(Text in English below)
Assisti à última récita da ópera Rigoletto de Giuseppe Verdi com a produção que a ROH estreou 2001 de David McVicar.
A encenação de McVicar já aqui foi comentada pelo Fanático Um numa récita de 2012.
Diria que o 1.º acto, transportando-nos para uma total orgia, distrai-nos exageradamente da música. Se é verdade que se tratava de uma festa orgiástica, o facto de nos expor deliberadamente (e em vários planos) a cenas de nudez e sexo explícito hetero e homossexual em simultâneo pode tornar-se para alguns espectadores desconfortável, o que, no meu ver, é desnecessário. Acresce que os figurantes se movimentam em palco ruidosamente e aos gritos histéricos... Em todo o caso, é realista.
(orgia do Acto I)
Depois, toda a acção se desenrola em torno de um plano inclinado rotativo que permite tornar vivas as restantes cenas, e fá-lo de um modo sublime e com um jogo de luzes muito bem conseguido, pois transmite muito bem a tensão e o sombrio desta ópera. O guarda-roupa é extraordinário e a direcção de actores muito eficaz. Trata-se, pois, de uma excelente encenação.
(visão geral do cenário rotativo)
Simon Kneelyside foi Rigoletto. A sua presença em palco foi excepcional, encarnando um corcunda rude, altivo e vingativo. A sua voz tem um timbre óptimo para o papel e uma excelente amplitude e projecção, pelo que se faz ouvir facilmente em qualquer plano da sala. O seu Cortigiani, vil razia dannata foi excelente. Tem uma prestação exemplar e é, pois, um Rigoletto desejável em qualquer sala.
Saimir Pirgu foi o Duque de Mantua. Tem uma voz com um timbre muito bonito que projecta bem e com modulações fáceis. Esteve muito bem nas árias mais famosas como Ella mi fu rapita! ou La donna è mobile. Além disso, a sua boa figura e idade jovem, fazem dele um dos mais convincentes Duques da actualidade.
Aleksandra Kurzak foi Gilda. Óptima voz de uma limpidez cristalina, boa projecção e segurança técnica, Kurzak brilhou como Gilda e fez levitar as notas de Verdi. Só se lhe podendo apontar uma falha mínima e muito bem disfarçada numa das notas altas do seu Gualtier Malde!, esteve sublime em toda a récita e o seu final no último acto foi arrepiante.
Destaque ainda para a Maddalena de Justina Gringyte que esteve em bom plano vocal e cénico e, sobretudo, para o Sparafucile de Brinkley Sherratt que teve uma performance de nível muito elevado.
A orquestra da ROH foi muito bem dirigida por Paul Griffiths, não destoando minimamente do nível elevado da récita e o Coro da ROH teve, igualmente, um bom desempenho.
(Simon Kneelyside)
(Saimir Pirgu)
(Aleksandra Kurzak)
Foi, de facto, uma récita memorável com uma qualidade de topo num dos melhores e mais belos locais para se ver ópera: a Royal Opera House de Londres.
Fica um vídeo dos aplausos no final.
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(Text in English)
I attended the last recitation of Giuseppe Verdi's Rigoletto with David McVicar production ROH premiered in 2001.
The McVicar scenario has already been commented on by Fanatic One in a 2012 recital.
I would say that the 1st act, transporting us to a complete orgy, distracts us overly music. If it is true that it was an orgiastic party, the fact that deliberately expose ourselves (and in several scene planes) to nudity and explicit heterosexual and homosexual sex at the same time can become uncomfortable for some spectators, which, in my view, is unnecessary. Moreover, the extras move on stage loud and hysterical screaming ... In any case, it is realistic.
Then, all the action takes place around a rotating inclined plane that allows make alive the remaining scenes, and it does so in a sublime way and with a very successful set of lights , that transmits very well the tension and the darkness of this opera. The wardrobe is extraordinary and the direction of actors very effective. It is therefore an excellent staging.
Simon Kneelyside was Rigoletto. His stage presence was exceptional, embodying a rude , proud and vengeful hump. His voice has a wonderful tone for the role and excellent amplitude and projection, so it is easily listen in any room of the hall. His Cortigiani, vil razza dannata was excellent. Has an exemplary performance and is therefore a desirable Rigoletto in any opera hall.
Saimir Pirgu was the Duke of Mantua. He has a voice with a beautiful tone that projects well and easily modulates. He did it very well in the most famous arias as Ella mi fu rapita! or La donna e mobile. In addition, his good figure and young age make him one of the most convincing Dukes of today.
Aleksandra Kurzak was Gilda. She has a great voice of a crystalline clarity, good projection and is technically secure, Kurzak did shine as Gilda and made levitate the Verdi notes. It can only pointed minimal flaws namely a minimal and very well disguised fault in one of the highest notes of her Gualtier Malde! But she was sublime throughout the recital and the final in the last act was creepy.
Also noteworthy was the Maddalena by Justina Gringyte who was in good voice and scenic plan and, above all, to Sparafucile by Brinkley Sherratt who had a very high level of performance.
The orchestra ROH was very well led by Paul Griffiths, not clashing minimally the high level of recitation and the ROH Choir has also performed well.
It was indeed a memorable recital with top quality at one of the best and most beautiful places to see opera: Royal Opera House in London.
As produções da ROH são, habitualmente, assim - elencos distintos nos diferentes anos, mas sempre ao mais alto nível!
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