sexta-feira, 19 de junho de 2015

MANON, METropolitan Opera, Nova Iorque, Março / New York, March 2015

(review in English below) 

Manon de Jules Massenet é uma ópera baseada no romance de Antoine-François Prévost L´Histoire du Chevalier Des Grieux et de Manon Lescaut, novela que também serviu de base à ópera Manon Lescaut de Puccini. 

Manon, uma jovem que vai entrar para o convento, é desejada por Guillot de Morfontaine, um velho rico e devasso, mas é protegida das suas investidas pelo primo Lescaut. Guillot e De Brétigny estão acompanhados de 3 jovens cortesãs, Poussette, Javotte e Rousette. Manon admira as suas roupas e estilo de vida. Des Grieux conhece-a, apaixona-se e convence-a a ir viver com ele em Paris. Escreve uma carta ao pai a pedir autorização para casar com ela. Aparecem Lescaut e De Brétigny e este diz a Manon que o amante vai ser raptado a mando do pai e que, se ela quiser, poderá dar-lhe uma vida de luxo. Se o recusar, viverá pobre para sempre. Ela cede e Des Grieux é levado. Manon vive agora rodeada de dinheiro e luxo, como amante de De Brétigny, quando fica a saber pelo pai de Des Grieux que ele decidiu dedicar-se à vida religiosa depois do desgosto de amor. Vai procurá-lo a Saint Sulpice e, após confirmarem o amor que sentem um pelo outro, decidem fugir juntos. Na sua ânsia de vida luxuosa, convence Des Grieux a jogar com Guillot para ganhar mais dinheiro. Guillot perde, acusa Des Grieux de fazer batota, promete vingança e chama a polícia que prende Manon e lhe dá ordem de deportação para a Louisiana. Des Grieux, com a ajuda de Lescaut, consegue subornar os guardas e libertar Manon no porto de Havre. Ficam novamente juntos, reafirmam o seu amor, fazem planos para o futuro mas Manon, doente e exausta, não chega a ser deportada e morre nos braços de Des Grieux.



Nesta encenação de Laurent Pelly, simples e vazia, mas eficaz, a acção é trazida para o período da Belle Époque, cerca de século e meio após o romance ter sido escrito. No primeiro acto o cenário está encimado de casas em miniatura e uma escadaria que dá acesso à zona central do placo, sem adereços, onde grande parte da acção decorre. Na cena seguinte o quarto simples de Manon e Des Grieux está também colocado ao cimo de vários troços de escadas. Na primeira parte, Manon é uma jovem vestida de forma muito humilde e inocente. No 3º acto, nas margens do Sena, a encenação lembra um quadro de um pintor impressionista. Manon aparece na máxima exuberância (vestido, jóias e postura). Na cena seguinte, em Saint Sulpice, talvez a mais notável de toda a produção, dá-se o reencontro com Des Grieux, agora padre. Depois de uma rejeição inicial, Des Grieux não resiste e dá-se a reconciliação, deitando-se Manon na cama austera do amante e despindo-lhe o hábito. Segue-se a cena do jogo, onde apenas há as mesas como objectos no palco, com as interpretações vocais a superarem as cénicas, mas o glamour mantém-se. Finalmente, o último quadro, é um contraste total com os anteriores. Manon, desfigurada, é arrastada pelo chão, pontapeada e ultrajada pelos guardas. Apenas uns candeeiros sóbrios de rua estão no palco. Morre nos braços de Des Grieux.

A direcção musical foi do maestro Emmanuel Villaume.
Diana Damrau interpretou a Manon de forma marcante. A voz é segura, magnífica, bonita, com agudos aparentemente fáceis e de grande qualidade. Foi sempre bem audível, tanto quando cantou em forte como nos pianissimi. Cenicamente esteve ao mais alto nível, mas destaco a cena em Saint Sulpice e o último acto.




Des Grieux foi interpretado pelo Vittorio Grigolo, que já vira neste papel em Londres há uns anos. Hoje foi a melhor interpretação que assisti. A voz tem um timbre único, masculino, potente, e poderoso. Na aria Ah! Fuyez, douce image no 3º acto foi arrebatador, nos duetos com a Damrau esteve sempre ao mais alto nível e, sobretudo, em Saint Sulpice, (N'est-ce plus ma main) foi superlativo! Nos momentos finais da ópera, após a morte de Manon, o desespero final de Des Grieux foi outra nota interpretativa impressionante. Para além da componente vocal, Grigolo é jovem, tem uma figura excelente e mexe-se com muita agilidade, o que o torna muito credível em cena.




Nos papéis secundários Guillot de Morfontaine foi encarnado pelo barítono francês Christophe Mortagne que foi excelente em palco, com uma interpretação cómica bem conseguida, embora não tenha estado ao mais alto nível vocal.



