quarta-feira, 11 de julho de 2018

LUCIA DI LAMMERMOOR, METropolitan Opera, New York, Maio / May 2018


(review in English below)

A encenação da ópera Lucia di Lammermoor em cena na Met Opera é da autoria de Mary Zimmerman e, numa abordagem convencional, é muito agradável e bem conseguida. 






A encenadora escolheu ambientes soturnos, bem adaptados à história e opta pela presença do fantasma, o que torna tudo mais evidente. Já foi comentada neste blogue aqui e aqui.



A obra “belcantista” é um dos expoentes máximos do romantismo operático italiano, contém trechos notáveis e, se bem interpretada (exige um soprano e um tenor de superior qualidade), proporciona um espectáculo emocionante. A coloratura é usada em todo o seu esplendor na transmissão dos estados de alma da protagonista e alguns instrumentos, como a harpa e a flauta, também evocam a sua nostalgia e dor. Toda a ópera está recheada de trechos musicais marcantes, merecendo relevo, entre outros, o dueto entre Lucia e Edgardo no final do 1º Acto Verranno a te sull’aure, o sexteto do final do 2º Acto Chi mi frena, a famosíssima e longa cena da loucura de Lucia no 3º Acto Il dolce suono e o recitativo e ária final de Edgardo Tu che a Dio spiegasti. Um deleite para os apreciadores do estilo, entre os quais me incluo.

O maestro Roberto Abbado ofereceu-nos uma óptima interpretação da música de Donizetti e mostrou grande respeito pelos cantores, o que ajudou muito à qualidade do espectáculo.



A protagonista foi interpretada pela soprano sul-afircana Pretty Yende. Um colosso! É uma cantora que muito admiro e interpreta de forma soberba os papéis de belcanto. A Lucia é um dos mais difíceis e exuberantes e foi magnificamente interpretada pela Yende. Tem o pacote completo: excelente figura, grande agilidade em palco e uma voz invulgarmente bela, com agudos estratosféricos, seguros, sempre perfeitamente audíveis e sem quebrar minimamente a qualidade de topo. A coloratura é fantástica. É mais uma grande cantora a juntar-se ao rol daquelas que muito me marcaram nas suas interpretações, algumas aqui referidas.



O Edgardo do tenor norte-americano Michael Fabiano foi também de excelente qualidade e não destoou ao lado da Yende. Cenicamente foi mais estático, mas na interpretação vocal foi também muito bom e teve uma interpretação em crescendo, reservando o canto mais lírico para as intervenções finais na ópera, já depois da morte da Lucia.





O barítono norte-americano Quinn Kelsey foi um Enrico vilão como se pretende e esteve em grande forma. Em cena foi irrepreensível e cantou sempre muito bem, voz segura, de grande volume e timbre muito agradável.



O baixo russo Alexander Vinogradov completou o leque de artistas de topo na interpretação do Raymondo. É outro cantor com uma excelente figura, ágil em cena e de voz potente e bonita, com um registo grave impressionante.



Nos papéis secundários, Edyta Kulczac foi uma Alisa competente, Mario Chang um Arturo eficaz e Ronald Naldi (uma substituição de última hora) foi o elo mais fraco como Normanno.







No belcanto, a Lucia di Lammermoor é uma das óperas que mais gosto e esta foi mais uma récita que ficará na minha memória como um grande espectáculo de ópera.

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LUCIA DI LAMMERMOOR, METropolitan Opera, New York, May 2018

The staging of the opera Lucia di Lammermoor on stage at the Met Opera is by Mary Zimmerman and, in a conventional approach, is very enjoyable. The director chose dark environments, well adapted to the story and opted for the presence of the ghost, which makes everything more evident. It has already been commented on in this blog here and here.

This belcanto opera is one of the maximum exponents of the Italian operatic romanticism, it contains remarkable parts and, if well interpreted (it demands a soprano and a tenor of top quality), provides an exciting spectacle. The coloratura is used in all its splendor in the transmission of the states of soul of the protagonist and some instruments, like the harp and the flute, also evoke her nostalgia and pain. The whole opera is full of remarkable musical pieces, including the duet between Lucia and Edgardo at the end of the 1st Act Verranno a te sull’aure,, the sextet of the end of the 2nd Act Chi mi frena, the famous and long scene of the madness of Lucia in the 3rd Act Il dolce suono and the final recitative and aria of Edgardo Tu che a Dio spiegasti. A sweet for style lovers, including myself.

Conductor Roberto Abbado offered us a great interpretation of the music of Donizetti and showed great respect for the singers, which helped a lot to the quality of the performance.

The protagonist was interpreted by the south-afircan soprano Pretty Yende. A colossus! She is a singer who I very much admire and she interprets in a superb way the belanto role. Lucia is one of the most difficult and exuberant and has been magnificently interpreted by Yende. She has the complete package: excellent figure, great agility on stage and an unusually beautiful voice, with stratospheric top notes, always perfectly audible and without breaking minimally the top quality. The coloratura is fantastic. She is another great singer to join the list of those that have marked me in her interpretations, some of them mentioned in this blog.

Edgardo by American tenor Michael Fabiano was also of excellent quality and did not contrast next to Yende. On stage he was more static, but in the vocal interpretation was also very good and had an interpretation in crescendo, reserving the most lyrical singing for the final interventions in the opera, already after the death of Lucia.

American baritone Quinn Kelsey was the villain Enrico as expected and had a great performance. On stage he was impeccable and always sang very well, strong voice, great volume and very pleasant timbre.

Russian bass Alexander Vinogradov completed the range of top artists in the role of Raymondo. He is another singer with an excellent figure, agile on the scene and with a powerful and beautiful voice, with an impressive low record.

In secondary roles, Edyta Kulczac was a competent Alisa, Mario Chang an effective Arturo and Ronald Naldi (a last-minute replacement) was the weakest link as Normanno.

In belcanto, Lucia di Lammermoor is one of the operas that I like best and this was another night that will be in my memory like a great opera performance.

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