(text in english below)
La Donna del Lago, ópera de G
Rossini com libreto de Andrea Leone
Tottola baseado na obra de Sir Walter Scott, viu-se na Fundação Gulbenkian, em mais uma transmissão em directo da Metropolitan Opera de Nova Iorque.
O enredo,
inverosímil como tantos outros, passa-se na Escócia no Século XVI. Há 3 homens
interessados em Elena, a Senhora do Lago - dois tenores (o rei James V
disfarçado durante quase toda a ópera de Uberto
e Rodrigo, chefe de um clã inimigo) e um mezzo (Malcom, por quem Elena está
apaixonada). Depois de vários acontecimentos bélicos, Rodrigo é morto, e Malcom
e Douglas, (pai de Elena) são feitos prisioneiros. O rei James V perdoa a ambos
e Elena e Malcom acabam juntos e a Escócia fica em paz.
A encenação de Paul Curran foi minimalista e
desinteressante. O amplo palco esteve quase sempre vazio, encimado por uma
projecção de diversos céus nublados. Os membros do coro foram o principal
elemento cénico. No final, dominou o dourado da sala de trono do rei James V.
A Orquestra da Metropolitan Opera foi
superiormente dirigida pelo jovem maestro italiano Michele Mariotti.
Elena foi
interpretada pelo mezzo Joyce DiDonato.
Foi uma actuação extraordinária! Beleza vocal, delicadeza e elegância foram
algumas das qualidades dominantes. Joyce DiDonato é uma das melhores
interpretes rossinianas da actualidade e voltou a demonstrá-lo nesta récita.
Terminou da melhor forma com a ária final “Tanti
affetti” que, frequentemente, canta no final dos seus concertos líricos,
mas que aqui soube ainda melhor por ser cantada na ópera para a qual foi
escrita.
Juan Diego Flórez, tenor, foi o rei James V disfarçado de Uberto.
Os leitores habituais deste blogue sabem que é, talvez, o tenor que mais
aprecio na actualidade. Mais uma vez achei que teve uma interpretação fabulosa.
Tem um timbre único, uma capacidade vocal impressionante e, nas notas mais
agudas, é insuperável. Em Rossini, há Juan Diego Florez e os outros! Toda a
actuação foi marcante mas na abertura do 2º acto, na ária “Oh fiamma soave” foi inigualável na transmissão de suavidade e,
simultaneamente, dor que imprimiu ao seu canto.
O mezzo Daniella Barcelona foi o Malcom. Apesar
de ficar sempre mal uma interpretação feminina neste papel masculino (escrito
para contralto), a cantora foi muito credível. Tem uma figura que ajuda e,
apesar de vestir kilt, por vezes quase esquecíamos que era uma mulher. Tem uma
voz poderosíssima e muito expressiva, também de beleza assinalável, o que muito
ajudou.
John Osborn, tenor, interpretou o Rodrigo, chefe dos
Highlanders. Também esteve bem, tem uma voz bem timbrada, chega às notas mais
agudas com facilidade e qualidade mas, ocasionalmente, cantou em esforço. E
teve a desvantagem de contracenar com Juan Diego Flórez...
Oren Gradus, baixo, foi Douglas, pai de Elena. Uma
interpretação decepcionante, sobretudo quando comparado com os restantes
solistas. A voz foi pequena e pouco expressiva.
Foi um festival
de bravura e pirotecnia vocal da mais elevada qualidade, que fez justiça à
partitura de Rossini.
*****
LA DONNA DEL
LAGO, Gulbenkian. MetLive, March 2015
La Donna del Lago an opera by G. Rossini with libretto by Andrea
Leone Tottola from the novel by Sir Walter Scott, was seen at Gulbenkian Foundation, in another live
broadcast of the Metropolitan Opera
in New York.
The plot,
farfetched as many others, is set in Scotland in the sixteenth century. There
are 3 men interested in Elena, the Lady of the Lake - two tenors (King James V
in disguise for most of the opera as Uberto, and Rodrigo, head of an enemy
clan) and one mezzo (Malcolm, whom Elena is in love). After several warlike
events, Rodrigo is killed, and Malcolm and Douglas, (Elena's father) are taken
prisoner. King James V forgives them all and both Elena and Malcolm end up
together and Scotland is at peace.
The staging
of Paul Curran was minimalist and
uninteresting. The large stage was almost always empty, topped by a projection
of several cloudy skies. The choir members were the main scenic element. In the
end, there was the golden king's throne room James V.
The Orchestra of the Metropolitan Opera was
superiorly directed by the young Italian conductor Michele Mariotti.
Elena was
interpreted by mezzo Joyce DiDonato.
It was an extraordinary performance! Vocal beauty, delicacy and elegance were
some of the dominant qualities. Joyce DiDonato is one of the best Rossinian performers
of today and she showed again this afternoon. She ended in the best way with
the final aria "Tanti affetti"
which she often sings at the end of her lyrical concerts, but here was sung in
the opera for which it was written.
Juan Diego Flórez, tenor, was the King James V disguised as
Uberto. Regular readers of this blog know that he is perhaps the tenor who I most
appreciate today. Again I thought he had a fabulous performance. He has a
unique timbre, an impressive vocal ability and in the higher notes, is
unsurpassed. In Rossini today, there are Juan Diego Flórez and the others! His
whole performance was outstanding but the opening of the 2nd act in the aria
"Oh fiamma soave" he was at
the top in the vocal transmission of softness and simultaneously pain.
Mezzo Daniella Barcelona was Malcolm. Despite
being always annoying a feminine interpretation in this male role (written for
contralto), the singer was very credible. Her figure helps and, despite wearing
kilt, sometimes we could forget that she was a woman. She has a very powerful
and very expressive voice, also of remarkable beauty, which greatly helped the
performance.
John Osborn, tenor, was Rodrigo, head of the Highlanders. He
also had a good performance, his voice has a nice timbre and hits high notes
with ease and quality, but occasionally he sang in effort. And he had the
disadvantage of singing opposite Juan Diego Flórez ...
Oren Gradus, bass, was Douglas the father of Elena. A disappointing
performance, especially when compared to the other soloists. The voice was
small and devoid of expression.
It was a
bravura vocal festival full of vocal pyrotechnics of the highest quality, that
did justice to Rossini's score.
*****
Há o Florez e há os outros. Não podia concordar mais. Obrigado por mais um excelente texto. Cumprimentos
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