(review in English below)
Le
Nozze di Figaro é a primeira ópera da triologia Da Ponte. Foi
composta e estreada em Viena no ano de 1786 e é uma ópera buffa em 4 actos que
espelhava e contestava alguns dos comportamentos da alta sociedade da época.
A encenação de Jean-Louis
Martinoty foi simples e baseou os cenários em vários quadros suspensos que
nos transportaram para os diversos espaços onde se desenrolava a acção. O
vestuário foi, totalmente, de época. Foi, por isso, uma encenação convencional,
mas eficaz e que seguiu na perfeição o guião.
A orquestra foi dirigida por Jérémie Rhorer. Não sou de opinião de que tenha sido uma
interpretação brilhante, uma vez que faltou alguma vivacidade e brilho, pelo foi
apenas uma interpretação de mediana qualidade e que acompanhou bem os
intérpretes.
O Coro tem aqui um papel menor, mas esteve bem
quando interveio, nomeadamente as vozes femininas.
Figaro foi o barítono Markus Werba. Tem uma voz de timbre bonito que projectou com
facilidade, fraseando de forma mozartiana o seu papel. Esteve em bom nível e
foi, globalmente, o melhor da récita.
Susana foi o soprano Miah Persson. Apresentou uma voz com um agudo algo áspero, embora quase
sempre equilibrado, e uma projecção vocal com algumas falhas. Não foi uma
interpretação vocal excepcional - faltou-lhe também a doçura e sageza próprias
de Susana -, tendo sido, no nosso entender, um pouco mais segura cenicamente do
que vocalmente.
A Condessa d’Almaviva foi o soprano Olga Bezsmertna. Com um timbre bonito e
um agudo bem sustentado, esteve tecnicamente bem e foi convincente cenicamente.
Apesar de não ter brilhado, foi a melhor interpretação feminina da noite.
O Conde d’Almaviva foi o barítono Pietro Spagnoli. Esteve em bom nível,
apresentando uma voz com um timbre bonito e com amplitude, mas com algumas
dificuldades na projecção, cumprindo bem cenicamente.
Marcelina foi o soprano Monika Bohinec. Apresentou-se, sobretudo inicialmente, com uma voz
algo nasalada que não a favoreceu, mas melhorou ao longo da récita. Do ponto de
vista interpretativo esteve bem, embora longe da perfeição.
Bartolo foi o baixo Sorin Coliban. Tem um grave muito bonito e uma voz com muito volume
e limpa que projectou bem em toda a sala. Muito seguro interpretativamente,
ofereceu-nos um excelente momento na sua ária Tutta Sevilla conosce Bartolo.
O jovem Cherubino foi encarnado pelo soprano Lena Belkina. Esteve em relativo bom
plano vocalmente, mas não encantou, faltando-lhe alguma melodiosidade no seu
agudo que não é nem particularmente bonito, nem expressivo, o que ficou bem
patente nas suas duas árias mais famosas.
Em suma, foi uma récita de qualidade global apenas suficiente,
com uma encenação clássica bonita, mas cujas interpretações, ainda que
homogéneas, não ficam na memória, nem pela qualidade ímpar, nem pela ímpar falta
dela.
--------
(review in English)
Le
Nozze di Figaro is the first opera of the Da Ponte trilogy. It
was composed and premiered in Vienna in 1786 and it is an opera buffa in four
acts that mirrored and challenged some high society behaviours of the time.
The staging of Jean-Louis Martinoty was simple and based on several suspended
frames that transported us to the several scenarios where the action evolves.
Clothing was totally classic. It was, therefore, a conventional staging, but
effective, that perfectly followed the script.
Jérémie
Rhorer conducted the orchestra. I am not of the opinion that
it was brilliantly performed, since it lacked some energy and shine, so it was only
one median quality interpretation that accompanied well the performers.
The Choir has a minor role here, but
did well when intervened, including female voices.
Figaro was the baritone Markus Werba. He has a voice with
beautiful timbre that he projected easily, and was able to do the Mozartian phrasing
his role demands. He was in good level and was, overall, the best male voice performance.
Susana was the soprano Miah Persson. She presented a voice
with a something rough sharp, although almost always balanced, and vocal projection
with some imperfections. It was not an exceptional vocal performance - it
lacked the sweetness and also Susana’s sagacity - and it was, in our view, a
bit better scenically.
The Countess d'Almaviva was the
soprano Olga Bezsmertna. With a
beautiful timbre and a sharp well maintained, she did technically well and was
scenically compelling. Despite not having excelled, she was the best female
interpretation of the night.
The Count d'Almaviva was baritone Pietro Spagnoli. He was in good level,
with a voice with a beautiful timbre and range, but with some difficulties in
projection, fulfilling scenically well.
Marcelina was the soprano Monika Bohinec. She introduced herself,
especially initially, with a nasal voice, but she improved throughout the recitation.
From the point of view of interpretation she was good, although far from
perfect.
Bartolo was the bass Sorin Coliban. He has a very beautiful
voice with plenty of volume and clean that he projected well. Very safe
interpretively, he offered us an excellent moment in his aria Tutta Sevilla
conosce Bartolo.
The young Cherubino was incarnate by
soprano Lena Belkina. She was in
relatively good plan vocally, but not enchanted, lacking melody, and her acute
is neither particularly beautiful nor expressive, which was well demonstrated
in her two most famous and demanding arias.
In short, it was a recitation of just
sufficient overall quality, with pretty classic scenarios, but whose
interpretations, though homogeneous not stays in memory, either by the odd quality,
nor lack of it by.
Sem comentários:
Enviar um comentário