(review in English below)
A ópera A Dama de Espadas de Pyotr I. Tchaikovsky com libreto dos
irmãos Modest I. Tchaikovsky e Pyotr I. Tchaikovsky esteve em cena na Royal Opera House de Londres.
O jovem oficial
Gherman fica obcecado por Liza, a noiva do seu amigo Príncipe Yeletsky. A
Condessa, avó de Liza, conhece uma formula secreta de 3 cartas que garantem
sucesso ao jogador. Gherman decide descobrir o segredo, enriquecer e ficar com
a Liza. Esta, ao vê-lo, apaixona-se e dá-lhe a chave do quarto da Condessa,
através do qual terá acesso ao seu. Combinam um encontro à noite. Gherman
confronta a Condessa no quarto, pedindo-lhe o segredo das cartas. Ela morre de
medo quando ele lhe aponta uma pistola. Liza chega e fica horrorizada com o que
vê. Gherman é assombrado pelo fantasma da Condessa que lhe revela o segredo das
3 cartas e ordena-lhe que case com a Liza. Contudo, a sua obsessão pelas cartas
leva Liza ao suicídio. No jogo, Gherman tem duas grandes vitórias e é desafiado
pelo Príncipe para um terceiro jogo. Perde porque a carta ganhadora não é o
esperado ás, mas sim a Dama de Espadas. Aterrorizado com a visão da Condessa,
Gherman suicida-se.
A encenação de Stefan Herheim (já apresentada na Opera
de Amsterdão) é vistosa mas muito estranha. A parte positiva é a sala clássica,
atraente, com um grande lustre de cristal, onde tudo se passa. A movimentação
dos cenários é eficaz e silenciosa. E o guarda roupa é muito bonito, rico e vistoso.
Tudo o resto
é bizarro. Logo no início aparece um texto referindo o impacto da
homossexualidade na vida do compositor. O próprio Tchaikovsky esteve sempre
presente, do início ao fim, bem como um piano onde compunha ou de onde tentava
conduzir o desenrolar da acção. Revê-se no príncipe Yeletsky (é o mesmo cantor
que faz os dois papéis). O Coro masculino representa a sua imagem replicada por
muitos. Até a água contaminada com cólera que bebeu e com que se suicidou
aparece nas mãos de todos os seus “clones” do coro.
A ópera começa
com uma cena de sexo com um homem (encarnado por Gherman) e a rejeição de um
anjo negro da morte, feminino, (Liza). A meio da ópera há uma cena lésbica
entre Liza e Paulina e, no final do 2º acto, quando o coro canta na plateia,
aparece Catarina a Grande que é ...Gherman vestido de drag queen!! Mais um exemplo do eurotrash
num teatro onde, habitualmente, não se vê!
Mas nem tudo foi
mau. A direcção musical de Antonio
Pappano foi de grande nível, como é habitual, e a orquestra esteve muito
bem.
O papel principal
de Gherman foi interpretado pelo tenor russo Sergey Polyakov, em substituição do Antonenko. Para mim uma boa
notícia pois não suporto o timbre nasalado e agreste do substituído. Mas Polyakov não foi melhor, má técnica, emissão irregular e frequentemente agreste.
Eva-Maria Westbroek fez uma Liza discreta, pouco emotiva em palco, mas
vocalmente interessante e sempre bem audível, embora com dificuldades no registo agudo.
Os restantes foram melhores. O barítono búlgaro Vladimir
Stoyanov no duplo papel de Tchaikovsky e Príncipe Yeletsky canta pouco mas
a sua aria foi lindíssima e interpretada de forma superior. Como Tchaikovsky
roçou o ridículo, mas a culpa não foi sua.
A Condessa foi
também uma interpretação interessante de Felicity
Palmer, já septuagenária mas ainda cantando e interpretando em grande
estilo.
O melhor foi John Lundgren como Conde Tomsky. Tem
uma voz belíssima com um registo grave marcante e uma boa presença cénica.
Merece também um
registo de muito apreço a bela interpretação de Anna Goryachova como Paulina.
***
THE QUEEN
OF SPADES, Royal Opera House, London, January 2019
The opera The Queen of Spades by Pyotr I. Tchaikovsky with libretto by
the brothers Modest I. Tchaikovsky
and Pyotr I. Tchaikovsky was on
scene at the Royal Opera House in
London.
The young
officer Gherman is obsessed by Liza, the bride of his friend Prince Yeletsky. The
Countess, Liza's grandmother, knows a secret formula of 3 cards that guarantee
success to the gambler. Gherman decides to discover the secret, to become rich
and stay with Liza. When she sees him, she falls in love, and gives him the key
to the Countess's room, through which he will have access to her room. They
make a date at night. Gherman confronts the Countess in the bedroom, asking her
the secret of the cards. She is scared to death when he points a gun at her.
Liza arrives and is horrified by what she sees. Gherman is haunted by the
Countess's ghost who reveals the secret of the three cards and orders him to
marry Liza. However, his obsession with the cards leads Liza to suicide. At the
game, Gherman has two big wins and is challenged by the Prince for a third
game. He loses because the winning card is not the expected ace, but the Queen
of Spades. Terrified at the Countess's vision, Gherman commits suicide.
The
direction of Stefan Herheim (already
presented at the Amsterdam Opera) is showy but very strange. The nice component
is the classic, attractive room with a large crystal chandelier, where
everything happens. The movement of the scenarios is effective and silent. And
the dresses are very beautiful and rich.
But
everything else is bizarre. At the beginning, a text referring to the impact of
homosexuality on the composer's life appears. Tchaikovsky himself was always
present, from beginning to end, as well as a piano where he composed or from
where he tried to conduct the course of action. He is projected in Prince
Yeletsky (it is the same singer who does both roles). The male choir represents
his image replicated by many. Even the water contaminated with cholera who he
drank to commit suicide appears in the hands of all his "clones" of
the choir.
The opera
begins with a sex scene with a male (incarnated by Gherman) and the rejection
of a black angel of death, female (Liza). In the middle of the opera there is a
lesbian scene between Liza and Paulina and, at the end of the 2nd act, when the
choir sings in the audience, Catherine the Great appears ...as Gherman dressed
as a drag queen!! Another example of a Eurotrash
in a theater where it has not been common to see!
But
everything was not bad. The musical direction of Antonio Pappano was great, as usual, and the orchestra was very
good.
Gherman's
lead role was played by Russian tenor Sergey
Polyakov, replacing Antonenko. For me good news because I can not stand the
nasal and harsh tone of the replaced. But Ployakov was not better, he had a bad technic, the voice was irregular and sometimes harsh.
Eva-Maria Westbroek was a discreet, unemotional Liza on stage, but
vocally interesting and always well audible, though with difficulties in the top register.
The rest of the cast members were better. Bulgarian baritone Vladimir Stoyanov in the double role of Tchaikovsky and Prince
Yeletsky sings little but his aria was beautiful and interpreted in a superior
way. As Tchaikovsky brushed the ridiculous, but it was not his fault.
The
Countess was also an interesting interpretation of Felicity Palmer, already septuagenarian but still singing and
interpreting in style.
The best
was John Lundgren as Count Tomsky. He
has a beautiful voice with an impressive low register and a good stage
presence.
Also worthy
of note was the beautiful interpretation of Anna Goryachova as Paulina.
A very beautiful performance to the eyes but not interesting as the opera at the Royal Opera.
A very beautiful performance to the eyes but not interesting as the opera at the Royal Opera.
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