Cendrillon é uma ópera de Jules Massenet
com libretto de Herni Cain baseado no conto de fadas Cendrillon (Cinderela) de Charles Perrault.
Era uma vez… um conto de fadas para o esplendor
das vozes femininas!
A história é bem conhecida. Nesta versão
Lucette (Cendrillon, Cinderela) vive com Pandolfe, o pai que casou em segundas
núpcias com madame de la Haltière, uma madrasta terrível que tem duas filhas.
Todos se preparam para um baile no palácio do príncipe Charmant. A madrasta
proíbe Lucette de ir ao baile. Aparece uma fada que a transforma numa
irreconhecível e bela jovem mas avisa-a que deve regressar antes da meia noite.
No baile o príncipe rejeita todas as pretendentes e apaixona-se de imediato por
Lucette. À meia noite desaparece, mas perde um sapato. De novo em casa, a
madrasta descreve o baile a Lucette. Demasiado triste, decide fugir para a
floresta para aí morrer. Aparece de novo a fada e, na floresta, encontra-se com
o príncipe e cantam o seu amor. O pai encontra-a muito doente, leva-a para casa
e diz-lhe que, enquanto dormia, falou num príncipe. Lucette pensa que afinal
tudo foi um sonho. O príncipe pretende encontrar a sua amada e chama todas as
jovens que foram ao baile para provarem o sapato. A madrasta tem a certeza que
será uma das filhas a escolhida. Todas provam o sapato que não serve a nenhuma.
Surge Lucette com a fada e é imediatamente reconhecida pelo príncipe. Toda a
família fica subitamente feliz e cumprimenta a futura rainha.
A produção de Laurent Pelly de é muito bem conseguida para o conto de fadas. O
cenário é constituído por painéis onde está escrita a história. Têm muitas
portas e movem-se ao longo do espectáculo oferecendo-nos quadros muito diversos
e de grande efeito visual, mantendo sempre as páginas da história como elemento
central.
Os trajos são muito engraçados e
exageradamente peculiares. Todas as personagens femininas aparecem de
encarnado, com excepção das criadas (de cinzento), da madrasta (inicialmente de
roxo), suas duas filhas (de cor de rosa e verde claro) e da fada (de azul
celeste).
Lucette aparece de cinzento mas, quando transformada pela fada, de
branco prateado. Os homens, de fato preto, colete e camisa branca, muitos meias
encarnadas e cabeleiras fartas.
A direcção musical foi do maestro francês Bertrand de Billy.
Joyce DiDonato, mezzo-soprano americano, foi uma Lucette
(Cendrillon) extraordinária. A voz é de uma extensão
invulgar (incluindo pelos terrenos de soprano), de timbre belíssimo, de
potência avassaladora. Já várias vezes referi que aprecio muito DiDonato. Acho
que consegue transmitir vocalmente os diferentes estados de alma como poucas.
Aqui foi ora triste e melancólica ora alegre e radiosa. Em cena foi sempre
muito credível. É uma actriz que canta. É sempre um privilégio ouvir Joyce
DiDonato.
A madrasta
Madame de la Haltière foi interpretada pela mezzo norte-americana Stephanie
Blythe. Foi outra grande interpretação. A figura da cantora ajuda e a voz é
potente e com um registo grave assinalável.
Outra cantora de topo foi o mezzo-soprano
britânico Alice Coote que
interpretou o príncipe Charmant. Mais uma voz sensacional, em potência e beleza
tímbrica. O papel é extenso e esteve sempre afinada e nunca perdeu qualidade.
Cenicamente foi também muito boa.
Para completar o conjunto de vozes femininas superiores
que se juntaram nesta produção falta referir a soprano sul-coreana Kathleen Kim que interpretou a Fada. A
voz esteve sempre muito afinada, audível sobre a orquestra e recheada de notas
agudas de qualidade. A coloratura foi também notável.
O barítono francês Laurent Naouri, que foi Pandolfe, pai de Lucette. É um cantor que
nunca falha e oferece-nos sempre óptimas interpretações, cénicas e vocais. Tem
um timbre muito bonito e é sempre muito expressivo e bem audível.
Os cantores secundários Ying Fang (Noémie), Maya
Lahyani (Dorothée), David Leigh (mestre
de cerimónias), Jeongcheol Cha
(Primeiro Ministro) e Bradley Garvin
(Rei) e actores estiveram bem, mas a noite foi das Senhoras que nos ofereceram
interpretações inesquecíveis em todos os registos vocais.
