(review in English below)
Assisti ao ensaio geral do Otello de G Verdi na Royal Opera House de Londres. Uma iniciativa interessante mas rara em que, por um preço muito simpatico, se vê toda a opera encenada. A única diferença está na orquestra, em que os músicos estão vestidos “normalmente”.
Esta encenação de Keith Warner já foi anteriormente comentada mais que uma vez no blogue. É muito escura, desinteressante, vazia e pouco eficaz. Faz o contraste entre o negro (Otello) que domina em quase toda a ópera, e o branco (Desdemona) que é mais notório na última cena, no quarto onde é assassinada, mas não funciona. As próprias personagens principais têm colocações bizarras e frequentemente infelizes no palco.
O maestro Daniele Rustioni cumpriu com eficácia e a orquestra esteve bem. Também muito bem esteve o coro, que tem participações marcantes na opera.
Otello foi cantado pelo tenor Russell Thomas. Foi muito bom, mas não excepcional. Tem uma voz interessante, com um registo médio seguro e notável, mas por vezes deixava-se abafar quando a orquestra tocava mais forte. A interpretação cénica foi boa, embora algo estática.
A soprano Harchuhí Bassénz foi uma Desdemona deslumbrante. Voz impressionante, de elevada potência e beleza, e técnica perfeita. Também no desempenho cénico foi muito credível. Excelente.
O Iago de Christopher Maltman esteve bem em palco, mas o que mais me impressionou foi a sua qualidade vocal. Voz grande, sempre afinada e bem timbrada. Um dos melhores que ouvi neste papel.
Piotr Buszewski fez um Cassio de voz pequena mas com um timbre agradável. Nesta opera, exige-se mais potência vocal, mesmo em papeis como este.
Outra cantora notável foi Monika-Evelin Liiv que interpretou Emilia com grande dignidade e qualidade.
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OTELLO, Royal Opera House, July 2022
I attended the dress rehearsal of G Verdi's Otello at the Royal Opera House. An interesting but rare initiative in which, for a very nice price, the entire opera is staged, the only difference is in the orchestra, in which the musicians are dressed “normally”.
This staging by Keith Warner has already been commented on more than once on the blog. It's too dark, uninteresting, empty and ineffective. It makes the contrast between the black (Otello) who dominates in most of the opera, and the white (Desdemona) who is more evident in the last scene, in the room where she is murdered, but it doesn't work. The main characters themselves have bizarre and often unfortunate placements on stage.
Conductor Daniele Rustioni performed effectively and the orchestra did well. Also very well was the choir, which has outstanding participation in the opera.
Otello was sung by tenor Russell Thomas. He was very good, but not exceptional. He has an interesting voice, with a firm and remarkable middle register, but sometimes he let himself be drowned out when the orchestra was playing higher. The scenic interpretation was good, although somewhat static.
Soprano Harchuhí Bassénz was a dazzling Desdemona. Impressive voice, of high power and beauty, and perfect technique. Also in the scenic performance she was very credible. Fantastic
Christopher Maltman's Iago did well on stage, but what impressed me the most was his vocal quality. Big voice, always in tune and nice timbre. One of the best I've heard in this role.
Piotr Buszewski played Cassio with a small voice but with a pleasant timbre. In this opera, more vocal power is required, even in smaller roles like this.
Another notable singer was Monika-Evelin Liiv who played Emilia with great dignity and quality.
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