(review in English below)
A ópera Don Giovanni de Mozart foi mais uma vez posta em cena na Metropolitan Opera de Nova Iorque. A encenação de Michael Grandage, já muito comentada
neste blogue, é clássica e pouco imaginativa, dominada pelos prédios de três andares.
Passa-se numa cidade espanhola no Sec. XVIII. Há mobilidade cénica mas é muito
repetitiva. A cena do cemitério é mais interessante e o final do Don Giovanni,
quando é engolido pelas chamas, é espectacular ao vivo.
Foi uma récita
muito boa, com um elenco poderoso e, com poucas excepções, homogéneo. O maestro
alemão, Cornelius Meister foi muito
bom, com grande respeito pelos cantores e por Mozart. A Orquestra, fantástica.
Os cantores foram quase todos de topo. A
italiana Federica Lombardi (que não
conhecia) esteve óptima como Donna Elvira, voz bonita, sempre bem audível e boa
presença em palco.
O jovem
baixo-barítono americano Brandon Cedel
(Masetto), que também desconhecia, esteve sempre sempre muito bem, quer no
canto como na representação.
Ainda mais um
desconhecido para mim, o tenor francês Stanislas
de Barbeyrac, foi um Don Ottavio excelente no canto e em palco (isto com
cantores jovens é sempre outra coisa!).
Um bem conhecido
meu neste papel, o baixo eslovaco Stefan
Kocán foi um Comendador vocalmente imponente, excelente.
O baixo-barítono
venezuelano / italiano Luca Pisaroni,
que sempre vi como Leoporello, fez um Don Giovanni óptimo (cénica e
vocalmente), muito acima das minhas expectativas.
Já a soprano
russa Aida Garifullina (Zerlina) que
venceu o Operália há poucos anos, cantou na abertura e fecho do mundial de
futebol do ano passado na Rússia, é bonita e está a ser empurrada para cima em
vários teatros, cantou bem, mas não gosto do timbre e, quando sobe, tem alguma
tendência para a estridência.
O baixo russo Ildar Abdrazakov foi um Leoporello
fantástico na actuação cénica, mas a voz é relativamente pequena e vocalmente
não convenceu.
Deixo para o fim
o melhor, a soprano norte-americana Rachel
Willis-Sorensen que foi do outro mundo. Que Donna Anna!! Fantástica,
fabulosa, fenomenal e tudo o mais que se possa dizer. Nunca vi ou ouvi uma
Donna Anna como ela!! E parecia que cantava ligada a um amplificador, mas com todo
o dramatismo que a personagem exige!
Um espectáculo de
grande qualidade.
****
DON
GIOVANNI, METropolitan Opera, New York, February 2019
Mozart's opera Don
Giovanni was once available at the Metropolitan
Opera in New York. Michael Grandage's
staging, already commented on this blog, is classic and unimaginative,
dominated by three-story buildings. It is in a Spanish city in the XVIII
century. There is scenic mobility but it is very repetitive. The graveyard
scene is more interesting and the end of Don Giovanni, when swallowed by
flames, is spectacular live.
It was a
very good performance, with a powerful cast and, with few exceptions,
homogeneous. German conductor Cornelius
Meister was very good, with great respect for the singers and for Mozart.
The Orchestra was fantastic.
The singers
were almost all top. Italian soprano Federica
Lombardi (who I did not know) was good as Donna Elvira, beautiful voice,
always well audible and good presence on stage.
Young
American bass-baritone Brandon Cedel
(Masetto), who also I did not know, was always very well, both in singing and
acting.
Another
unknown to me, French tenor Stanislas de
Barbeyrac, was an excellent Don Ottavio in singing and on stage (the operas
with young singers are always something else!).
A
well-known of mine in this role, Slovakian bass Stefan Kocán was a vocally imposing, excellent Comendatore.
Venezuelan
/ Italian bass-baritone Luca Pisaroni,
who I always saw as Leoporello, made a terrific Don Giovanni (scenic and
vocally), far above my expectations.
On the
other hand, Russian soprano Aida
Garifullina (Zerlina) who won the Operalia a few years ago, sang at the
opening and closing of the football World Cup last year in Russia, is beautiful,
and is being pushed up in several theaters, sang well, but I do not like her
timbre, and when she sings in the top register she has some tendency for
stridency.
Russian
bass Ildar Abdrazakov was a
fantastic Leoporello in scenic performance but the voice is relatively small
and vocally was unconvincing.
I leave to
the end the best, American soprano Rachel
Willis-Sorensen who was out of this world. What a Donna Anna!! Fantastic,
fabulous, phenomenal and everything else you could say. I've never seen or
heard a Donna Anna like her!! And she seemed that she was singing with an
amplifier, but also with all the drama that the character demands!
A
performance of great quality.
****
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