sábado, 29 de setembro de 2018

DON GIOVANNI, Royal Opera House, Julho / July 2018


(text in English below)

Don Giovanni de W.A. Mozart. Royal Opera House, Londres.
Encenação - Kasper Holten
Maestro - Marc Minkowski

Don Giovanni – Mariusz Kwiecien




Leoporello – Ildebrando D’Arcangelo



Donna Anna – Rachel Willis-Sorensen



Don Ottavio – Pavel Breslik



Donna Elvira – Hrachuhi Bassenz



Zerlina – Chen Reiss



Masetto – Anatoli Sivco



Il Commendatore – Willard White



Que Don Giovanni!! Casting perfeito só pode dar perfeição vocal, cénica e de direcção!
E a Donna Anna!!! Que interpretação, na ária “Or sai chi l’onore” eu que sou contra isso não consegui evitar e comecei também a aplaudir antes da ária acabar.
Don Giovanni poderosíssimo e o mais credível Leoporello que já vi (estava apreensivo porque sempre vi o D’Arcangelo como Don…).
Melhor Don Giovanni de sempre!! Mozart tão honrado hoje aqui!
Todos os cantores fabulosos e dramaticamente espectaculares.
Final fenomenal!






Texto e fotografias de wagner_fanatic.



DON GIOVANNI, Royal Opera House, July 2018

Don Giovanni de W.A. Mozart. Royal Opera House, London.
Director - Kasper Holten
Teacher - Marc Minkowski

Don Giovanni - Mariusz Kwiecien
Leoporello - Ildebrando D'Arcangelo
Donna Anna - Rachel Willis-Sorensen
Don Ottavio - Pavel Breslik
Donna Elvira - Hrachuhi Bassenz
Zerlina - Chen Reiss
Masetto - Anatoli Sivco
The Commendatore - Willard White

What a Don Giovanni!! Perfect casting can only give vocal, scenic and directional perfection!
And this Donna Anna!!! What interpretation, in the aria "Or sai chi l'onore" Although I am against it, I could not avoid and I also began to applaud before the aria ended.
A powerful Don Giovanni, and the most credible Leoporello I have ever seen (I was apprehensive because I always saw D'Arcangelo as Don ...).
Best Don Giovanni ever !! Mozart so honored here today!
All fabulous dramatically spectacular singers.
Phenomenal finish!

Text and photos by wagner_fanatic.

domingo, 23 de setembro de 2018

FAUST de Charles Gounod — Teatro Real, Madrid, 22/09/2018

(Review in English below)

Assisti à ópera Faust, produção que abre a temporada do Teatro Real de MadridCharles Gounod estreou a ópera em 1859 que teve como libretistas a dupla Jules Barbier Michel Carré que partiram da peça Faust et Marguerite inspirada no Faust de Goethe.

A ópera tem estado menos frequentemente no repertório atual do que nos anos que se seguiram à estreia, provavelmente por ser musicalmente interessante, mas ter um drama e texto algo inconsistentes.


A produção trazida ao Teatro Real é a que Álex Ollé (La Fura dels Blaus) estreou em 2014 em Amesterdão. Trata-se de uma produção muito intensa visualmente, com múltiplos números que pretendem modernizar a ópera e que o fazem com qualidade e sem desvirtuar a indicações cénicas originais. Traz a ação para o nosso século e para um laboratório que trabalha o projeto “Homunculus Project”. Recorrendo a um vestuário vistoso, a um jogo de luzes intenso, a diversos painéis que se vão transformando, a encenação proposta permite o desenrolar da ação de forma fluida e caricaturiza alguns estereótipos sociais. Sem ser genial, sugere uma leitura alternativa que vale a pena explorar.


Orquestra do Teatro Real soou de forma luxuosa sob a direção de Dan Ettinger que pecou pontualmente pelo ritmo e volume excessivos. O Coro do Teatro Real esteve imaculado, oferecendo momentos de grande qualidade.

A figura principal da abertura da temporada de Madrid é Piotr Beczala que foi um Faust apaixonado, dramaticamente convincente, e com uma voz poderosíssima de agudos estratosféricos que apenas pecou pelo seu francês peculiar.

A Marguerite de Marina Rebeka esteve fantástica (mais consistente que Beczala), exibindo uma voz cheia e de agudos fáceis, destacando eu a interpretação do “Il ne revient pas” do IV ato.

O Mefistófeles de Luca Pisaroni esteve um pouco abaixo vocalmente se comparado com Beczala ou Rebeka, apresentando alguma dificuldade no registo agudo e, apesar de cenicamente ter estado bem, não conseguiu ser muito diabólico.

O Valentin de Stéphane Degout foi magnífico e, no meu entender, o melhor da récita pela qualidade vocal (excelente em toda a tessitura) e intensidade dramática. Um barítono de invulgar qualidade.

O Siebel de Serena Malfi foi de grande qualidade, apesar de ter tido um ou outro agudo mais estridente.


Valeu, pois, bem a pena a deslocação à capital espanhola e ao Teatro Real.

