Pela terceira vez, desde
2006, tive o prazer de voltar a ver a produção de “As Bodas de Fígaro” de David
McVicar, na Royal Opera House – encenação disponível em DVD com o elenco
original, clássica, e um prazer de se assistir, principalmente com cantores de
nível estrelar como os deste ano.
Ildebrando D’Arcangelo faz
um Fígaro notável. A sua expressividade cénica é muito boa e cómica, alque que,
por culpa de outros encenadores, não transparece nas duas gravações disponíveis
em DVD com a sua interpretação deste papel.
Aleksandra Kurzak foi
simplesmente fabulosa no papel de Susana. A sua ária “Deh vieni non tardar”
foi de uma perfeição de arrepiar, marcando um ponto alto de toda a sua
interpretação.
A grande expectativa para
esta produção era ver como Rachel Willis-Sorensen e Lucas Meachem substituíriam
Kate Royal e Simon Keenlyside, inicialmente anunciados para a produção mas que
acabaram por sair por razões pessoais. A resposta é simples: brilhantemente!
Uma Condessa vocalmente poderosa e um Conde americano capaz do melhor do ponto
de vista cénico, aliando uma voz também potente e expressiva, tudo saído de um
porte físico convincente – deve medir para aí 2 metros de altura.
Anna Bonitatibus fez um
Cherubino adorável, e parece ter perdido o vibrato incomodativo que lhe conheci
na gravação de Zurique do Così fan tutte, disponível na Arthaus.
Ann Murray e Carlo Lepore
estiveram excelentes como Marcellina e Bartolo.
Dos papéis mais secundários
não posso deixar de enaltecer a magnífica voz da portuguesa Susana Gaspar. O
timbre é bonito e puro. Sente o que canta e apaixona quem a vê. Excelente
Barbarina a cheirar a potencialidade breve para fazer a personagem com o seu
nome… Senti um grande orgulho de ler no programa a sua biografia e encontrar
escrito “Portugal”, “Teatro Nacional de São Carlos”, “Lisboa”, “Mafra”, “Quinta
da Regaleira”… Quantos mais lusos não estariam a nível similar e a poder cantar
nestes palcos se tivessem mais oportunidades?...
Quem criticou em Londres
este reviver da Trilogia Da Ponte por ser um repetir de produções que têm
estado muito presentes na Royal Opera House, e se teve a possibilidade de
assistir a estas récitas, deve estar a lamentar tê-lo feito. As récitas foram
impecáveis e parece-me, no mínimo inteligente, fazer render estas produções de
sucesso e, em vez de gastar dinheiro em novas, conseguir estes artistas para as
interpretar. Bravo!
Le Nozze di Figaro – Royal Opera House - February 14, 2012
For the third
time since 2006, I had the pleasure to see again the production of "The
Marriage of Figaro" by David McVicar at the Royal Opera House – production
available on DVD with the original cast, classic, and a delight to watch,
especially with singers with the star level of this year.
Ildebrando d’Arcangelo is a remarkable Figaro. His expression is very good and
his comic sense is superb, something that is not is not evident in the two
recordings available on DVD with his interpretation of this paper.
Aleksandra
Kurzak was simply fabulous in the role of Susanna. Her aria "Deh vieni non tardar" was perfect, marking it a high point of her whole
interpretation.
Anna
Bonitatibus made a lovely Cherubino, and she seems to have lost her troublesome
vibrato present in the Zurich recording of Così fan tutte, available on Arthaus
label.
Ann Murray and
Carlo Lepore were excellent as Marcellina and Bartolo.
Of the
secondary roles, I can’t stop praising the magnificent voice of the portuguese
Susana Gaspar. The tone is beautiful and pure. She feels every word she sings.
An excellent Barbarina with the potential to make the character with her
name... I felt a great pride when I read her biography in the program and saw
words and places like "Portugal", "Teatro Nacional de São
Carlos," "Lisboa", "Mafra" "Quinta da Regaleira"...
How many more portuguese opera singers would not be in a similar level and able
to sing on these stages if they had more opportunities?...
Caro wagner_fanatic,
ResponderEliminarImagino quanto terá apreciado a trilogia Da Ponte / Mozart!
Também ouvi este ano, em Londres, a Susana Gaspar e, embora num pequeno papel, foi óptima.
Tenho-me também confrontado com diversas substituições de última hora de cantores previamente anunciados, o que é algo que sempre me perturba muito.
Mas, ao contrário do que acontece frequentemente "por aí", a Royal Opera faz um enorme esforço por conseguir substituições de alto nível.
Na presente temporada aconteceu-me 3 vezes(!!), com Anja Harteros na Suor Angelica (substituída poe Ermonela Jaho), Anna Netrebko na Traviata (substituída por Ailyn Perez) e Jonas Kaufmann nos Troianos (substituído por Bryan Hymel. Nos 3 casos, depois da reação inicial de desânimo, não me senti minimamente defraudado com as substituições, que me deram a conhecer três cantores excepcionais.
Only good artists, can create successful productions!
ResponderEliminarGreetings from the cold north_sea,Willy
Como sempre uma crônica competente e apaixonada!
ResponderEliminarUm abraço do Brasil para todos os Fanáticos
Dear my brother Fanatico, too bad games are played on Turkey.. Dark days are coming for Turkey..events in front of the eyes... with regret,by the government.....
ResponderEliminar..A big hug