sexta-feira, 31 de maio de 2019

RIGOLETTO, METropolitan Opera, Fevereiro / February, 2019


(review in English below)

O Rigoletto de Verdi foi mais uma vez reposto na Metropolitan Opera de Nova Iorque na encenação vistosa e diferente de Michael Mayer, já comentada várias vezes neste blogue.



A acção, trazida para os anos 60 da década passada em Las Vegas, é passada em casinos e outras casas de diversão. O Duque é dono e entertainer de um casino, Rigoletto um comediante. O Monterone é um árabe que, ao ser preso, lança a maldição. A casa onde mantém a filha Gilda é num 5º andar, acessível por um elevador na parte lateral do palco. O rapto da Gilda é feito pelos empregados do Duque, depois de subornarem a empregada Giovanna. No final a casa do Sparafucile, assassino profissional, é um clube de striptease. Gilda após ser ferida mortalmente, é colocada no porta bagagens de um carro da época.



Uma nota breve sobre os artistas principais desta reposição:

O maestro Nicola Luisotti foi convencional e proporcionou-nos uma boa récita.



O barítono italiano Roberto Frontali foi um Rigoletto aceitável, sem grande brilho nem marcada emotividade. A voz é agradável. Atravessamos um período de grande escassez de bons barítonos verdianos.



Gilda foi interpretada pela soprano norte-americana Nadine Sierra. Tem uma voz aparentemente pequena mas vai a todas as notas com qualidade e afinação. O timbre é agradável. A interpretação foi contida.



O tenor italiano Vittorio Grigolo interpretou o  Duque de Mantua no seu estilo exuberante. Vocalmente esteve bem, ouviu-se sempre acima da orquestra e foi muito ágil em palco.



A mezzo romena Ramona Zaharia foi uma Maddalena que cumpriu sem deslumbrar.



Fantástico foi o baixo eslovaco Stefan Kocán como Sparafucille, papel que canta frequentemente. O registo mais grave é impressionante. Foi um dos melhores da noite.



Uma nota final para o baixo canadiano Robert Pomakov (Monterone) e para a mezzo norte-americana Jeniffer Roderer (Giovanna) que cumpriram bem as suas curtas intervenções.





***


RIGOLETTO, METropolitan Opera, February, 2019

Verdi's Rigoletto was once again put up at the Metropolitan Opera in New York in the showy and unconventional Michael Mayer’s direction, already commented several times on this blog.

The action, brought to the 60's of the last decade in Las Vegas, is spent in casinos and other similar houses. The Duke owns and is entertainer of a casino, Rigoletto a comedian. Monterone is an Arab who, when arrested, casts the curse. The house where her daughter Gilda is kept is on the 5th floor, accessible by an elevator on the side of the stage. The abduction of Gilda is done by the Duke's employees, after bribing the maid Giovanna. In the end Sparafucile's house, a professional killer, is a strip club. Gilda, after being mortally wounded, is placed in the luggage compartment of a car of the time.

A brief note on the main artists of this reposition: Maestro Nicola Luisotti was conventional and gave us a good orchestral performance.

Italian baritone Roberto Frontali was an acceptable Rigoletto, without great brilliance or marked emotion. The voice is pleasant. We have gone through a period of great shortage of good Verdian baritones.

Gilda was performed by American soprano Nadine Sierra. She has a seemingly small voice but reaches all top notes with quality and tuning. The timbre is pleasant. The interpretation was contained.

Italian tenor Vittorio Grigolo interpreted the Duke of Mantua in his exuberant style. Vocally he was well, always heard above the orchestra and was very agile on stage.

Romanian mezzo Ramona Zaharia was a Maddalena who was just ok.

Slovakian bass Stefan Kocán was fabulous as Sparafucille, a role he often sings. His lower record is impressive. he was one of the best of the night.

A final note for Canadian bass Robert Pomakov (Monterone) and American mezzo Jeniffer Roderer (Giovanna) who sung well their short interventions.

***

sábado, 25 de maio de 2019

LEO NUCCI, o melhor barítono verdiano homenageado em Palermo / the best verdian baritone honored in Palermo, Teatro Massimo, Outubro / October 2018



Texto de wagner_fanatic

(text in English below)

Tive o privilégio de assistir ao vivo à 550ª representação do papel de Rigoletto do barítono italiano Leo Nucci no Teatro Massimo de Palermo em Outubro de 2018.



A récita foi excelente, como relatado aqui, mas o grande Senhor da noite foi Leo Nucci, justamente homenageado e aclamado tanto pelos colegas, músicos e cantores, como pelo publico, que lhe rendeu uma justa e merecidíssima homenagem.




Aqui fica o registo de mais esse momento histórico na vida do grande barítono verdiano.





LEO NUCCI, the best verdian baritone honored in Palermo, Teatro Massimo, October 2018

Text by wagner_fanatic

I had the privilege of watching live the 550th performance of the role of Rigoletto by the Italian baritone Leo Nucci at the Teatro Massimo in Palermo in October 2018.

