FALSTAFF NA MEDIDA CERTA NO THEATRO SÃO PEDRO. CRÍTICA DE
ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Cena da Falstaff,
foto Internet.
Comemorando os 200 anos do nascimento de Giuseppe Verdi o Theatro São Pedro apresenta sua última ópera composta. Falstaff é a ópera cômica por
excelência, todas as características do gênero se encontram presentes e
agraciados com música de excelente gosto: Troca de identidades, o gordinho
fanfarrão, as comadres fofoqueiras e diversos interesseiros perambulam pela
ópera toda hora.
Dia de estreia de ópera tem cantores e muitas celebridades
do mundo lírico na plateia. Coisas estranhas sempre acontecem, ninguém da
Revista Concerto apareceu, no Theatro Municipal de São Paulo eles sempre estão
presentes e na Sala São Paulo nem se fala. Por que será?
Vamos à ópera que é o que interessa. Transposição de período
com respeito ao libreto não faz mal a ninguém, a direção cênica de Stefano Vizioli faz isso muito bem.
Consegue com criatividade dar velocidade ao libreto e torna interessante as
cenas. Não inventa nenhuma moda, o diretor não é adepto as novidades amalucadas
disponíveis no mercado e com isso consegue fazer um bom Falstaff. Os cenários
de Nicolás Boni se mostram simples e
funcionais, acompanham a dinâmica do texto e se adéquam ao período. A luz de
Wagner Freire e os figurinos de Elena Toscano seguem pelo mesmo caminho.
A Orquestra do
Theatro São Pedro regida por Emiliano
Patarra apresentou sonoridade que oscilou, soou alta e volumosa em excesso
em diversas passagens. Regência que mostra elementos típicos da música verdiana
e acompanha os solistas e demais cantores de forma precisa.
Cena da Falstaff,
foto Internet.
O quarteto feminino ficou devendo e muito. Chiara Santoro não se entendeu
vocalmente com a personagem Nanetta, pareceu nervosa e sua voz se mostrou sem
brilho. Atuação cênica boa, cantora de ópera não é só isso. A Meg Page de Mere Oliveira peca nos graves. A Mrs.
Quickly de Alessia Sparacio e a
Alice Ford de Tati Helene estiveram
melhores.
Quem roubou a cena foi Rodrigo
Esteves, seu Ford foi portentoso com belos graves e uma voz penetrante.
Grande cantor e um excelente ator. Sir John Falstaff foi interpretado por Jason Budd, o gringo mostrou boa
atuação cênica e vocalmente não passou do convencional. Voz de barítono que
segue a tendência atual para a preponderância dos agudos. Detentor de boa
técnica consegue fazer um bom Falstaff e nada mais que isso.
Bardolfo de Giovanni
Tristacci e o Pistola de Gustavo
Lassen mostraram grande comicidade e um bom entrosamento entre ambos. O
tenor Tristacci esbanjou e agudos
claros e leves. Gustavo Lassen é
aluno da Academia de Ópera do Theatro São Pedro e mostrou que o belo projeto
começa a dar frutos. Mostrou desenvoltura no palco, parecia estar em casa.
Vocalmente apresentou bons graves encorpados, com o tempo o rapaz pode se
tornar um grande baixo.
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