(review in English below)
Manon de
Jules Massenet é uma ópera baseada
no romance de Antoine-François Prévost L´Histoire du Chevalier Des
Grieux et de Manon Lescaut, novela que também serviu de base à ópera Manon
Lescaut de Puccini.
Manon, uma jovem que vai entrar para o
convento, é desejada por Guillot de Morfontaine, um velho rico e devasso, mas é
protegida das suas investidas pelo primo Lescaut. Guillot e De Brétigny estão
acompanhados de 3 jovens cortesãs, Poussette, Javotte e Rousette. Manon admira
as suas roupas e estilo de vida. Des Grieux conhece-a, apaixona-se e convence-a
a ir viver com ele em Paris. Escreve uma carta ao pai a pedir autorização para
casar com ela. Aparecem Lescaut e De Brétigny e este diz a Manon que o amante
vai ser raptado a mando do pai e que, se ela quiser, poderá dar-lhe uma vida de
luxo. Se o recusar, viverá pobre para sempre. Ela cede e Des Grieux é levado.
Manon vive agora rodeada de dinheiro e luxo, como amante de De Brétigny, quando
fica a saber pelo pai de Des Grieux que ele decidiu dedicar-se à vida religiosa
depois do desgosto de amor. Vai procurá-lo a Saint Sulpice e, após confirmarem
o amor que sentem um pelo outro, decidem fugir juntos. Na sua ânsia de vida
luxuosa, convence Des Grieux a jogar com Guillot para ganhar mais dinheiro.
Guillot perde, acusa Des Grieux de fazer batota, promete vingança e chama a
polícia que prende Manon e lhe dá ordem de deportação para a Louisiana. Des
Grieux, com a ajuda de Lescaut, consegue subornar os guardas e libertar Manon
no porto de Havre. Ficam novamente juntos, reafirmam o seu amor, fazem planos
para o futuro mas Manon, doente e exausta, não chega a ser deportada e morre
nos braços de Des Grieux.
Nesta encenação de Laurent
Pelly, simples e vazia, mas eficaz, a acção é trazida para o período
da Belle Époque, cerca de século e meio após o romance ter sido
escrito. No primeiro acto o cenário está encimado de casas em miniatura e uma
escadaria que dá acesso à zona central do placo, sem adereços, onde grande
parte da acção decorre. Na cena seguinte o quarto simples de Manon e Des Grieux
está também colocado ao cimo de vários troços de escadas. Na primeira parte,
Manon é uma jovem vestida de forma muito humilde e inocente. No 3º acto, nas
margens do Sena, a encenação lembra um quadro de um pintor impressionista.
Manon aparece na máxima exuberância (vestido, jóias e postura). Na cena
seguinte, em Saint Sulpice, talvez a mais notável de toda a produção, dá-se o
reencontro com Des Grieux, agora padre. Depois de uma rejeição inicial, Des
Grieux não resiste e dá-se a reconciliação, deitando-se Manon na cama austera
do amante e despindo-lhe o hábito. Segue-se a cena do jogo, onde apenas há as
mesas como objectos no palco, com as interpretações vocais a superarem as
cénicas, mas o glamour mantém-se. Finalmente, o último quadro, é um contraste
total com os anteriores. Manon, desfigurada, é arrastada pelo chão, pontapeada
e ultrajada pelos guardas. Apenas uns candeeiros sóbrios de rua estão no palco.
Morre nos braços de Des Grieux.
A direcção
musical foi do maestro Emmanuel Villaume.
Diana Damrau interpretou a Manon de forma marcante. A voz é segura, magnífica, bonita, com agudos
aparentemente fáceis e de grande qualidade. Foi sempre bem audível, tanto
quando cantou em forte como nos pianissimi. Cenicamente esteve ao mais
alto nível, mas destaco a cena em Saint Sulpice e o último acto.
Des Grieux foi interpretado pelo Vittorio
Grigolo, que já vira neste papel em Londres há uns anos. Hoje foi a melhor
interpretação que assisti. A voz tem um timbre único, masculino, potente, e
poderoso. Na aria Ah! Fuyez, douce image no 3º acto foi
arrebatador, nos duetos com a Damrau esteve sempre ao mais alto nível e,
sobretudo, em Saint Sulpice, (N'est-ce plus ma main) foi superlativo! Nos momentos
finais da ópera, após a morte de Manon, o desespero final de Des Grieux foi
outra nota interpretativa impressionante. Para além da componente vocal, Grigolo
é jovem, tem uma figura excelente e mexe-se com muita agilidade, o que o torna
muito credível em cena.
Nos papéis secundários Guillot de Morfontaine foi
encarnado pelo barítono francês Christophe Mortagne que foi
excelente em palco, com uma interpretação cómica bem conseguida, embora não
tenha estado ao mais alto nível vocal.
O barítono Dwayne Croft interpretou o De Brétigni de forma regular,
Lescaut foi interpretado pelo barítono canadiano Russel
Braun,
e o Conde Des Grieux pelo baixo-barítono francês Nicolas
Testé.
