(review in English below)
O baixo-barítono
galês Bryn Terfel esteve ontem na FCG para um recital em conjunto
com o Coro e Orquestra Gulbenkian sob direção do também galês Gareth
Jones.
O programa
foi variado e interessante, tendo começado pela Abertura da ópera
Nabucco de Verdi. De seguida, Terfel cantou de forma soberba a
ária Son lo sipirito che nega sempre da ópera Mefistófeles
de Arrigo Boito, compositor e libretista italiano conhecido pelos
libretos de Otello e Falstaff de Verdi. Seguiu-se L’onori! Ladri!
da ópera Falstaff de Verdi: Terfel fez uma introdução bastante cómica à
ária e cantou-a com o estilo burlesco necessário, caracterizando muito bem a
personagem que é um dos seus papéis de referência. Depois, o Coro da FCG cantou
o famoso Va pensiero da ópera Nabucco de Verdi: no
final, um senhor, aos gritos, pedia “outra! outra! Fazem sempre isso em
Verona!”, levantando algum sururu na sala, mas o seu pedido não foi atendido… E
bem!
Mudou-se
depois para o alemão Richard Wagner. Começou-se com o Coro dos
peregrinos da ópera Tannhäuser e seguiu-se a Música do
fogo mágico e Despedida de Wotan, parte emblemática e de grande
intensidade dramática da ópera Die Walküre que Terfel cantou com
intensidade, embora por vezes a voz soasse um pouco “arranhada”. É difícil
“cair” de repente na pele de Wotan. Deixou saudades das Valquírias que vimos ao
vivo em Londres e Nova Iorque, onde teve interpretações superiores.
A segunda
parte começou com a muito dramática cena da Morte de Boris da
ópera Boris Godunov de Mussorgsky, uma das minhas óperas
preferidas de língua russa. Terfel estreou o papel na Royal Opera House em
2016, tendo recebido críticas muito positivas, mas não me convenceu. Ontem fez,
de facto, uma excelente interpretação da ária, com todas as subtilezas
interpretativas que esta necessita e com um uso da voz excelente. A ária
encaixa-se muito bem no intervalo da tessitura do Terfel, onde se sente mais à
vontade nesta fase da carreira. Falta-lhe uma certa doçura e lirismo para se
poder comparar ao Boris perfeito: Nicolau Ghiaurov. Mas poderá valer a pena
vê-lo de novo na próxima temporada de Londres…
Regressou-se,
depois, a Verdi com a Abertura da La Traviata e o Coro
dos Ciganos de Il Trovatore, muito bem interpretado pelo Coro
da FCG que esteve sempre em muito bom nível.
Seguiu-se um
registo mais ligeiro. Primeiro com a canção Homeward Bound de Marta
Keen que conta com uma angelical intervenção do coro, naquele que foi dos
momentos mais bonitos da noite, pela simplicidade e pelo apelo à vida. De
seguida, ouviu-se a Abertura e Some Enchanted Evening
da obra South Pacific da dupla Richard Rogers e Oscar
Hammerstein II. Para terminar, Terfel ofereceu uma muito divertida
interpretação da canção cómica If I was a rich man da obra The
Fiddler on the Roof.
Como encore
Terfel cantou a canção tradicional de embalar galesa Suo Gan, recordando
que esta fez parte da banda sonora do filme O império do sol (1987) de
Steven Spielberg.
No cômputo
geral, assistiu-se a um concerto de grande qualidade mas faltou-lhe aquela aura
especial que se viveu sentiu no passado recente com outros solistas como a
Joyce DiDonato ou a Patricia Petibon. Senti falta de algo da Tosca, talvez um
dos monólogos do Hans Sachs ou o monólogo do Holandês. Coro e Orquestra da FCG
ao mais alto nível. Terfel demonstrou ser um artista dotado de grande
capacidade vocal e, sobretudo, de um enorme capacidade interpretativa a que
associa uma figura carismática.
Texto de camo_opera e wagner_fanatic.
BRYN TERFEL at the Calouste Gulbenkian
Foundation, April 2018
Welsh bass-baritone Bryn Terfel was at the FCG yesterday for a recital together with the Gulbenkian Choir and Orchestra under the direction of the Gareth Jones.
The program was varied and interesting, having begun by the opening of Verdi's opera Nabucco. Then, Terfel sang a superb aria Son lo sipirito che nega sempre from the opera Mephistopheles by Arrigo Boito, Italian composer and librettist known by the libretti of Otello and Falstaff by Verdi. After this aria came L'Onori! Ladri! of Verdi's opera Falstaff: Terfel made a rather comic introduction to the aria and sang it with the necessary burlesque style, characterizing very well the character that is one of his reference roles. Then the FCG Choir sang the famous Va pensiero of Verdi's opera Nabucco: in the end, a man, shouting, asked "again! again! They always do this in Verona! ", raising some noise in the room, but his request was not followed ... and well!
Welsh bass-baritone Bryn Terfel was at the FCG yesterday for a recital together with the Gulbenkian Choir and Orchestra under the direction of the Gareth Jones.