*****
CENDRILLON, METropolitan Opera, May 2018
Cendrillon
is an opera by Jules Massenet with libretto by Herni Cain based on the fairy tale Cendrillon (Cinderella) by Charles Perrault.
Once upon a time ... a fairy tale for the splendour of the female voices!
Once upon a time ... a fairy tale for the splendour of the female voices!
The story is well known. In this version
Lucette (Cendrillon, Cinderella) lives with Pandolfe, his father who marriage
for a second time with Madame de la Haltière, a terrible stepmother who has two
daughters. All are preparing for a ball in the palace of Prince
Charmant. Lucette's stepmother forbids her to go to the ball. A fairy appears
and transforms her into an unrecognizable and beautiful young woman, but warns
her that she should come back before midnight. At the ball the prince rejects
all girls and falls immediately in love by Lucette. At midnight she disappears,
but leaves a shoe behind. At home again, the stepmother describes the ball to
Lucette. Too sad, she decides to escape to the
forest to die there. The fairy appears again and in the forest she meets
the prince and both sing their love. Her father finds her very sick, takes her
home and tells her that while she slept, she spoke about a prince. Lucette
thinks that all was a dream. The prince wants to
find his beloved and calls all the girls who went to the ball to test the shoe.
The stepmother is sure that one of her daughters will be chosen. The
shoe does not fit any of the girls. Lucette appears with the fairy and is
immediately recognized by the prince. The whole
family is suddenly happy and greets the future queen.
Laurent Pelly’s production
is excellent for the fairy tale. The scenario consists of panels where the
story is written. They have many doors and move
throughout the show giving us very different scenes of great visual effect,
keeping the pages of history as a central element.
The costumes are very funny and overly quirky. All the female characters appear in red, with the exception of the maids (gray), the stepmother (initially purple), her two daughters (of pink and light green) and the Fairy (light blue). Lucette appears in gray but when transformed by the fairy, she becomes silvery-white. The men were in black suit, vest and white shirt, red socks, and bushy hair.
The costumes are very funny and overly quirky. All the female characters appear in red, with the exception of the maids (gray), the stepmother (initially purple), her two daughters (of pink and light green) and the Fairy (light blue). Lucette appears in gray but when transformed by the fairy, she becomes silvery-white. The men were in black suit, vest and white shirt, red socks, and bushy hair.
The musical director was the French conductor Bertrand de Billy.
Joyce DiDonato, American mezzo-soprano, was an extraordinary
Lucette (Cendrillon). The voice is of an unusual
extent (also throughout the soprano territory), with beautiful tone and
overwhelming power. I have often mentioned that I really appreciate
DiDonato. I think vocally she manages to convey the different feelings of the
character as few others. Here she was either sad and melancholic or happy and
radiant. Artistically she was always very credible. She is a singing actress.
It is always a privilege to see Joyce DiDonato.
The stepmother, Madame de la Haltière, was interpreted by American mezzo
Stephanie Blythe. Another great
performer. The figure of the singer helped and her voice is strong and with a
fantastic low register.
Another top singer was British mezzo-soprano Alice Coote who played Prince Charmant. She was another sensational voice, both in power and beauty of timbre. The role is extensive and she has always been in tune and never lost quality. On stage she was also very good.
To complete the set of female top quality voices that joined in this
production I need to mention South Korean soprano Kathleen Kim who played the Fairy. Her voice was always well tuned, audible over the orchestra and filled with high notes
of quality. The coloratura was also remarkable.
French baritone Laurent Naouri,
was Pandolfe, Lucette's father. He is a singer who never fails and always
offers us great interpretations, scenic and vocal. He has a very beautiful tone
and is always very expressive and well audible.
Supporting singers Ying Fang (Noémie), Maya Lahyani (Dorothée), David Leigh (master of ceremonies), Jeongcheol Cha (Prime Minister) and Bradley Garvin (King) and actors were fine, but the evening was of the Ladies who offered us unforgettable performances in all vocal records.
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Supporting singers Ying Fang (Noémie), Maya Lahyani (Dorothée), David Leigh (master of ceremonies), Jeongcheol Cha (Prime Minister) and Bradley Garvin (King) and actors were fine, but the evening was of the Ladies who offered us unforgettable performances in all vocal records.
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