O barítono Dwayne Croft interpretou o De Brétigni de forma regular,



Lescaut foi interpretado pelo barítono canadiano Russel Braun, 


e o Conde Des Grieux pelo baixo-barítono francês Nicolas Testé.



Finalmente as três”meninas”, Mirelle Asselin (Poussette), Cecelia Hall (Javotte) e Maya Lahyani (Rosette) cumpriram também sem destoar.

No computo final, um espectáculo do mais alto nível, sobretudo pelas interpretações de Vittorio Grigolo e Diana Damrau.
Infelizmente, foi uma das óperas onde as fotografias dos agradecimentos finais ficaram piores.






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MANON, Metropolitan Opera, New York, March 2015

Manon by Jules Massenet is an opera based on the novel by Antoine-François Prévost L'Histoire du Chevalier des Grieux et de Manon Lescaut, novel which also was the basis of Puccini’s opera Manon Lescaut.

Manon, a young woman who will enter the convent, is desired by Guillot de Morfontaine, an old rich and dissolute man, but is protected from his investees by her cousin Lescaut. Guillot and De Brétigny are accompanied by 3 young courtesans, Poussette, Javotte and Rousette. Manon admires their clothes and lifestyle. Des Grieux meets her, falls in love and convinces her to come live with him in Paris. He writes a letter to his father to ask permission to marry her. Lescaut and De Brétigny appear and tell Manon that her lover will be kidnapped by order of his father and that if she wants to, De Bértigny can give her a life of luxury. If she refuses, she will live in poverty forever. She agrees and Des Grieux is kidnapped. Manon now lives surrounded by money and luxury, as De Brétigny lover, when she learns from Des Grieux father that he decided to devote himself to religious life after the heartbreak of love. She decides to go to meet him in Saint Sulpice. After confirming their love for each other they decide to run away together. In its luxurious lifestyle she of convinces Des Grieux to play with Guillot to make more money. Guillot loses and accuses Des Grieux of cheating, promises revenge, and calls the police. Manon is arrested and is given deportation order for Louisiana. Des Grieux, with the help of Lescaut, can bribe the guards and free Manon at the port of Le Havre. Ther are back together, reaffirm their love, make plans for the future but Manon, sick and exhausted, dies in the arms of Des Grieux.

The staging of Laurent Pelly is simple and empty, but effective. The action is brought for the period of the Belle Epoque, about a century and a half after the novel was written. In the first act the scene is topped by miniature houses and a staircase leading to the central area of ​​the stage, where much of the action takes place. In the next scene the bedroom of Manon and Des Grieux is also placed at the top of several stairs. In the beginning, Manon is a young girl dressed in very humble and innocent way. In the 3rd act on the banks of the Seine, the scenario resembles a picture of an impressionist painter. Manon appears in maximum exuberance (dress, jewelry and posture). In the next scene, in Saint Sulpice, perhaps the most remarkable of all, the reunion with Des Grieux, now priest happens after an initial rejection reaction.
The following is the scene of the game, where there is only the tables as objects on stage, with the vocals to overcome the scenic, but the glamor remains. Finally, the last scene, is a total contrast to the previous. Manon, disfigured, is dragged across the floor, kicked and insulted by guards. Only a few sober street lamps are on stage. Manon dies in the arms of Des Grieux.

Musical direction was of conductor Emmanuel Villaume.

Diana Damrau was an impressive Manon. The voice is perfectly controlled, magnificent, beautiful, with seemingly easy treble always of high quality. She was always very audible, when both sang in forte as in pianissimi. Scenically she was always very good, but I highlight the scene in Saint Sulpice and the last act.

Des Grieux interpreted by Vittorio Grigolo, who I had seen on this role in London a few years ago. Today it was the best interpretation I saw by Grigolo. The voice has a unique timbre, masculine and powerful. In the aria Ah! Fuyez, douce image on the 3rd act he was rapturous, in duets with Damrau he was always at the highest level and, above all, in Saint Sulpice (N'est-ce plus ma main) he was superlative! In the final moments of the opera, after the death of Manon, Des Grieux final desperate was another impressive interpretative note. In addition to the vocal component, Grigolo is young, has a fine figure and moves with agility, which makes his character very credible on the scene.

In supporting roles Guillot of Morfontaine was interpreted by the French baritone Christophe Mortagne who was excellent on stage, with a very good comic performance, although he has not been at the highest vocal level.
Baritone Dwayne Croft played regularly De Brétigni, Lescaut interpreted by Canadian baritone Russell Braun, and Count Des Grieux by French bass-baritone Nicolas Testé.
Finally the three "girls" Mirelle Asselin (Poussette), Cecelia Hall (Javotte) and Maya Lahyani (Rosette) were also good performers.

Overall a performance at the highest level, especially due to the interpretations of Vittorio Grigolo and Diana Damrau. Unfortunately, it was one of the operas where the curtain call photos got worse.


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