quinta-feira, 21 de maio de 2015

DER FLIEGENDE HOLLÄNDER / O NAVIO FANTASMA – Semperoper Dresden, Maio / May 2015



(review in English below)

Visitei pela primeira vez a Semperoper de Dresden e, com sorte, pude assistir à apresentação de uma opera de R Wagner, O Navio Fantasma (Der Fliegende Holländer).



A encenação de Florentine Klepper, muito vistosa, foi das mais bizarras que vi. O início é magnífico, com imagens no palco e projecção de uma tempestade onde voam aves negas, a condizer perfeitamente com a belíssima música da abertura. Na penumbra vê-se uma criança de costas.


Fotografias de Matthias Creutziger (Semperoper Dresden)

É Senta em criança, que acompanha Senta adulta no funeral do pai, Daland. Há sempre 2 Sentas presentes e toda a ópera é o reviver do passado da criança.
Não há navios em palco mas uma grande empresa de pesca e é nesse meio hostil que Senta vive.


A criança recolhe uma ave negra morta das que esvoaçam o palco e tem o primeiro encontro com a figura mística protectora do Holandês, que tem um braço com penas negras.




O pai Daland negoceia e oferece-a ao Holandês. O 2º acto é totalmente disparatado. As fiandeiras são mulheres todas vestidas de igual, grávidas de termo, e é a Mary quem faz o parto a todas, numa cama colocada a meio do palco!


Talvez uma alusão ao papel menorizado da mulher naquela sociedade, de servir apenas para ser mãe, mas o efeito é péssimo. Também Erik sai debaixo da cama, noutro momento ridículo. No dueto com o Holandês, parece ser ele quem poderá salvar Senta, e não o contrário.


Mas tal não acontece, no final Daland está no leito de morte, Senta vestida de noiva (de negro) e todas as restantes grávidas e vestidas de noivas de branco.



Senta liberta-se do pai (que é enterrado), do Holandês e dessa sua vida traumática de infância.
A ópera termina com a Senta a partir para uma nova vida de mala na mão.

Dirigiu a Sächische Staatskapelle Dresden  e o Sächischer Staatsopernchor Dresden o maestro Constantin Trinks que nos ofereceu uma excelente audição.



O baixo austríaco Michael Eder foi um Daland com algumas dificuldades de afinação no início. Depois melhorou mas ficou sempre aquém do desejável, nomeadamente na potencia e musicalidade vocais

Senta foi superiormente interpretada pelo soprano norte americano Marjorie Owens que impôs a sua capacidade vocal e encheu a sala com a voz poderosa e expressiva.



O tenor austríaco Bernhard Berchtold esteve bem como Erik mas por vezes a voz foi submersa pela orquestra.


O contralto alemão Christa Mayer foi uma Mary de voz forte e agreste.


Simon Esper, tenor americano, foi um Steuermann muito agradável, de voz doce, afinada e melódica.


O Holandês foi interpretado pelo baixo-barítono alemão Markus Marquardt que nos ofereceu uma interpretação excelente, em potência e musicalidade vocais, associadas a uma presença em palco inexcedível.


Um espectáculo marcante.







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DER FLIEGENDE HOLLÄNDER - Semperoper Dresden, May 2015

I first visited Semperoper Dresden and, with luck, could attend the presentation of an opera by R Wagner, Der Fliegende Holländer.
 The staging by Florentine Klepper, very showy, was the most bizarre I've seen. The beginning is magnificent, with images on stage and projection of a storm where black birds fly around, matching perfectly with the beautiful music of the opening. In the dim light one sees a child.
 It is Senta as a child, accompanying adult Senta on her father's (Daland) funeral. There are always the two Sentas throughout the opera and it is the revival of the child's past. There are no ships on stage but a large fishing factory and it is in this hostile environment that Senta lives.
The child picks up a dead black bird and has the first meeting with the protective mystical figure of the Dutchman, which has one arm with black feathers.
The father Daland negotiates and offers her to the Dutchman.
The 2nd act is completely ridiculous. The spinners are women all dressed the same, term pregnant, and Mary is the one who delivers all babies on a bed placed in the middle of the stage! Perhaps an allusion to the minor role of women in that society, serving only to be a mother, but the scenic effect is bad. Erik also appears from under the bed, another ridiculous moment. In duet with Senta, the Dutchman seems to be him who can save Senta, and not the opposite.
But this does not happen. At the end Daland is on his deathbed, Senta in a black wedding dress and all other women pregnant and in white bridal dresses. Senta is liberated from her father (who is buried), the Dutch and her traumatic childhood life. The opera ends with Senta to leave for a new life with a suitcase in hand.
 Conductor Constantin Trinks directed the Sächische Staatskapelle Dresden and the Sachischer Staatsopernchor Dresden who offered us an excellent performance.
 Austrian bass Michael Eder was a Daland with some tuning difficulties at the beginning. Afterword he improved but he was always away from the desired, particularly in the power and vocal musicality.
 Senta was superiorly interpreted by North American soprano Marjorie Owens who imposed her vocal capability and filled the room with powerful and expressive voice.
 Austrian tenor Bernhard Berchtold was a pleasant Erik but sometimes the voice was submerged by the orchestra.
 German contralto Christa Mayer was a strong and harsh voiced Mary.
 Simon Esper, American tenor, was a very nice Steuermann, with sweet, refined and melodic voice.
 The Dutchman was interpreted by German bass-baritone Markus Marquardt who offered us an excellent interpretation in power and vocal musicality, associated with an unsurpassed presence on stage.


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