sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

THAÏS, METropolitan Opera, Nova Iorque / New York, Novembro / November 2017

(review in English below)

A opera Thaïs de Jules Massenet foi apresentada na Metropolitan Opera numa encenação de John Cox. Os vestidos da Thais foram desenhados pelo estilista Christian Lacroix.

A história passa-se em Alexandria e no deserto que a envolve, no Séc IV e retrata o confronto ente a paixão humana e o fervor religioso.
Thaïs é uma cortesã que vive luxuosamente em Alexandria à custa de homens ricos. Athanael é um monge que na juventude foi seduzido pela Thaïs mas está decidido em convencê-la a mudar de vida e comportar-se como uma cristã. Procura-a na casa do seu amigo de infância Nicias, actualmente um homem muito rico que a sustenta e é seu amante. Depois de alguma resistência e humilhação, ela acaba por decidir partir com o Athanael, incendiando a sua casa e destruindo tudo o que nela guardava.
Após uma passagem difícil pelo deserto chegam a um convento, onde ela ficará definitivamente enclausurada. O Athanael não a consegue esquecer e, meses depois, tem um sonho erótico e ouve vozes dizendo-lhe que a Thaïs vai morrer. Resolve ir ao convento resgatá-la, mas chega tarde. As freiras consideram-na uma santa pelo seu comportamento virtuoso e puro. Ela morre com uma visão dos anjos.



A encenação é convencional e bonita, com um bom contraste entre as paisagens despidas do deserto e o ambiente luxuoso onde a Thaïs vive no início. A música é agradável e contém trechos muito interessantes mas, para mim, o momento superlativo da ópera é o interlúdio musical entre as duas cenas do segundo acto, com um solo de violino de uma beleza arrepiante, acompanhado discretamente pela harpa, outros instrumentos e o Coro em pianíssimo. No 3º acto o tema regressa várias vezes. Vale a ópera e foi magnificamente interpretado pelo violinista David Chan.



O maestro francês Emmanuel Villaume também esteve ao mais alto nível, tal como a magnífica Orquestra da casa.



A soprano norte-americana Ailyn Pérez fez uma Thaïs sedutora no início e determinada em mudar de vida no final. Tem uma voz cheia, agudos fáceis e afinados e foi sempre bem audível. Na ária Dis-moi que je suis belle foi marcante mas foi no final que a interpretação atingiu o auge.



O tenor francês Jean-François Borras tem uma voz bonita e fez um Nicias cenicamente banal, algo monocórdico e ocasionalmente afogado pela orquestra.



Também o barítono canadiano Gerald Finley não foi um Athanael de qualidade. Tem uma voz muito agradável, mas também se ouviu mal em diversas partes. O papel é grande e exigente mas, para um cantor desta craveira, esperava melhor.


Já o baixo barítono Bradley Garvin que substituiu Finley na 2ª récita que vi foi excelente tanto na interpretação cénica como vocal do Athanael. A voz é muito ampla, sempre bem colocada, timbre bonito e expressividade marcante.



Deixaram muito boa impressão a mezzo Sara Gouden como Madre Albine e o baixo-barítono David Pittsinger como Palémon.











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THAÏS, METropolitan Opera, New York, November 2017

Jules Massenet's opera Thaïs was performed at the Metropolitan Opera in New York in a performance directed by John Cox. Thais' dresses were designed by fashion designer Christian Lacroix.

The story takes place in Alexandria and in the desert that surrounds it, in the fourth century, and it portrays the confront of human passion and religious fervor.
Thaïs is a courtesan luxuriously living in Alexandria at the expense of wealthy men. Athanael is a monk who in his youth was seduced by Thaïs but is determined to convince her to change her lifestyle and behave like a Christian. He looked for her at the home of his childhood friend Nicias, now a very wealthy man who supports Thaïs and is his lover. After some resistance and humiliation, she decides to leave with Athanael, setting fire to her house and destroying everything in it.
After a difficult passage through the desert they arrive at a convent, where she will be definitively enclosed. Athanael cannot forget her, and months later he has an erotic dream and hears voices telling her that Thaïs is going to die. He decides to go to the convent to rescue her, but it is too late. The nuns consider her a saint for her virtuous and pure behaviour. She dies with a vision of the angels.

The staging is conventional and beautiful, with a good contrast between the bare desert landscapes and the luxurious surroundings where Thaïs lives at the beginning. The music is pleasant and contains very interesting passages but, for me, the superlative moment of the opera is the musical interlude between the two scenes of the second act, with violin solo of a chilling beauty, Meditation, discreetly accompanied by the harp, other instruments and the Chorus in pianissimo. In the 3rd act the theme returns several times. By itself, it worth the opera and was magnificently played by the violinist David Chan.

The French conductor Emmanuel Villaume was also at the highest level, just like the magnificent Orchestra of the house.

American soprano Ailyn Pérez was a seductive Thaïs at the beginning and determined to change her life in the end. She has a full voice, easy tuned top notes and always well audible. In the aria Dis-moi que je suis belle she was remarkable but it was in the end that the interpretation reached its peak.

French tenor Jean-François Borras has a beautiful voice and made trivial Nicias, somehow monotonous and occasionally drowned by the orchestra.

Also the Canadian baritone Gerald Finley was not a top quality Athanael. He has a very pleasant voice, but he has also been heard badly in several moments. The character is big and demanding but, for a singer of his quality, I was expecting better.

In contrast, bass baritone Bradley Garvin who replaced Finley in the 2nd recital I attended was excellent both in the scenic and vocal performance of Athanael. The voice is very wide, always well tuned, beautiful timbre and striking expressiveness.

Mezzo Sara Gouden as Mother Albine and bass-baritone David Pittsinger as Palémon left a very good impression in their small roles.


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