Finalmente as três”meninas”, Mirelle Asselin (Poussette), Cecelia
Hall (Javotte) e Maya Lahyani (Rosette) cumpriram também sem
destoar.
No computo final, um espectáculo do
mais alto nível, sobretudo pelas interpretações de Vittorio Grigolo e Diana
Damrau.
Infelizmente, foi uma das óperas onde
as fotografias dos agradecimentos finais ficaram piores.
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MANON, Metropolitan Opera, New York, March 2015
Manon by Jules Massenet is an
opera based on the novel by Antoine-François Prévost L'Histoire du Chevalier des Grieux et de Manon Lescaut, novel which
also was the basis of Puccini’s opera Manon Lescaut.
Manon, a young woman who will enter the convent, is
desired by Guillot de Morfontaine, an old rich and dissolute man, but is
protected from his investees by her cousin Lescaut. Guillot and De Brétigny are
accompanied by 3 young courtesans, Poussette, Javotte and Rousette. Manon
admires their clothes and lifestyle. Des Grieux meets her, falls in love and
convinces her to come live with him in Paris. He writes a letter to his father
to ask permission to marry her. Lescaut and De Brétigny appear and tell Manon
that her lover will be kidnapped by order of his father and that if she wants
to, De Bértigny can give her a life of luxury. If she refuses, she will live in
poverty forever. She agrees and Des Grieux is kidnapped. Manon now lives
surrounded by money and luxury, as De Brétigny lover, when she learns from Des
Grieux father that he decided to devote himself to religious life after the
heartbreak of love. She decides to go to meet him in Saint Sulpice. After confirming
their love for each other they decide to run away together. In its luxurious
lifestyle she of convinces Des Grieux to play with Guillot to make more money.
Guillot loses and accuses Des Grieux of cheating, promises revenge, and calls
the police. Manon is arrested and is given deportation order for Louisiana. Des
Grieux, with the help of Lescaut, can bribe the guards and free Manon at the
port of Le Havre. Ther are back together, reaffirm their love, make plans for
the future but Manon, sick and exhausted, dies in the arms of Des Grieux.
The staging of Laurent
Pelly is simple and empty, but effective. The action is brought for the
period of the Belle Epoque, about a century and a half after the novel was
written. In the first act the scene is topped by miniature houses and a
staircase leading to the central area of the stage, where much of the action
takes place. In the next scene the bedroom of Manon and Des Grieux is also
placed at the top of several stairs. In the beginning, Manon is a young girl
dressed in very humble and innocent way. In the 3rd act on the banks of the
Seine, the scenario resembles a picture of an impressionist painter. Manon
appears in maximum exuberance (dress, jewelry and posture). In the next scene,
in Saint Sulpice, perhaps the most remarkable of all, the reunion with Des
Grieux, now priest happens after an initial rejection reaction.
The following is the scene of the game, where there is
only the tables as objects on stage, with the vocals to overcome the scenic,
but the glamor remains. Finally, the last scene, is a total contrast to the
previous. Manon, disfigured, is dragged across the floor, kicked and insulted
by guards. Only a few sober street lamps are on stage. Manon dies in the arms
of Des Grieux.
Musical direction was of conductor Emmanuel Villaume.
Diana
Damrau was an impressive Manon. The voice is perfectly
controlled, magnificent, beautiful, with seemingly easy treble always of high
quality. She was always very audible, when both sang in forte as in pianissimi. Scenically
she was always very good, but I highlight the scene in Saint Sulpice and the
last act.
Des Grieux interpreted by Vittorio Grigolo, who I had seen on this role in London a few years
ago. Today it was the best interpretation I saw by Grigolo. The voice has a
unique timbre, masculine and powerful. In the aria Ah! Fuyez, douce image on the 3rd act he was rapturous, in duets
with Damrau he was always at the highest level and, above all, in Saint Sulpice
(N'est-ce plus ma main) he was
superlative! In the final moments of the opera, after the death of Manon, Des
Grieux final desperate was another impressive interpretative note. In addition
to the vocal component, Grigolo is young, has a fine figure and moves with
agility, which makes his character very credible on the scene.
In supporting roles Guillot of Morfontaine was interpreted
by the French baritone Christophe
Mortagne who was excellent on stage, with a very good comic performance,
although he has not been at the highest vocal level.
Baritone Dwayne
Croft played regularly De Brétigni, Lescaut interpreted by Canadian
baritone Russell Braun, and Count Des
Grieux by French bass-baritone Nicolas
Testé.
Finally the three "girls" Mirelle Asselin (Poussette), Cecelia Hall (Javotte) and Maya Lahyani (Rosette) were also good
performers.
Overall a performance at the highest level, especially
due to the interpretations of Vittorio Grigolo and Diana Damrau. Unfortunately,
it was one of the operas where the curtain call photos got worse.
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