A ópera de M Ravel L’Enfant et les Sortilèges
está em cena no Teatro Nacional de São
Carlos, numa encenação de James
Bonas com desenho de luz de Rui
Monteiro e movimentos coreográficos de Cydney
Uffindell-Philips.
É uma fábula em
que uma criança rebelde e que não quer estudar é deixada sozinha de castigo no
quarto pela mãe. Destrói e maltrata os objetos que a rodeiam, incluindo o
relógio de pé alto, a chávena chinesa, a cadeira Luís XV, o bule, o cadeirão e
vários animais. Estes adquirem vida e reagem contra a criança que é
transportada para o jardim, onde percebe que o amor existe entre todos. Quando
um esquilo é ferido, trata-o e fica exausta no chão. Os animais comovem-se com
a atitude da criança e levam-na de regresso a casa. A ópera termina com a
criança a chamar pela mãe.
(Fotografia / Photo: Jorge Carmona, Antena 2)
Dirigiu com
classe a Orquestra Sinfónica Portuguesa
a maestrina Joana Carneiro.
Li que houve
dificuldades de “ultima hora” na encenação e que não foi possível apresentar a
animação que o encenador concebeu no ano anterior para a produção da ópera em
Lyon. A orquestra estava colocada sobre o palco, o que me deixou apreensivo
logo à partida porque recordei a abordagem idêntica na ópera Turandot no
Coliseu (que abriu a temporada) o que só prejudicou o espetáculo.
(Fotografia / Photo: Jorge Carmona, Antena 2)
Felizmente, desta
vez foi melhor porque a música é muito diversificada e agradável e ver a
orquestra (e a direcção de Joana Carneiro) foi uma mais valia. Também porque os
cantores foram aparecendo em vários locais do teatro, muito próximos do
público, numa abordagem cénica interessante. A participação do Coro Juvenil de Lisboa foi boa e o Coro do Teatro de São Carlos também
cumpriu sem destoar.
(Fotografia / Photo: Jorge Carmona, Antena 2)
O melhor foram os
cantores solistas. Todos jovens portugueses, com vozes e interpretações de bom
nível. É pena que não apareçam mais vezes em São Carlos noutras produções
operáticas. Podemos apreciar a mezzo Raquel
Luís, as sopranos Bárbara Barradas,
Carolina Figueiredo, Sónia Alcobaça, Carla Caramujo e Ana Franco,
o tenor João Pedro Cabral e os
barítonos Tiago Matos e Ricardo Panela, a maioria deles
encarnando várias personagens.
(Fotografia / Photo: Jorge Carmona, Antena 2)
Não vou fazer uma
apreciação de cada um, mas não posso deixar de salientar a excelente
interpretação de Ricardo Panela que
tem uma voz de grande beleza tímbrica, para mim o melhor da récita e que
mereceria ser mais vezes trazido ao nosso teatro de ópera, noutros papéis mais
relevantes.
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L'ENFANT
ET LES SORTILÈGES, Teatro de São Carlos, Lisbon, December 2017
M Ravel's opera L'Enfant et les Sortilèges is on stage at the Teatro Nacional de São Carlos, Lisbon, in a staging by James Bonas with Rui Monteiro's light drawing and choreographic movements by Cydney Uffindell-Philips.
It is a fable in which a rebellious child who does not want to study is punished left alone in his room by the mother. He destroys and mistreats the objects around him, including the high-top watch, the Chinese cup, the Louis XV chair, the teapot, the high chair and various animals. These acquire life and react against the child who is transported to the garden, where he realizes that love exists among all. When a squirrel is injured, he treats it and gets exhausted on the ground. The animals are moved by the attitude of the child and take him back home. The opera ends with the child calling for his mother.
Joana Carneiro conducted with class the Portuguese Symphony Orchestra.
M Ravel's opera L'Enfant et les Sortilèges is on stage at the Teatro Nacional de São Carlos, Lisbon, in a staging by James Bonas with Rui Monteiro's light drawing and choreographic movements by Cydney Uffindell-Philips.
It is a fable in which a rebellious child who does not want to study is punished left alone in his room by the mother. He destroys and mistreats the objects around him, including the high-top watch, the Chinese cup, the Louis XV chair, the teapot, the high chair and various animals. These acquire life and react against the child who is transported to the garden, where he realizes that love exists among all. When a squirrel is injured, he treats it and gets exhausted on the ground. The animals are moved by the attitude of the child and take him back home. The opera ends with the child calling for his mother.
Joana Carneiro conducted with class the Portuguese Symphony Orchestra.
I read that there were difficulties of "last minute" in the staging and that it was not possible to present the animation that the director conceived the previous year for the production of this opera in Lyon. The orchestra was placed on the stage, which made me apprehensive at the beginning because I remembered the identical approach in the opera Turandot at the Coliseum (which opened the season in Lisbon) which only harmed the performance.
Luckily, this time was better because the music is very diverse and enjoyable and seeing the orchestra (and the direction of Joana Carneiro) was an added value. Also because the singers were appearing in several places of the theater, very close to the public, in an interesting scenic approach. The participation of the Lisbon Youth Choir was good and the São Carlos Theater Choir was also OK.
The best were the soloist singers. All young Portuguese, with good voices and performances. It is unfortunate that they do not appear more often in São Carlos Theater in other operatic productions. We could appreciate mezzo Raquel Luís, sopranos Bárbara Barradas, Carolina Figueiredo, Sónia Alcobaça, Carla Caramujo and Ana Franco, tenor João Pedro Cabral and baritones Tiago Matos and Ricardo Panela, most of them interpreting several characters.
I will not make an appreciation of each one, but I have to emphasize the excellent performance of Ricardo Panela, whose voice has a beautiful timbre, for me the best of the performance, and that deserves to be more often brought to our opera house, in other most relevant roles.
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