quarta-feira, 23 de outubro de 2019

WERTHER, Royal Opera House, Setembro / September 2019




(review in English below)


A opera Werther de Jules Massenet foi novamente levada à cena na Royal Opera House de Londres. No início apareceu o director actual para dar más notícias. Mas desta vez não era a substituição de nenhum cantor, mas sim a informação de que o sistema de legendagem não funcionaria devido à chuva torrencial que havia caído em Londres poucas horas antes.

A encenação de Benoit Jacquot já comentada neste blogue mais que uma vez é de uma beleza ímpar, perfeitamente adequada aos vários ambientes criados na opera. O exterior da casa familiar no primeiro acto, o espaço aberto do 2º, o interior da casa de Charlotte e Albert no 3º e o quarto onde o Werther se suicida e morre no ultimo com a neve sempre a cair, são magníficos.



A música é muito bonita e a orquestra fez-lhe justiça, embora o maestro Edward Gardner não se tenha coibido de abafar frequentemente os cantores.

O tenor Juan Diego Flórez interpretou o protagonista. Os leitores deste blogue sabem que é um dos meus cantores favoritos e não lhe tenho poupado elogios nas várias actuações em que o vi. Mas neste registo mais dramático que anda a tentar, as coisas são diferentes. Cenicamente foi exímio na interpretação do Werther, nenhum reparo a fazer, mas no canto não esteve bem, excepto no registo mais agudo, onde se sentirá mais confortável. Cantou baixo, parecia que estava num ensaio, deixou-se afogar frequentemente pela orquestra e não conseguiu transmitir emoção na voz em várias partes, ao contrário do que fez na representação. Foi pena.



A mezzo Isabel Leonard esteve bem como Charlotte. Voz afinada e bem colocada, interpretação algo contida por vezes, correcta mas pouco emotiva.



O barítono Jacques Imbrailo fez um Albert seguro e convincente, talvez a melhor interpretação da noite.



Merece uma palavra de muito apreço a jovem soprano Heather Engebretson, de figura franzina e grande agilidade cénica, perfeitamente adaptadas à Sophie, irmã mais nova da Charlotte. Cantou bem, voz fresca e bem audível, sobretudo nos registos médio e agudo.


Os restantes cantores cumpriram sem deslumbrar. Um espectáculo que valeu sobretudo pela música e pela encenação.





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WERTHER, Royal Opera House, September 2019

Jules Massenet's opera Werther was once again performed at London's Royal Opera House. At first the current director appeared to give bad news. But this time it was not the replacement of any singer, but the information that the subtitling system would not work due to the torrential rain that had fallen in London a few hours earlier.

The production of Benoit Jacquot already commented on this blog more than once is of an unparalleled beauty, perfectly suited to the various environments created in the opera. The exterior of the family home in the first act, the open space in the 2nd, the interior of Charlotte and Albert's house in the 3rd, and the room where Werther commits suicide and dies in the last with snow always falling, are magnificent.

The music is beautiful and the orchestra has done it justice, although conductor Edward Gardner frequently drowned out the singers.

Tenor Juan Diego Flórez played the protagonist. Readers of this blog know that he is one of my favorite singers and I have not spared him praise in the various performances where I saw him. But in this most dramatic register he is trying, things are different. On stage Werther was a great performer, no repair to make, but in the singing was not well, except in the top register, where he will feel more comfortable. He sang underpowered, sounded like he was in a rehearsal, was often drowned by the orchestra and could not convey emotion in the voice in various parts, contrary to what he did in the acting. It was a pity.

Mezzo Isabel Leonard was well as Charlotte. Fine-tuned, well-placed voice, somewhat restrained  correct interpretation but without emotion.

Baritone Jacques Imbrailo made a solid and convincing Albert, perhaps the best interpretation of the night.

The young soprano Heather Engebretson deserves a word of great appreciation. With a slight figure and great scenic agility, she was perfectly suited to Charlotte's younger sister Sophie. She sang well, her voice was fresh and well audible, especially in the mid and high register.

The other singers performed without dazzling. A performance that was worth especially for the music and the staging.

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