segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

MADAMA BUTTERFLY, METropolitan Opera, Nova Iorque / New York, Novembro / November 2017


(review in English below)


Mais uma vez tive possibilidade de assistir à Madama Butterfly de Puccini na encenação de Anthony Minghella, originária da English National Opera, mas que é periodicamente posta em cena na Metropolitan Opera. Também esta ópera e, especificamente, esta produção já foram anteriormente comentadas neste blogue.



Contudo, não posso deixar de referir que é, para mim, uma das encenações mais bonitas e espectaculares que alguma vez vi na ópera. Não me canso de a admirar e acho que Minghella teve um rasgo de génio quando a concebeu. O palco está vazio e quase tudo é conseguido com o efeito de luzes, biombos, lanternas japonesas e pouco mais. O guarda roupa de Han Feng é também fabuloso e, claro, a utilização de marionetas japonesas Bunraku, como o filho da Cio Cio San, completam a magia em palco.



A música é de uma beleza invulgar e de profunda intensidade dramática à medida que se vai traçando o destino da Cio Cio San, a mais sofrida e desprotegida de todas as heroínas puccinianas. Nesta encenação insuperável, a obra atinge um patamar inultrapassável em espectáculos de ópera – a perfeição!

(fotografia / photo Metropolitan Opera)

Quanto aos artistas, dirigiu superiormente a excelente orquestra da Met Opera o maestro italiano Jader Bignamini. O coro foi também fantástico nas discretas intervenções, particularmente na intervenção sussurrada no 2º acto.

(fotografia / photo Metropolitan Opera)

(fotografia / photo Metropolitan Opera)

A soprano chinesa Hui He, que já tinha visto cantar a Butterfly anteriormente, ofereceu-nos uma interpretação de qualidade superior, tanto cénica como vocal. Este é, de longe, o papel mais importante e difícil da ópera porque está quase sempre em cena e atravessa uma grande diversidade de emoções. Tem uma voz respeitável, sempre audível sobre a orquestra, com agudos francos mas não gritados. Foi doce e sensual no início evoluindo para decidida e obstinada no 2º acto até ao desespero total, resignação e autodestruição no final.

(fotografia / photo Metropolitan Opera)

O tenor italiano Roberto Aronica fez um Pinkerton muito elegante na interpretação. Boa movimentação cénica e cantou sempre muito afinado e empenhado. No dueto de amor no final do primeiro acto esteve irrepreensível e ajudou muito à magia do momento.

(fotografia / photo Metropolitan Opera)

A mezzo norte-americana Maria Zifchak há anos que interpreta a Suzuki e fá-lo com grande qualidade. É muito convincente em cena e tem uma voz de grande qualidade que projecta com eficácia e grande controlo.



O barítono sérvio David Bizic foi um Sharpless inquieto e impotente, de voz bonita e sempre bem audível. Tiveram também interpretações de qualidade Tony Stevenson como Goro e Avery Amerceau como Kate Pinkerton, e foi aceitável o desempenho de  Kidon Choi como príncipe Yamadori.





Um espectáculo absolutamente deslumbrante e inesquecível!

*****


MADAMA BUTTERFLY, METropolitan Opera, New York, November 2017

Once again, I was able to watch Puccini's Madama Butterfly in the production of Anthony Minghella, originally from the English National Opera, but that is periodically put on stage at the Metropolitan Opera in New York. Also this opera and, specifically, this production were previously commented in this blog.

However, I cannot fail to mention that this is, for me, one of the most beautiful and spectacular productions I have ever seen in opera. I never tire of admiring it, and I think Minghella had a genius inspiration when he conceived it. The stage is empty and almost everything is achieved with the effect of lights, screens, Japanese lanterns and little else. The costumes of Han Feng are also fabulous and of course the use of Bunraku Japanese puppets, like the son of Cio Cio San, complete the magic on stage.

The music is of an unusual beauty and of deep dramatic intensity as the destiny of Cio Cio San, the most suffering and unprotected of all the Puccinian heroines, is traced. In this unique staging, the work reaches an unsurpassed level in opera performances - perfection!

As for the artists, Italian maestro Jader Bignamini directed the excellent orchestra of Met Opera. The Chorus was also fantastic in the discreet interventions, particularly in the whispered intervention in the 2nd act.

Chinese soprano Hui He, who I had previously seen singing Butterfly, offered us a superior performance, both scenic and vocal. This is by far the most important and difficult role of the opera because she is almost always on stage and goes through a great diversity of emotions. She has a respectable voice, always audible over the orchestra, with frank but not shrill top notes. She was sweet and sensual in the beginning evolving to decided and stubborn in the 2nd act until in total despair, resignation and self-destruction in the end.

Italian tenor Roberto Aronica was a very elegant Pinkerton in the interpretation. Good scenic drive and always sang very attuned and committed. In the duet of love at the end of the first act was impeccable and helped much to the magic of the moment.

American mezzo Maria Zifchak has for years interpreted Suzuki and does it with great quality. She is very convincing on the scene and has a great voice that projects with efficiency and great control.

Serbian baritone David Bizic was a restless and impotent Sharpless, with a beautiful always well audible voice. Also with high quality interpretations were Tony Stevenson as Goro and Avery Amerceau as Kate Pinkerton, and an acceptable performance of Kidon Choi as Prince Yamadori.

An absolutely stunning and unforgettable opera production!


*****

Sem comentários:

Enviar um comentário