(review in english below)
Em jeito de coda da temporada passada, a Zurich Opera House trouxe, no início da presente temporada, 2 récitas do Parsifal com a já celebrizada encenação de Claus Guth.
A quem queira ler a descrição da mesma pode fazê-lo neste link.
Mesmo à 3ª visualização ao vivo da encenação, esta ainda causa impacto pela forma inovadora de concepção da obra por Guth e realço em especial, o final em que Amfortas se encontra com Klingsor e como que ambos fazem as pazes sem dizer uma só palavra e tudo por gestos sentidos – puro momento de teatro exclusivo em ópera (ou não exclusivo porque se continua a ouvir a música de Wagner).
A minha maior expectativa para este Parsifal era ouvir o Gurnemanz de Matti Salminen e talvez isso tenha sido o menos impressionante de tudo…
Os cantores em maior nível foram, sem dúvida, Stuart Skelton como Parsifal e Egils Silins como Klingsor.
Stuart Skelton já tinha sido muito bom em Londres em Março mas aqui todos os seus movimentos no monólogo do 2º acto foram impressionantemente sentidos e relacionados com o que estava a cantar, algo que nunca tinha visto como próximo da perfeição (nem mesmo Domingo). A prestação vocal foi também exímia e Skelton sabe que foi espectacular, até pelo modo como agradeceu, com um salto de contentamento em palco.
O Klingsor de Egils Silins foi ao mesmo nível embora num papel que sabemos mais curto. A voz e a praticamente completa imersão na personagem elevam a mesma e ao próprio cantor.
Yvonne Naef é uma Kundry eficaz, com voz potente e expressão muito boa.
O Amfortas de Detlef Roth não foi mau, melhor no 2º monólogo que no primeiro, principalmente porque no 1º era visível o seu quase permanente desvio do olhar para o maestro. Não posso dizer que tenha ficado particularmente impresionado com Roth, talvez por ter como referência outros cantores que considero mais expressivos, como Falk Strukmann e Thomas Hampson (este outra expectativa que voltasse a cantar o papel nestas duas récitas mas algo que não se concretizou).
Matti Salminen foi a minha desilusão... Entrou extremamente contido na potência de voz e a sua emissão foi muito inconstante, embora complementasse bem com uma interpretação de quem maturou muito o papel. Por diversas vezes me pareceu que existia alguma dissincronia entre Salminen e as opções de andamento de Gatti, o que talvez o tivesse levado a diminuir o volume para poder ouvir bem a orquestra. Isso levou a que frequentemente fosse abafado pela mesma.
Pavel Breslik foi um Titurel bastante bom mas não iguala a profundidade vocal de Ante Jerkunika.
Daniele Gatti dirige e tira um som das entranhas da terra daquela orquestra mas, e estando a 1m do mesmo, não pude deixar de ouvir os seus ruidos aspirativos, guturais e por vezes canto, durante a récita.
Foi uma récita que valeu muito pelo fabuloso 2º acto, numa encenação que merece ser vista além de Barcelona e Zurique.
PARSIFAL - Zurich Opera House, 9 October 2011
As a coda from last season, the Zurich Opera House brought at the beginning of this season, only 2 nights of the already made famous in our blog Parsifal staged by Claus Guth.
Who desires to read a full description of it can do so at this link.
Even being this the third live view of the staging, it can still cause impact specially for the Guth conception of the work, and highlights in particular the end in which Amfortas lies with Klingsor and end up friends after everything it has passed.
My biggest expectation for this Parsifal was to hear the Gurnemanz of Matti Salminen and perhaps this was the least impressive of all ...
The singers who were in a higher level, with no doubt, were Stuart Skelton as Parsifal and Egils Silins as Klingsor.
Stuart Skelton had already been very good in London in March but here all his movements in the monologue of the 2nd act were astonishingly coherent with the sung text, something I had never seen as close to perfection (not even with Placido Domingo). The vocal delivery was excellent and Skelton knows he did a remarkable job and that is why he jumped on stage at the curtain call.
The Klingsor of Egils Silins was at the same level but in a shorter role. The voice and the way Silins is capable of an almost complete immersion in the character is impressive.
Yvonne Naef was an effective Kundry, with a powerful voice and very good acting.
The Amfortas of Detlef Roth was not bad, better in the second monologue than in the first, mainly because it was visible an almost constant deviation from looking at the conductor. I cannot say that I have been particularly impressed with Roth, maybe because I have as reference other singers like Falk Strukmann and Thomas Hampson (who I hope would sing this role as in June...).
Matti Salminen was my disappointment ... He began the opera with restrains in the power of his voice and his singing strength was very irregular, although he complemented this with an interpretation of high level from someone who has “digested” the role for years. For several times it seemed that there was some disynchrony between Salminen and stamina options by Gatti, which perhaps led him to reduce the volume in order to hear the orchestra as well. This ended up in several occasions in which his voice was drowned by the orchestra sound.
Pavel Breslik was a very good Titurel but unable to equal the depth of Ante Jerkunika vocal.
Daniele Gatti manages to produce a superb sound from the gut of the earth from the orchestra and, standing very close to him, I could not avoid listening to his aspiration noises and guttural singing during the opera.
It was a performance in which the best moment was its fabulous 2nd act, in a scenario that deserves to be seen in more opera houses than Barcelona and Zurich.
Caro wagner_fanatic,
ResponderEliminarQue fotografias espectaculares! Penso que as melhores que já foram aqui publicadas no blogue!
E gostei muito de, de certa forma, reviver aquele que considerei o melhor espectáculo de ópera a que assisti (em Barcelona) na passada temporada. Por falar nisto, confesso que aguardo com muita curiosidade a divulgação do seu balanço da temporada.
Caro Wagner fanatic,
ResponderEliminarfiquei vivamente impressionado com a sua crônica!
Quero que saiba que independentemente da sua finalidade maior - comentar a ópera - ela se constitui em si mesma uma obra literária!
Os elogios são sinceros, motivados pelas emoções que o texto despertou!
Um grande abraço dos seus fãs do atelier.
@FanaticoUm: Por acaso até ficaram boas. Em breve colocarei o meu balanço da Temporada passada, adivinhando-se claro, que produção ganhará o primeiro lugar do pódio.
ResponderEliminar@António Machado: Muito obrigado pelos seus comentários sinceros e por ler estes meus textos. Abraços lusitanos para todos do atelier.
Zurich Opera House is one place I have never been. It is on my list of places to enjoy some day.
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