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(Review in English)

I attended the opera Faust which is the production that pretend to open the Madrid’s opera season in a glamorous way. Charles Gounod premiered the opera in 1859 with a libretto by Jules Barbier and Michel Carré based on the play Faust et Marguerite inspired by Goethe’s Faust.

This opera has been less frequently performed than in the years following the premiere, probably because of a drama and text that are somewhat inconsistent, despite the unquestionable musical quality.

The production brought to Teatro Real is Álex Ollé’s Faust premiered in 2014 at Amsterdam. It is a visually very intense production, intending to modernize the opera without detracting from the original scenic indications. Ollé’s production brings the action to our century and to a laboratory that works on the "Homunculus Project". Using a showy clothing, an intense palette of lights, different panels permanently in transformation, the proposed staging allows the unfolding of the action in a fluid way and try to caricature some social stereotypes. Despite it’s not a genial production, the alternative reading proposed worth to be explored.

The Orchestra sounded luxuriously under the direction of Dan Ettinger who sinned punctually due to excessive rhythm and volume. The Choir was immaculate, offering moments of great quality.

The main figure of the season is Piotr Beczala who was a passionate, dramatically convincing Faust, with a very powerful voice of stratospheric highs that only sinned for his peculiar French.

Marina Rebeka's Marguerite was fantastic (more consistent than Beczala). She has a beautiful voice and terrific high notes, and I highlight the interpretation of "Il ne revient pas" from IV act as her best moment.

The Mephistopheles of Luca Pisaroni was, if compared to Beczala or Rebeka, vocally not so convincing, presenting some difficulty in the acute register and, although he had been well cenically, he was not so diabolical as I would expect.

Stéphane Degout's Valentin was magnificent and, in my opinion, the best performer of the cast for vocal quality (excellent throughout the whole tessitura) and dramatic intensity. A baritone of unusual quality.

Serena Malfi's Siebel was of high quality, despite some harsh high notes.

This Faust worth well the trip to the Spanish capital and to Teatro Real.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

DER FREISCHÜTZ, Wiener Staatsoper / Ópera de Viena, June / Junho 2018



(review in English below)

Este Der Freischütz era um dos grandes imperdíveis da temporada e revelou-se... um imperdível! Que grande produção! A melhor das 5 que já vi até hoje, desta ópera tão injustamente deixada de lado dos grandes palcos... a do Scala de Outubro é empurrada para um canto quando comparada com esta.



Confesso contudo que não atingi ainda a concepção da encenadora - Max é exposto como um maestro, as balas são pautas de música pretas em oposição às “normais” que Max vai constantemente tendo presente; mas depois também há a clássica espingarda e as supostas balas da espingarda são atiradas contra as pautas negras. A maturar e a ler sobre isto nos dias próximos. Mas tudo o que vai surgindo tem bom gosto e preenche bem o palco. Direção (de Tomás Netopil) e orquestra imaculadas e com uma potência sonora e dramática descomunal! O Andreas Schager (Max) onde toca faz tudo bem! A sua grande projeção vocal e a sua voz polida devia conseguir-se ouvir fora do teatro! E cenicamente afirmativo e seguro, tanto nas partes cantadas como faladas!






E a Camilla Nylund (Agathe), uau! Que voz celestial, dinâmica ímpar, actriz exímia!





Alan Held (Caspar) está velho, para mim (e para ele, claro) está 10 anos mais velho - última vez que o vi foi em Barcelona em 2008 como Wotan na última Valquíria que vi com o Domingo, Meier e Pape; esteve muito bem no papel de Kaspar. Daniella Fally (Ännchen), Adrien Erod (Samiel) e o Albert Dohmen (Ermit) estiveram em grande nível nos papéis secundários.








Grande noite! Depois da nova grande produção do Parsifal no ano passado, este ano este Der Freischutz... acho que Viena está a conseguir fazer um upgrade mais do que decente das suas encenações. Agora é esperar que se repitam e avaliar se os elencos tem potencial ou não. Este Der Freischutz repete em Setembro mas, a avaliar pelo elenco, abaixo da qualidade do de hoje.






Texto de wagner_fanatic


DER FREISCHÜTZ, Wiener Staatsoper, June 2018

This Der Freischütz was one of the great must-sees of the season and proved ... a must-see! What a great production! The best of the five I've seen to date, this opera so unfairly left aside from the big stages ... the Scala production in October is pushed to a corner when compared to this.
I confess, however, that I have not yet reached the conception of the director - Max is exposed as a conductor, bullets are black music scores as opposed to the "normal" that Max constantly keeps in mind; but then there is also the classic shotgun and the alleged shotgun bullets are tossed against the black music scores. I need to mature and read about it in the days ahead. But everything that comes up is fine and fills the stage well. Musical direction (by Tomás Netopil) and orchestra were immaculate and with a tremendous sonorous and dramatic power! Andreas Schager (Max) where he touches makes it perfect! His great vocal projection and clear voice should be heard outside the theater! And he's supremely affirmative and secure, both in the sung and spoken parts!
And Camilla Nylund (Agathe), wow! What a heavenly voice, an unparalleled dynamic, an exalted actress!
Alan Held (Caspar) is old, for me (and for him of course) is 10 years older - last time I saw him was in Barcelona in 2008 as Wotan in the last Valkyrie I saw with Domingo, Meier and Pape; he was very well in the role of Caspar. Daniella Fally (Ännchen), Adrien Erod (Samiel) and Albert Dohmen (Ermit) were at high level in the secondary roles.

