quinta-feira, 14 de maio de 2015

Carmen – Bizet – MET Opera – Fevereiro 2015 – Crítica de Francisco Casegas




                                                       (Foto – Metropolitan Opera)

No passado dia 9 de Fevereiro tive a oportunidade ver a minha primeira ópera na magnífica Metropolitan Opera de Nova Iorque. A ópera a que assisti foi Carmen de Bizet, na produção já conhecida de muitos de Richard Eyre (estreada em 2010 e já revivida um par de vezes) e que eu gosto bastante.



A orquestra da MET esteve a cargo do maestro Louis Langrée e esteve muito bem. Sempre em perfeita síntonia com os solistas e sem nunca adoptar um tempo muito acelerado nem lento. Destaque também para o coro da MET e das crianças estiveram sempre muito bem afinados e sincronizados cénicamente.

Carmen foi interpretada por Elina Garanca. A personagem assenta lhe na perfeição e esteve excelente, vocalmente e cenicamente, durante toda a récita, porém sentiu-se alguma falta de fulgor em certos momentos, facto que é compreensível devido a ter estado doente nos dias que antecederam a récita (obrigando a mesmo a cancelar um concerto no Carnegie Hall no dia anterior). Foi a primeira vez que ouvi Garanca e na minha opinião é um dos melhores Mezzos da actualidade.

Don José foi Roberto Alagna. Pessoalmente não sou grande fã, apesar de ter uma voz com um timbre agradável mas cenicamente, as suas interpretações não parecem ser muito naturais. Tirando esse facto esteve num plano razoavelmente bom e vocalmente este personagem assenta lhe bem.

Escamillo foi Gabor Bretz e esteve em excelente plano. Tem um timbre escuro e bonito e uma projecção vocal  de grande qualidade. Cenicamente também esteve em muito bom plano durante toda a récita. (para quem estiver interessado Bretz estará ainda este mês na Gulbenkian para interpretar Barba Azul na ópera “O castelo do Barba Azul”)

Micaela foi a soprano Ailyn Pérez e acho que foi a minha interpretação favorita da noite (tirando claro a interpretação de Garanca). Tem tudo o que se pode exigir numa soprano, um timbre  lindíssimo, uma projecção excelente e uma qualidade cénica de nível superior. As suas interpretações no dueto “José!” e na sua ária “Je dis que rien ne m´épouvante” foram perfeitas.

Os solistas nos papeis secundários estiveram todos em bom nível, destacaria talvez a interpretação do Mezzo-soprano Ginger Costa-Jackson como Mercédés que se sobressaiu pelo seu timbre de rara beleza.
Em resumo uma récita de excelente nível.


Francisco Casegas

1 comentário:

  1. Ouvi a transmissão em directo na antena dois no passado mês de Março. O elenco era o mesmo com excepção do Alagna substituído pelo Kaufmann. Ouvi-a no carro e lembro-me de ter ficado impressionado com a qualidade, afinação e tempo do coro infantil.

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