terça-feira, 9 de julho de 2019

I PURITANI, Liceu, Barcelona, Outubro / October 2018



(review in English below)

Depois do camo_opera ter assistido à estreia deste espectáculo, como relatou aqui, tive também a oportunidade de o ver, umas semanas mais tarde, já depois de ter morrido a grande soprano catalã Montserrat Caballé. Tivemos, no início uma curta homenagem, onde ouvimos um pequeno excerto da Casta Diva, cantada no período áureo da Caballé.

Não vou repetir os comentários à encenação de Annilese Miskimmon reposta por Deborah Cohen feita pelo camo_opera, com os quais concordo. Vê-se bem e percebe-se claramente o enredo, apesar das transposições de 3 séculos.



I Puritani é mais uma ópera típica do belcanto, a última que Bellini compôs. Para ser apreciada na sua plenitude exige cantores de topo nos protagonistas e foi isso que tivemos no Liceu de Barcelona.

O maestro Christopher Franklin foi aceitável na direcção da Orquestra do Liceu.



Pretty Yende, soprano sul africana, foi sublime como Elvira. É uma cantora que muito gosto (foi ela que me fez vir a Barcelona) e, mais uma vez, esteve a nível superlativo. A voz é limpa, sempre afinada, timbre maravilhoso, agudos inacreditáveis, extensão e potência notáveis e nunca grita. Em cena é muito credível, representa também muito bem e a juventude faz o resto.



O Javier Camarena, tenor mexicano (o que terá a América Latina para “produzir” todos os grandes tenore di grazia das últimas décadas?), esteve ao nível da Yende no papel de Arturo. Voz de uma beleza invulgar, enchendo sempre o teatro, agudos estratosféricos e sem perderem a mínima qualidade são, entre outras, as características do seu desempenho vocal. A figura não ajuda muito mas logo que começa a cantar, deixamos de o ver. Fabuloso.
Também acho que são os dois melhores cantores de belcanto da actualidade.



O barítono Mariusz Kwiecien nunca falha e, mais uma vez, esteve em grande nível como Riccardo. Sólido na interpretação vocal, voz firme, bem timbrada e sempre afinado.



Também muito bem esteve o baixo barítono Marko Mimica como Giorgio. Tem várias intervenções, foi sempre muito sólido, a voz é forte, agradável e expressiva, apenas não tem graves profundos, como por vezes seriam necessários.



Dos restantes cantores, Gianfranco Montresor como Gualtiero esteve bem, Lidia Vinyes-Curtis aceitável como Enrichetta, e Emmanuel Faraldo mal se ouviu como Bruno.

Mas foi um espectáculo fabuloso, sobretudo devido à Pretty Yende e ao Javier Camarena.







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I PURITANI, Liceu, Barcelona, ​​ October 2018

After camo_opera watched the premiere of this performance, as he reported here, I also had the opportunity to see it a few weeks later, after the death of the great Catalan soprano Montserrat Caballé. At the beginning we had a short tribute, where we heard a small excerpt from Casta Diva, sung in the golden period of Caballé.

I will not repeat the comments to Annilese Miskimmon's (adapted by Deborah Cohen) production  written by camo_opera, with which I agree. It is pleasant and one clearly perceives the plot, despite transpositions of three centuries.

I Puritani is another opera typical of belcanto, the last one Bellini composed. To be appreciated in its fullness it requires top singers in the leading roles and that was what we had at the Liceu Barcelona.

Maestro Christopher Franklin was acceptable in the direction of the Liceu's Orchestra.

Pretty Yende, South African soprano, was sublime as Elvira. She is a singer that I like (she was the one who made me travel to Barcelona) and, once again, she was at a superlative level. The voice was clean, always tuned, wonderful timbre, unbelievable top notes, remarkable extension and power, and she never screamed. On stage she was very credible.

Javier Camarena, Mexican born tenor (what does Latin America have to "produce" all the great tenore di grazia of the last decades?), was at the level of Yende in the role of Arturo. The voice was of an unusual beauty, always well heard, stratospheric top notes and without losing the minimum quality were, among others, the characteristics of his vocal performance. The figure did not help much but once he began to sing, we stopped seeing him. Fabulous. I also think they are the two best belcanto singers of the present.

Baritone Mariusz Kwiecien never fails and, once again, was at top level as Riccardo. Solid in vocal interpretation, firm voice, always tuned.

Also very well was bass baritone Marko Mimica as Giorgio. He has several interventions, the voice is strong, very pleasant and expressive, he just has no deep bass, as it would sometimes be necessary.

Of the remaining singers, Gianfranco Montresor as Gualtiero was well, Lidia Vinyes-Curtis was acceptable as Enrichetta, and Emmanuel Faraldo was barely heard himself as Bruno.

But it was a fabulous performance, especially due to Pretty Yende and Javier Camarena.

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