Big night! After the great new production of Parsifal last year, this year this Der Freischutz ... I think Vienna is able to upgrade its productions in a more than decent way. Now we wait for them to repeat the productions and to evaluate whether the casts have potential or not. This Der Freischutz repeats in September but, by the announced cast, probably with a lower quality than tonight.

Text by wagner_fanatic

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

FALSTAFF – Staatsoper unter den Linden, Berlim, Abril 2018 / Berlin, April 2018




(review in English below)

Falstaff de G. Verdi esteve em cena na Staatsoper unter den Linden de Berlim, numa encenação de Mario Martone.



A ópera foi brutalíssima!!! Uma encenação que lhe chamaria mais “adaptada aos tempos modernos” do que propriamente “moderna”. Falstaff é um habitante de bairro social, calça de ganga e t-shirt e a taberna é transformada na rua do bairro social, com paredes cheias de graffitis, aspecto velho dos prédios... o contraste da casa de Alice é uma mansão da qual só chegamos a ver o jardim com uma piscina e relvado. A cena final é no meio de uma espécie de centro comercial abandonado com duas escadas rolantes em cada lateral.

Após combinar as coisas com Ford, e a passagem deste É sogno? O realtà? Falstaff vem vestido com uma camisa magenta brilhante, blazer azul e chapéu fazendo parecer um bocado aciganado. A Mrs. Quickly quando lhe vai dar a informação de que Alice o espera entre as 2 e as 3, sai do cenário numa mota a sério :)

Os pormenores cénicos são fantásticos e os cantores simplesmente magníficos não só nas vozes mas também como actores altamente credíveis. Tudo pareceu natural e eficaz, fluente sem excessos ou ausências. Que trabalho espectacular! Só visto! A concepção da ópera é simplesmente genial. Não é a ária “x” ou a ária “y” mas sim “o Falstaff” no seu todo. É versão Cavaleiro da Rosa verdiana :) mas com muito mais piada. Acredito que não deve ter havido nos últimos tempos encenação tão bem feita para esta ópera.

Dirigiu a Orquestra Staatskapelle Berlin o maestro Daniel Baremboim.




Os solistas foram Michael Volle (Sir John Falstaff),







Simone Piazzola (Ford),



Francesco Demuro (Fenton),



Barbara Frittoli (Mrs. Alice Ford),




Nadine Sierra (Nannetta) e




Daniela Barcellona (Mrs. Quickly).

Todos descomunais e a Orquestra belíssima, com uma celestilialidade nas passagens em que só temos as cordas, absolutamente arrepiante. A direcção do Barenboim excelente, pace ideal, intensidade e precisão irrepreensíveis.





Texto de wagner_fanatic.



FALSTAFF - Staatsoper unter den Linden, Berlin, April 2018

G. Verdi's Falstaff was on stage at Berlin's Staatsoper unter den Linden, staged by Mario Martone.

The opera was brutal!!! A staging that I would call it more "adapted to modern times" than properly "modern". Falstaff is an inhabitant of a social neighborhood, on jeans and t-shirt, and the tavern is transformed into the street of the social district, with walls full of graffiti, the old look of the buildings ... in contrast, Alice's house is a mansion of which we only got to see the garden with a swimming pool and lawn. The final scene is in the middle of a kind of abandoned shopping center with two escalators on each side.

After combining things with Ford, and the passage of this É sogno? O realtà? Falstaff comes dressed in a bright magenta shirt, blue blazer and hat making him look a bit gypsy. Mrs. Quickly when gives him the information that Alice is waiting for him between 2 and 3 o’clock, she gets out of the stage on a real motorcycle :)

The scenic details are fantastic and the singers simply magnificent not only in voices but also as highly credible actors. Everything seemed natural and effective, fluent without excesses or absences. What a spectacular job! Just seen! The design of the opera is simply brilliant. It is not the aria "x" or the aria "y" but "the Falstaff" as a whole. It is Verdi's version of the Rosencavalier :) but much more fun. I believe that there should not have been in recent times such well-done staging for this opera.

The Staatskapelle Berlin Orchestra was directed by Daniel Baremboim. The soloists included Michael Volle (Sir John Falstaff), Simone Piazzola (Ford), Francesco Demuro (Fenton), Maria Agresta (Mrs. Alice Ford), Nadine Sierra (Nannetta) and Daniela Barcellona (Mrs. Quickly).

All of them huge and the Orchestra was beautiful, with a heavenly touch in the parts where we only have the strings, absolutely chilling. Barenboim's excellent direction, ideal pace, intensity and precision were impeccable.

Text by wagner_fanatic.