De Lucas Andrade de Florianópolis (https://www.facebook.com/lucasandradesilva) recebemos o presente texto sobre a Carmen. Em nome dos "Fanáticos da Ópera" o nosso agradecimento a mais um amante de ópera que se junta aos autores deste espaço.
A Cia
Ópera de Santa Catarina e a Camerata Florianópolis trouxeram ao palco do Teatro
Ademir Rosa na capital catarinense sua mais nova montagem, desta vez da popular
e querida Carmen de Georges Bizet. A Cia Ópera vem trazendo bravamente versões
completas de diversas peças, já tendo no currículo A Flauta Mágica, Rigoletto,
La Traviata, Elixir do Amor e Barbeiro de Sevilha.
A Carmen
foi apresentada em versão sem diálogos nos dias 14, 15, 16 e 17 de novembro.
Nos dias pares tivemos Richard Bauer no papel de Don José, Adriana Clis como
Carmen e Masami Ganev como Micaëla. Por sua vez, nos dias 15 e 17, Fernando
Portari foi Don José, Luciana Bueno personificou Carmen e Claudia Ondrusek
interpretou Micaëla. Sebastião Teixeira foi Escamillo nas quatro noites. Assisti
à apresentação do dia 17 e o ensaio geral e final na íntegra na quarta-feira,
dia 13, com a equipe Portari/Bueno/Ondrusek, portanto meus comentários serão em
relação a este último dia.
Antes de
partir para as considerações da encenação, no entanto, gostaria de salientar
como é importante a montagem de um espetáculo operístico deste porte em uma
cidade que não tem esta tradição. Todos os cantores, músicos e membros da
equipe são verdadeiros heróis e promoveram um espetáculo belíssimo, com muita
atenção aos detalhes e qualidade e para um “fanático da ópera” como eu, a
emoção de poder apreciar sua mais amada forma de arte ao vivo, novamente, tem a
tendência de nos tornar extramente positivos!
O casal
principal esteve excepcional. Fernando Portari foi vocalmente impecável, com
agudos potentes e seguros. Destaque também para seu pianíssimo na frase “Et j'étais une chose à toi” no final da ária La Fleur Que Tu M'avais Jetée.
Cenicamente foi muito focado e envolvido. Sua explosão de ciúmes no final do
Ato III foi de trancar o fôlego de tão visceral! Sem dúvida, um dos grandes
tenores mundiais! Se me permitem um breve momento tiete, que alegria poder
vê-lo ao vivo!
Luciana
Bueno foi uma Carmen de bons graves e boa postura cênica e expressões faciais
muito ricas. Até gostaria que ousasse um pouco mais no palco, pois tem corpo,
rosto, voz, beleza e sensualidade para tal. No balaço final, uma Carmen
memorável, sem dúvidas.
A
Micaëlla de Claudia Ondrusek, natural de Florianópolis, foi uma candura, muito
meiga e com mais segurança na região alta do que nas notas mais graves que
perderam um pouco do brilho na acústica desfavorável do teatro.
Sebastião
Teixeira foi um Escamillo de muita potência vocal e agudos tranquilos. Melhor
ainda quando dividia o palco com Portari.
Os
demais membros do elenco foram muito sólidos, principalmente o simpático bando
de contrabandistas, proporcionando excelentes cenas de conjunto. Outro destaque
muito positivo, vocalmente e cenicamente, para o coro, formado por vários
cantores jovens e o coro infantil, que conquistou os corações de todos na
plateia até os momentos finais com a cortina já se fechando e as pequenas
mãozinhas nos dando tchau!
A
regência do maestro Jeferson Della Roca, verdadeiro embaixador da música
clássica no estado de Santa Catarina, foi muito equilibrada, com sonoridades
muito agradáveis, menção especial para as madeiras, e com uso de tempos que
permitiram o fluxo normal do espetáculo. Particularmente nos intermezzos, a Camerata
soou superior!
Vale a
congratulação ainda para os figurinos de José Alfredo Beirão.
Florianópolis
quer se firmar como um polo operístico nacional e esta Carmen, com suas quatro
noites de casa cheia, veio mostrar que o público existe. E um espetáculo desta
qualidade é mais passo definitivo nesta jornada.
Fico muito feliz em saber que Florianópolis está se tornando um polo operístico. Bom para o Brasil. Nos anos cinquenta meu tio Osmar Cunha foi prefeito, o primeiro eleito, de Florianópolis mas na época eu era muito pequeno e não tive a oportunidade de conhecer a bela cidade.
ResponderEliminarParabéns pela crônica e um abraço
Muito grato! Todos queremos ver uma Floripa vivendo cultura e, principalmente, ópera e música clássica! Grande abraço!
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