The program was varied and interesting, having begun by the opening of Verdi's opera Nabucco. Then, Terfel sang a superb aria Son lo sipirito che nega sempre from the opera Mephistopheles by Arrigo Boito, Italian composer and librettist known by the libretti of Otello and Falstaff by Verdi. After this aria came L'Onori! Ladri! of Verdi's opera Falstaff: Terfel made a rather comic introduction to the aria and sang it with the necessary burlesque style, characterizing very well the character that is one of his reference roles. Then the FCG Choir sang the famous Va pensiero of Verdi's opera Nabucco: in the end, a man, shouting, asked "again! again! They always do this in Verona! ", raising some noise in the room, but his request was not followed ... and well!
Richard Wagner was the next composer. The Choir of the pilgrims of the opera Tannhäuser was first, and followed the music
of the magic fire and Farewell of
Wotan, the emblematic part of great dramatic intensity of the opera Die Walküre that Terfel sang with
intensity, although ocasionaly the voice sounded a little "scratched".
It is difficult to "fall" suddenly into Wotan's skin. I missed the
Valkyries we saw live in London and New York, where he had superior performances.
The second part began with the very dramatic Death of Boris scene from Mussorgsky's opera Boris Godunov, one of my favorite Russian-language operas. Terfel debuted the role at the Royal Opera House in 2016 and received very positive reviews, but he did not convince me. Yesterday he offered, in fact, an excellent interpretation of the aria, with all the interpretive subtleties it needs and with an excellent voice usage. The aria fits very well in the range of Terfel's tessitura, where he feels more comfortable at this stage of his career. He lacked a certain sweetness and lyricism to be able to compare to the perfect Boris: Nicolau Ghiaurov. But it might be worth seeing him again next season in London ...
Then returned Verdi with the Opening of La Traviata and the Choir of the Gypsies of Il Trovatore, very well interpreted by the FCG Choir that was always at top level.
The second part began with the very dramatic Death of Boris scene from Mussorgsky's opera Boris Godunov, one of my favorite Russian-language operas. Terfel debuted the role at the Royal Opera House in 2016 and received very positive reviews, but he did not convince me. Yesterday he offered, in fact, an excellent interpretation of the aria, with all the interpretive subtleties it needs and with an excellent voice usage. The aria fits very well in the range of Terfel's tessitura, where he feels more comfortable at this stage of his career. He lacked a certain sweetness and lyricism to be able to compare to the perfect Boris: Nicolau Ghiaurov. But it might be worth seeing him again next season in London ...
Then returned Verdi with the Opening of La Traviata and the Choir of the Gypsies of Il Trovatore, very well interpreted by the FCG Choir that was always at top level.
This was followed by lighter music. First
with the song Homeward Bound of Marta Keen that counts on an angelical
intervention of the choir, in one of the most beautiful moments of the night,
for the simplicity and the call to life. Then there was the Opening and Some Enchanted Evening from
the South Pacific work of the duo Richard Rogers and Oscar Hammerstein II. To conclude, Terfel offered a very amusing
interpretation of the comic song If I was
a rich man of the The Fiddler on the
Roof.
As an encore Terfel sang the traditional Welsh wrapping song Suo Gan, remembering that this was part of the soundtrack of the film The empire of the sun (1987) of Steven Spielberg.
On the whole, it was a high-quality concert but it lacked that special aura that was experienced in the recent past with other soloists such as Joyce DiDonato or Patricia Petibon. I missed some part from Tosca, perhaps one of Hans Sachs's monologues or the Holländer monologue. FCG Choir and Orchestra were at the highest level.
As an encore Terfel sang the traditional Welsh wrapping song Suo Gan, remembering that this was part of the soundtrack of the film The empire of the sun (1987) of Steven Spielberg.
On the whole, it was a high-quality concert but it lacked that special aura that was experienced in the recent past with other soloists such as Joyce DiDonato or Patricia Petibon. I missed some part from Tosca, perhaps one of Hans Sachs's monologues or the Holländer monologue. FCG Choir and Orchestra were at the highest level.
Terfel proved to be an artist endowed with
great vocal ability and, above all, an enormous interpretative capacity to
which a charismatic figure associates.
Text
by camo_opera and wagner_fanatic.
Vi o mesmo concerto e de facto não me entusiasmou.O maestro parecia que andava a procura de qualquer coisa??!!A orquestra enfim, quando necessita de tocar este tipo de reportório tem sempre dificuldades,não é uníssono, parece que toca um para o seu lado.A entrada e saída de músicos sempre me irritou, parece um frenesim.O Bryn Terfel assegurou, com alguma qualidade vocal, e teatral,mas não foi de louvar a sua prestação.A prestação foi deveras fraca, podia ter cantado outro tipo de reportório, mais Wagner!
ResponderEliminarTambém assisti ao espectáculo e no geral concordo com a crítica publicada. Uma excelente performance. Quer do coro,orquestra e do barítono galês, de quem gosto muito. Concordo, no entanto, que faltou aquela certa emoção que faz com que não nos esqueçamos durante muito tempo daquilo que vivemos. Foi, contudo, um excelente espectáculo!
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