirigiu uma sublime Criação de Haydn. Pelos vistos música italiana não é com ele.
ResponderEliminarMcCreesh como visitante dirigiu As Estações de Haydn.
EliminarJá em 2002, nos saudosos Concertos Portugal Telecom no CCB, McCreesh dirigiu superiormente um inesquecível Saul, com os Gabriele Consort & Players e com solistas fantásticos, incluindo Susan Gritton, Deborah York, Andreas Scholl, Mark Padmore e Neal Davies.
EliminarQue diferença do que faz actualmente!
Tem razão, Anónimo, as Estções.
EliminarQuando se convida um maestro para um concerto esporádico, naturalmente é para dirigir repertório de especialidade. Naturalmente, quando cá esteve convidado durante a era Foster, McCreesh deixou uma impressão insuflada devido à escolha do repertório, conduzindo-o ao corrente posto na Gulbenkian. Infelizmente, este género de trabalho requer esforço constante e repertório alargado e, faça McCreesh o que fizer, estará sempre desconfortável neste posto. Eu gostaria muito de ouvir o Requiem de Verdi mas, depois de umas poucas experiências quase traumáticas que tive com McCreesh nos últimos tempos, já não arrisco. Em regra não discutimos a existência de gestão fraca na Gulbenkian mas este exemplo certamente não revela boa gestão!
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