(Review in English bellow)
Assisti à ópera Der Rosenkavalier, op. 59 — O Cavaleiro da Rosa — de Richard
Strauss no teatro da Ópera Estatal de Viena.
A peça foi composta em 1910 e
teve como libretistas Hugo von Hofmannsthal
e Harry von Kessler.
A produção apresentada foi a de Otto Schenk criada em 1968 e muito
famosa pela sua beleza clássica. É, de facto, uma produção magnífica: sumptuosa
nos arranjos cénicos e no guarda-roupa, além de uma direcção de actores
assinalável.
A direcção da Orquestra e Coro da Wiener Staatsoper esteve a cargo de Ádám Fischer. O maestro húngaro dirigiu
uma orquestra operática muito familiarizada com o reportório straussiano e
fê-lo de forma irrepreensível.
O mezzo-soprano francês Sophie Koch foi Octavian. O papel é extremamente interessante para
este registo vocal e Sophie Koch interpretou-o a um excelente nível: sempre com
a voz muito bem colocada e projectada, agudos e graves fáceis. Foi um jovem
Octavian com uma presença física muito adequada e conviencente.
O soprano norte-americano Rennée Fleming foi Feldmarschallin Marie
Thérèse. Famosa pelas suas interpretações de Strauss, o soprano esteve em muito
bom nível na interpretação vocal, apesar de nem sempre com a melhor projecção.
Outros disseram-me que não lhe notaram essa falha, pelo que julgo que poderá
ter sido do lugar onde fiquei manifestamente pior. Cenicamente esteve muito
bem.
O soprano romeno Ileana Tonca foi Sophie von Faninal.
Tem uma voz com um agudo límpido, forte e bem projectado, além de um timbre
bonito. A sua interpretação cénica foi boa, conseguindo transmitir a ideia de
uma jovem apaixonada.
De assinalar o trio final da
ópera em que as três estiveram muito bem.
O baixo britânico Peter Rose foi o Baron Ochs auf Lerchenau. A sua voz é potente e chega
facilmente a qualquer ponto da sala. Teve uma prestação vocal foi exemplar e
cenicamente foi sempre cómico quando era devido. Para mim, o melhor da noite.
Foi, pois, uma récita de muita qualidade e,
para mim, um excelente início de temporada operática naquela que é uma das
principais casas de ópera europeias e, consequentemente, do mundo. Pena é a
antipatia, por vezes com tiques indelicados, que os funcionários da casa têm:
não quero acreditar que seja um problema cultural austríaco, mas a cena
repete-se sempre que lá vou.
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(Review in English)
I have attended the opera Der Rosenkavalier, Op. 59 by Richard Strauss at the theater of the
Vienna State Opera. The opera was composed in 1910 and had as librettists Hugo von Hofmannsthal and Harry von Kessler.
They presented the famous Otto Schenk production created in 1968.
It is indeed a magnificent production: it has sumptuous scenic arrangements and
wardrobe, plus a notable actors direction.
The direction of the Orchestra and Chorus of the Wiener
Staatsoper was in charge of Ádám
Fischer. The Hungarian conductor led the orchestra very familiar with the
operatic Strauss repertoire and did it irreproachably.
The French mezzo-soprano Sophie Koch was Octavian. The role is
extremely interesting for this vocal register and Sophie Koch interpreted it to
a great level: she has very good voice projection with easily high and low
notes. She was an Octavian young man with a physical presence extremely
suitable for this role.
The American soprano Rennée Fleming was Feldmarschallin
Marie Thérèse. Renowned for her Strauss interpretations, Fleming was in very good
level in vocal performance, although not always with the best projection.
Others told me that they did not noticed this flaw, so I think that may have
been because of the place where I was clearly not the best. Scenically she did very well.
The Romanian soprano Ileana Tonca was Sophie von Faninal. She has a clear voice that is
beautifully high-pitched and strong, and a pleasant timbre. Her scenic
interpretation was good, getting across the idea of a young girl fallen in
love
The trio at final end was remarkably
sung by all three.
The British bass Peter Rose was Baron Ochs auf Lerchenau.
His voice is powerful and he can easily reach any tortuous angle of the hall. He
had an exemplary vocal performance and scenically he was always humorous when
due. In my modest opinion, he was the best of the recitation.
It was indeed one great level
performance and, for me, an excellent start to the new operatic season in one
of the major opera houses in Europe and consequently in the world. It is a pity
the antipathy, sometimes with tics of ruthless, that employees had. I do not
want to believe it's an Austrian cultural problem, but this scenario is
repeated whenever I go there.
Caro Fanático,
ResponderEliminarsou um fã ardoroso de Richard Strauss. Fico imaginando a beleza do concerto nesse nível descrito em sua crônica. Obrigado e um grande abraço
Isso dos funcionários eu também confirmo. Há três anos estive em Viena de férias, onde tive a felicidade de assisitir a duas boas récitas: Messa de Requiem, Verdi e Ariana em Naxos, Strauss, mas que infelizmente pude confirmar esse aspecto negativo de Viena. Não se restringe apenas aos funcionários do teatro, infelizmente. Curiosamente em Salzburgo tive uma experiência totalmente oposta, com simpatia extrema. E pelo menos em Salzburgo ninguém tenta negociar o valor da gorjeta connosco.
ResponderEliminarNunca vi "O Cavaleiro da Rosa" ao vivo e penso que essa encenação (conheço-a da televisão), e em Viena, deve ser a mais apropriada.
ResponderEliminarBoa temporada.