The performance was excellent, as reported here, but the great Man of the night was Leo Nucci, justly honored and acclaimed by his colleagues, musicians and singers, and by the public, which offered him a just and deserved homage.

Here is the register of yet another historical moment in the life of the great verdian baritone.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

DON GIOVANNI, METropolitan Opera, Nova Iorque / New York, Fevereiro / February 2019


(review in English below)

A ópera Don Giovanni de Mozart foi mais uma vez posta em cena na Metropolitan Opera de Nova Iorque. A encenação de Michael Grandage, já muito comentada neste blogue, é clássica e pouco imaginativa, dominada pelos prédios de três andares. Passa-se numa cidade espanhola no Sec. XVIII. Há mobilidade cénica mas é muito repetitiva. A cena do cemitério é mais interessante e o final do Don Giovanni, quando é engolido pelas chamas, é espectacular ao vivo.




Foi uma récita muito boa, com um elenco poderoso e, com poucas excepções, homogéneo. O maestro alemão, Cornelius Meister foi muito bom, com grande respeito pelos cantores e por Mozart. A Orquestra, fantástica.




Os cantores foram quase todos de topo. A italiana Federica Lombardi (que não conhecia) esteve óptima como Donna Elvira, voz bonita, sempre bem audível e boa presença em palco.



O jovem baixo-barítono americano Brandon Cedel (Masetto), que também desconhecia, esteve sempre sempre muito bem, quer no canto como na representação.




Ainda mais um desconhecido para mim, o tenor francês Stanislas de Barbeyrac, foi um Don Ottavio excelente no canto e em palco (isto com cantores jovens é sempre outra coisa!).



Um bem conhecido meu neste papel, o baixo eslovaco Stefan Kocán foi um Comendador vocalmente imponente, excelente.



O baixo-barítono venezuelano / italiano Luca Pisaroni, que sempre vi como Leoporello, fez um Don Giovanni óptimo (cénica e vocalmente), muito acima das minhas expectativas.



Já a soprano russa Aida Garifullina (Zerlina) que venceu o Operália há poucos anos, cantou na abertura e fecho do mundial de futebol do ano passado na Rússia, é bonita e está a ser empurrada para cima em vários teatros, cantou bem, mas não gosto do timbre e, quando sobe, tem alguma tendência para a estridência.



O baixo russo Ildar Abdrazakov foi um Leoporello fantástico na actuação cénica, mas a voz é relativamente pequena e vocalmente não convenceu.



Deixo para o fim o melhor, a soprano norte-americana Rachel Willis-Sorensen que foi do outro mundo. Que Donna Anna!! Fantástica, fabulosa, fenomenal e tudo o mais que se possa dizer. Nunca vi ou ouvi uma Donna Anna como ela!! E parecia que cantava ligada a um amplificador, mas com todo o dramatismo que a personagem exige!


Um espectáculo de grande qualidade.






****


DON GIOVANNI, METropolitan Opera, New York, February 2019

Mozart's opera Don Giovanni was once available at the Metropolitan Opera in New York. Michael Grandage's staging, already commented on this blog, is classic and unimaginative, dominated by three-story buildings. It is in a Spanish city in the XVIII century. There is scenic mobility but it is very repetitive. The graveyard scene is more interesting and the end of Don Giovanni, when swallowed by flames, is spectacular live.

It was a very good performance, with a powerful cast and, with few exceptions, homogeneous. German conductor Cornelius Meister was very good, with great respect for the singers and for Mozart. The Orchestra was fantastic.

The singers were almost all top. Italian soprano Federica Lombardi (who I did not know) was good as Donna Elvira, beautiful voice, always well audible and good presence on stage.

Young American bass-baritone Brandon Cedel (Masetto), who also I did not know, was always very well, both in singing and acting.

Another unknown to me, French tenor Stanislas de Barbeyrac, was an excellent Don Ottavio in singing and on stage (the operas with young singers are always something else!).

A well-known of mine in this role, Slovakian bass Stefan Kocán was a vocally imposing, excellent Comendatore.

Venezuelan / Italian bass-baritone Luca Pisaroni, who I always saw as Leoporello, made a terrific Don Giovanni (scenic and vocally), far above my expectations.

On the other hand, Russian soprano Aida Garifullina (Zerlina) who won the Operalia a few years ago, sang at the opening and closing of the football World Cup last year in Russia, is beautiful, and is being pushed up in several theaters, sang well, but I do not like her timbre, and when she sings in the top register she has some tendency for stridency.

Russian bass Ildar Abdrazakov was a fantastic Leoporello in scenic performance but the voice is relatively small and vocally was unconvincing.

I leave to the end the best, American soprano Rachel Willis-Sorensen who was out of this world. What a Donna Anna!! Fantastic, fabulous, phenomenal and everything else you could say. I've never seen or heard a Donna Anna like her!! And she seemed that she was singing with an amplifier, but also with all the drama that the character demands!

A performance of great quality.

****