Em nome dos "Fanáticos da Ópera" o nosso renovado agradecimento a . Lucas Andrade de Florianópolis (https://www.facebook.com/lucasandradesilva) por mais um texto que enriquece este espaço.
Retornando pela décima quinta vez em quase trinta anos, a
montagem de Andrei Serbin para a Turandot
de Puccini no Royal Opera House é
uma das favoritas do público da casa e tem em sua versão 2013-14 um casal
principal digno de nota!
A história da fria princesa que busca refúgio de seus
pretendentes através de três difíceis enigmas que decidirão o destino do
desafiante não foi completada por Puccini, pois faleceu antes de escrever as
páginas finais. Alguns consideram-na a última grande peça do repertório
operístico mundial e tem como destaques a ambienção oriental tão cara ao
compositor, os dificílimos papéis principais e a orquestração rica e colorida.
A montagem apresentada coloca o conceito de uma peça dentro
de outra, onde os eventos são acompanhados pelo coro/público. Os figurinos
coloridos contrastam com as ambientações escuras e se não têm a opulência e
riqueza de detalhes das famosas montagens do Met, casam muito bem com a
proposta teatral oferecida.
No aspecto vocal, Raymond
Aceto foi um Timur envolvido e vocalmente correto. Sendo o baixo titular da
casa, nunca foi um de meus favoritos. Não compromete, mas ainda carece de
brilho na maioria dos papéis. Nesta produção, entretanto, foi acima de seu
próprio padrão, o timbre caiu bem ao personagem e sua presença como ator foi
bem sentida.
Eri Nakamura, soprano japonesa, foi uma Liu delicada e de grande qualidade vocal. Felizmente, não foi a estrela da noite como usualmente acontece em tantas Turandots.
A estrela foi, como deveria sempre ser, a princesa Turandot.
A soprano americana Lisa Lindstrom,
cantando o papel pela exata centésima vez na noite de transmissão do evento,
conquistou o público no primeiro instante em que abriu a boca. Potente,
determinada, com a frieza que a personagem exige, foi precisa em todas as notas
e venceu a orquestra em todos os fortíssimos exigidos. Provou ser a dona deste
papel na atualidade.
Seu parceiro, Calaf, foi interpretado pelo italiano Marco Berti. Dono de uma voz muito potente e agudos muito naturais, chegou a lembrar Pavarotti nestes quesitos, além do timbre. Nas notas graves perdeu brilho algumas vezes, e cenicamente foi completamente estático! Contudo, sempre somos tolerantes com este papel que tanto exige do tenor. Queremos um Calaf que nos impressione vocalmente e isto Berti conseguiu com extrema facilidade. Não se ouve um duelo na cena dos enigmas com tanta segurança entre os protagonistas hoje em dia!
Ping, Pang e Pong estiveram bem integrados em suas coreografias e partes vocais. Poderiam ter sido até um pouco mais soltos no palco, já que são o escape emocional da obra. Foram simpáticos, sem dúvida, entretanto gostaria de uma pitada a mais de humor que sempre cai bem em meio ao clima sombrio da ópera.
Tenho pena que as transmissões da ROH sejam a meio da semana, impossibilitando-me na prática de assistir.
ResponderEliminarCaro Lucas,
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu texto e relato da récita da Turandot na ROH.
Esta ópera de Puccini é realmente grandiosa. Que bom que o duo principal esteve à altura: muitas vezes, como diz, a Liu acaba por estar bem melhor do que Turandot, o que "estraga" a monumentalidade que a ópera exige. Marco Berti tem, de facto, uma excelente voz e peca como actor: uma pena porque, nos dias que correm, a ópera é cada vez mais vivida e sentida. Acho que não se deve descurar essa parte, muito embora, evidentemente, prefira a correcção vocal e uma interpretação cénica mais estática, do que o contrário.
Cumprimentos e obrigado
Caro Fanático,
ResponderEliminaro seu blog é de visita obrigatória!
Esta crônica nos remete à obra e nos enriquece culturalmente. Como é difícil perceber música de alto nível! Parabéns e um grande abraço do Brasil